sábado, 30 de maio de 2009

Fundación Sancho el Sabio, aberta ao mundo a partir da sua nova casa, em Betoño


O mais importante centro de documentação sobre a cultura basca, a Antso Jakituna Fundazioa / Fundación Sancho el Sabio, encontra-se desde quinta-feira dentro de uma caixa de vidro. A nova sede da instituição foi inaugurada, tendo assim entrado numa nova etapa, cujo objectivo principal é a abertura ao grande público. Os fundos bibliográficos e documentais bascos encontram-se agora ainda mais acessíveis, num edifício ideado para aproveitar todo o potencial dos mais de 7000 metros de arquivos da fundação.

Ao iniciar uma investigação em que seja necessário consultar algum fundo bibliográfico ou documental da cultura basca, a primeira paragem é obrigatória: a Fundación Sancho el Sabio. Mas o interessado não deve fazer confusão. Se se dirigir ao Palácio Elvira Zulueta, em La Senda de Gasteiz, encontrá-lo-á vazio. Desde quinta-feira, todos os seus fundos estão disponíveis em Betoño, na moderna sede da fundação. Não se trata apenas de uma mudança de instalações. Tal como explica a directora técnica do Sancho el Sabio, Carmen Gómez, este centro marca uma nova etapa no percurso da fundação.

A nova sede da fundação, dependente da Obra Social da Caja Vital, enquadra-se num projecto que pretende transformar um terreno em Betoño, nos arredores de Gasteiz, numa ilha cultural. Nesse espaço, situava-se um antigo convento das Carmelitas e o edifício de Sancho el Sabio foi construído no local onde as religiosas tinham o cemitério. Em frente a ele, o antigo convento será a sede do centro cultural Krea. A transferência deste centro de expressão contemporânea estava assente, mas o Sancho el Sabio só se juntou posteriormente. A questão é que as antigas instalações do Palácio Zulueta pertenciam à Câmara de Gasteiz, e esta, nas mãos de Alfonso Alonso, decidiu que o queria recuperar, inicialmente para um Palácio da Música projectado por Juan Navarro Baldeweg, que acabou por não ir avante.

O inconveniente transformou-se numa oportunidade e fez crescer o projecto com a própria mudança, já que se pretende estabelecer um diálogo entre centros tão distintos na sua natureza como a documentação e a criação. O trabalho arquitectónico foi da responsabilidade de Roberto Ercilla e Miguel Ángel Campo. No caso do edifício que foi inaugurado na quinta-feira, tomaram como ponto de partida um pequeno claustro neogótico. Sobre ele, ergueram uma caixa diáfana, que rodeia o antigo edifício. Esta estrutura permite iluminar todo o centro da fundação, inclusive a cave, pois vai para lá do nível do solo. Os responsáveis do centro fazem uma dupla leitura. “Durante o dia, o edifício em vidro reflecte a paisagem, insinuando levemente a presença de um outro corpo no seu interior; à noite, e graças à iluminação artificial, o protagonista passa a ser o antigo edifício, claramente exposto dentro da caixa de vidro”.

Dentro do edifício
O aceso principal faz-se através do antigo claustro, convertido agora num grande átrio e numa zona de exposições. Será também o local onde se dará a informação ao público, onde terão lugar as reuniões e onde ficam os gabinetes. Bem resguardado, debaixo da terra, existe um outro piso. Metade deste espaço está reservada à jóia da fundação, aos documentos que dão sentido ao edifício. Mas neste piso subterrâneo fica a zona de consulta e de trabalho, reprografia, restauro, digitalização; ou seja, todos os instrumentos necessários para que os investigadores retirem benefícios do material.

Trata-se de um edifício pensado e projectado para acolher a fundação, o que leva à existência de um design prático. E isto mesmo é realçado pela directora, Carmen Gómez. “Zulueta era um sítio encantador, mas não foi feito para a fundação, o que gerava inconvenientes. Havia muitos andares, passava-se a vida a subir e a descer”. Agora, tudo gira em volta de um piso, o que traz benefícios tanto para os que trabalham na fundação como para os que ali se dirigem para fazer consultas. Além disso, a capacidade dos depósitos duplicou, podendo agora albergar os 7000 metros de arquivo da fundação.

Nova fase
O significado da transferência ultrapassa a simples mudança de localização, uma vez que se trata do início de uma nova etapa. Aproveitando o potencial das novas instalações, a ideia é abrir a fundação à sociedade. Mantendo o seu espírito “de investigação e de recompilação de fundos documentais bascos”, reforçaram a parte das actividades orientadas para um público mais vasto. Como primeira iniciativa, a partir de Junho haverá visitas guiadas.
Outra das vias pelas quais a fundação se abre ao exterior consiste na futura relação com o Krea, que deve abrir em meados de 2010. A ideia de criar uma ilha cultural nos arredores da cidade com a intenção de reabilitar a zona possui, segundo Carmen Gómez, antecedentes noutras cidades europeias. “Que há de melhor para reabilitar uma zona que um projecto cultural?”, lança. São dois centros completamente opostos, um destinado à criação no domínio cultural e outro à documentação. “Somos a investigação e a criação, dois pólos opostos que, por essa mesma razão se atraem”. Esperam que da relação entre ambos nasçam novas ideias e projectos.

Mudança complicada
É fácil imaginar que a transferência de sete quilómetros de arquivos não seja uma tarefa fácil. Tal como explica a sua directora, todo o processo estava organizado há já um ano. E os arquivos foram bem acondicionados em depósitos com um tratamento especial de climatização e ventilação de alto rendimento. Serão mantidos a 50% de humidade e entre 18ºC e 20ºC, e haverá também um espaço com um microclima especial para materiais ópticos e fotográficos.

A mudança terminou “sem incidentes”. Dá para ver a experiência acumulada das três mudanças realizadas desde a sua criação, em 1964. “Cada mudança abriu novas possibilidades dentro da fundação”. Nasceu para recompilar, ordenar, conservar e difundir documentação referente à cultura basca contemplando o âmbito de Euskal Herria, facto de grande relevância em pleno franquismo. Em 1991, mudou-se para aquele edifício com encanto que é o Palácio Zulueta, situado na Senda, e deu início ao processo de digitalização dos seus fundos. Agora, moderniza-se e abre-se ao mundo. Gómez salienta o potencial da nova sede e, em relação à “ligação especial” que tinham a Zulueta, reconhece que as saudades não vão ser tão grandes porque se mudaram para um edifício “completamente diferente, que é muito moderno, mas também acolhedor”. Se alguém o quiser comprovar, a Sancho el Sabio está espera em Betoño, com as portas mais abertas que nunca.

Itziar AMESTOY

A gramática basca mais antiga, como “atracção”
Coincidindo com a inauguração de quinta-feira, a Fundación Sancho el Sábio apresentou a gramática basca mais antiga que se conhece até hoje. Foi leiloada recentemente na Sotheby’s e, de acordo com a directora da Fundación, Carmen Gómez, encontra-se agora no moderno edifício de Betoño por uma “questão de sorte”. Consta de seis tomos, que constituem um “unicum bibliográfico” escrito pelo religioso Pierre d’Urte, de Lapurdi, em 1715. Tinha estado escondida até agora na biblioteca de Shirburn Castle, mas agora pode ser consultada.

O edifício também acolhe numerosos fundos bibliográficos conseguidos graças a aquisições e doações, formando um dos conjuntos documentais bascos mais ricos e completos, com dezenas de milhares de manuscritos que vão do século XV até às mais recentes novidades editoriais. Também conta com uma hemeroteca com revistas emblemáticas da cultura basca. Há ainda uma secção com sete arquivos privados, criada para conservar e mostrar arquivos histórico-familiares de difícil acesso. Sancho el Sabio conta ainda com valiosos mapas, cartazes, folhetos, calendários, programas políticos e dossiers de grande interesse para os investigadores. GARA

Fonte: Gara

Otegi: «A esquerda ‘abertzale’ está preparada para enfrentar um novo processo de negociação»


Arnaldo Otegi sublinhou na sexta-feira em Loiola a disposição e o compromisso da esquerda abertzale para enfrentar um novo processo de negociação política.

Arnaldo Otegi participou como convidado, junto a Eugenio Etxebeste Antxon, numa conferência que a Iniciativa Internacionalista-La Solidaridad entre los Pueblos (II-SP) levou a cabo em frente à basílica de Loiola, em Azpeitia, e na qual a lista de esquerda salientou a necessidade de se abrirem “as portas ao diálogo” como solução para o conflito político.

Otegi recordou que nas conversações que tiveram lugar há dois anos neste mesmo lugar “as portas do diálogo estiveram abertas”.
“Aqui, tivemos oportunidade de falar de tudo, de juntar as diferentes sensibilidades políticas e tradições existentes no país e fomos capazes de avançar”, realçou, para acrescentar que, “embora não tenhamos chegado a um resultado final, é importante assinalar que fomos capazes de avançar e de construir espaços de diálogo e de negociação que devem ser recuperados”.

“A esquerda abertzale quer dizer hoje aqui de maneira oficial e solene que este país não tem outra alternativa senão a da negociação e do diálogo, e que assume esse compromisso, que está preparada para que esse processo vá por diante e para jogar a segunda parte dessa partida que não ficou concluída no processo de diálogo e de negociação anterior”, com o fim de alcançar um “acordo que viabilize uma situação de paz justa neste país”, no qual todos os projectos políticos “não só sejam possíveis e se possam defender como também sejam concretizáveis em termos políticos”.

O porta-voz independentista realçou, nesse sentido, que no próximo dia 7 de Junho haverá uma oportunidade para dar “um empurrão” a esse processo votando na Iniciativa Internacionalista, que, em seu entender, “foi capaz de fazer o que muitos partidos políticos neste país não fizeram nos últimos anos, que é comprometer-se a fundo na abertura de um processo de diálogo e de paz em Euskal Herria”.

«Será bom para todos»
Por seu lado, a número dois da candidatura, Doris Benegas, fez referência ao simbolismo de Loiola como lugar de diálogo e pediu que “se abram de novo as portas” do santuário ao diálogo político, porque “será bom para todos os povos do Estado” e também para “o avanço e o aprofundamento da democracia” no Estado espanhol.

Benegas recordou que a Iniciativa Internacionalista é formada por gentes das Canárias, Astúrias, Galiza, Países Catalães, Castela, Andaluzia e outros povos do Estado, e realçou que em todos esses lugares “a luta de Euskal Herria pelo reconhecimento dos seus direitos é um exemplo, e continua a sê-lo”, como no caso da greve geral do passado dia 21. A advogada agradeceu à esquerda abertzale por ter pedido o voto para a sua candidatura e garantiu que utilizarão os apoios conseguidos para “chegar até onde for preciso” para denunciar a “situação antidemocrática” que Euskal Herria vive.

Em Nafarroa, alertam para uma ofensiva fascista depois do ataque ocorrido em Arrosadia


Desconhecidos partiram o carro da mãe de um dos jovens incluídos na “lista negra”, depois de a família ter sofrido ameaças de morte nuns folhetos em que apareciam as expressões “Arriba España. Hijos de puta”.

Os moradores do bairro iruindarra de Arrosadia responderam na sexta-feira com uma concentração à campanha de intimidações e ataques empreendida em Iruñea [Pamplona] por “supostos descontrolados”, e dirigida muito concretamente contra bares abertzales e pessoas incluídas na “lista negra”. A última das sabotagens, e a mais grave nesse bairro, diz respeito aos estragos provocados no carro da militante da associação Ahaztuak 1936-1977 Santi Santaquiteria, cujo filho faz parte da lista. Santaquiteria é porta-voz das famílias dos jovens incluídos nesse documento.

O carro foi atacado na madrugada de terça-feira por desconhecidos, que forçaram a fechadura, entraram no interior do veículo, riscaram a carroçaria e furaram três pneus. A ocorrência foi denunciada à Polícia Foral.

As intimidações começaram no dia 12, quando apareceram no bar Alboka dois folhetos com o texto: “Arriba España. Hijos de puta. Santaquiteria, los que te quedan son una cuenta atrás”. Nove dias depois, partiram a montra do bar com uma pedra. “Quando li o folheto, reagi com espanto. O meu filho tem o mesmo apelido que eu e pensei que se estavam a referir a ele. Depois de terem atacado o meu carro, sinto que sou eu o alvo, tenho medo, mas controlado. Não vou mudar”, afirma Santi Santaquiteria.

Os moradores do bairro referem que não é um acontecimento isolado, já que nos últimos dias ocorreram incidentes semelhantes em Sakana, Baztan, Irurita ou Santutxu. Em Iruñerria [Comarca de Pamplona], houve ainda uma outra ameaça, contra Bordat Arrizibita, também incluído na “lista negra”. O seu nome apareceu num alvo pintado (com a expressão “Arriba España”) na persiana do bar abertzale Ezpala, em Iturrama.


A estas agressões e ameaças há que juntar os dois ataques com explosivos em Tutera e Arguedas. Em Março, um explosivo de fabrico caseiro foi colocado à porta da herriko taberna de Tutera. Por sorte, não chegou a explodir. Um artefacto semelhante explodiu em Abril no gaztetxe de Arguedas, o Zisko Bardenero. O local foi assaltado e os agressores realizaram inscrições no interior.

Aritz INTXUSTA

«Silencio clamoroso» perante a agressão a Lander Fernández
A esquerda abertzale, num comunicado, criticou com veemência o “silêncio clamoroso” das instituições perante o sequestro e as agressões a Lander Fernández, e realça o mutismo do autarca de Bilbau, Iñaki Azkuna, e do edil Txema Oleaga, que “não demoram um minuto a aparecer em frente aos órgãos de comunicação de cada vez que há uma parede chamuscada”.

No mesmo comunicado, a esquerda abertzale afirma que “o seu silêncio é um sinal de total apoio a actuações próprias de regimes como o de Franco ou de Pinochet”.
O texto sustenta que, depois de o PP e o PSE “terem conquistado Ajuria Enea – e da forma que o fizeram –, a guerra suja foi reactivada” e avisa que “não hesitará em responsabilizar o PSOE pelo que possa suceder a este jovem”.

Notícia completa: Gara

Ver também: nafarroan.com

Larrinaga e Larrarte, absolvidos; Epelde, em liberdade


Larrinaga e Larrarte absolvidos no processo em que eram acusados de «injúrias»

Julen Larrinaga, membro do Movimento pró-Amnistia, e Aiert Larrarte, advogado e membro do Torturaren Aurkako Taldea (TAT), foram absolvidos por um tribunal de Bilbau do delito de “injúrias” às Forças de Segurança, de que tinham sido acusados na sequência de uma conferência de imprensa em que deram a conhecer a denúncia de tortura feita por Ibon Meñika. Este tinha sido detido pela Guarda Civil e permanecido sob incomunicação durante quatro dias, em Abril de 2006. A Procuradoria pediu a condenação de ambos e uma indemnização próxima dos 7000 euros.

Em relação à denúncia realizada por Ibon Meñika, o tribunal, baseando-se num relatório pericial, não lhe atribui credibilidade e afirma que o denunciante deve provar a acusação que fez (não sendo no entanto isso que estava aqui a ser julgado).

Notícia completa: Gara

Auto: Larrarte eta Larrinaga

Aiora Epelde, em liberdade depois de condenada no caso «Jarrai-Haika-Segi»

A jovem donostiarra foi detida e encarcerada três vezes durante os últimos anos. Na sequência da sentença proferida no caso «Jarrai-Haika-Segi», foi condenada a seis anos de prisão.

Epelde foi detida a 6 de Março de 2001 no âmbito da operação contra a Haika. Foi posta em liberdade alguns meses depois. No entanto, em 2003 foi novamente detida, sob acusação de ligação à Euskadi Ta Askatasuna. Foi absolvida neste affaire, mas voltou a ser presa, pela Ertzaintza, em Fevereiro de 2007, no frontão da Esperanza, em Bilbau. Tinha de cumprir a pena de seis anos que o Supremo Tribunal espanhol tinha ditado no caso «Jarrai-Haika-Segi».
Nos últimos anos, esteve em prisões como Soto, Alcalá ou Curtis. Para ontem estava prevista uma primeira cerimónia de boas-vindas no bairro donostiarra de Loiola.

Fonte: askatu.org

Repressão


Iker Esparza encarcerado em Boys D’Arcy

O habitante da Txantrea (Iruñea) foi detido em Paris e acusado de ligação à ETA. Depois de vários dias sob incomunicação, foi presente à juíza Le Vert e encarcerado em Boys D’Arcy.
O Movimento pró-Amnistia emitiu uma nota em que fez questão de criticar, uma vez mais, as tentativas de manipulação e intoxicação fabricadas nos gabinetes do Ministério do Interior e que são reproduzidas por alguma imprensa espanhola [e não só].

O movimento anti-repressivo afirma não ser seu propósito “responder a cada uma das mentiras de Rubalcaba”, mas tem a a clara noção de que todas elas “possuem um claro objectivo político”. E que o dito ministro “se está a tornar num verdadeiro especialista na propaganda de guerra”. O MPA conclui a nota referindo que “a repressão não vai ocultar o problema político existente em Euskal Herria” e que “é necessário que as raízes desse problema se enfrentem quanto antes”.

Fonte: askatu.org

Denunciam a presença «asfixiante» das FSE em Oarsoaldea

O Movimento pró-Amnistia afirmou que nas últimas semanas a presença da Guarda Civil e da Polícia espanhola na comarca de Oarsoaldea (Gipuzkoa) tem sido “enorme” e “asfixiante”.
De acordo com o MPA, os controlos instalados pelas FSE nestes últimos dias são numerosos, tendo chegado inclusive a cortar a auto-estrada A-8 (ontem, de manhã e à tarde) em vários pontos, como nas portagens de Irun e Oiartzun.
O Movimento pró-Amnistia exigiu que “as forças armadas que pretendem fazer a guerra e deter, torturar e atemorizar os cidadãos” saiam de Euskal Herria.

Fonte: Gara

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Berri Txarrak – «Libre»


Beitu, zenbatu, gehitu / ondokoak baino mugikor txikiago bat / ondokoak baino titi handiagoak / ondokoak baino kotxe azkarrago bat / ondokoak baino modelo berriago bat / ezin esan, ezin egin / ezin pentsa, ezin senti / dena da hemen debekugai / Aske zarete, libre © zuen kaiola erraldoietan / dena eros daiteke / zuen kaiola erraldoietan / hala ere kexu zara / zure kaiola erraldoi horretan / katez alda dezakezue / zuen kaiola erraldoietan / Beitu, zenbatu, gehitu / ondokoak baino mozkor luzeago bat / atzokoa baino saio kutreago bat / atzokoa baino kantu errezago bat / ondokoak baino gerri argalagoa / ezin esan, ezin egin / ezin pentsa, ezin senti / dena da hemen debekugai / Aske zarete, libre © / zuen kaiola erraldoietan… / Beitu, zenbatu, gehitu... / Mundua obratan dago baina guk ez dugu ezer apurtu / eta euria ari du, baina guk ez dakigu nork / eta haizea haserre dago, baina ez dakigu norekin / eta itsasoa? / itsasoa ere haserre dago / eta izen pare bat okurritzen zaizkit / baina isildu egingo naiz demokraziaren izenean / Aske zarete, libre ©...

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Mira, cuenta, suma / un móvil más pequeño que los de tu alrededor / unas tetas más grandes que las de tu alrededor / un coche más rápido que los de tu alrededor / un modelo más moderno que los de tu alrededor / no digas, no hagas / no pienses, no sientas / todo es prohibible aquí /
Sois libres © en vuestras jaulas gigantes / podéis comprar todo en vuestras jaulas gigantes / a pesar de todo os quejáis / podéis cambiar de canal en vuestras jaulas gigantes /
Mira, cuenta, suma / una borrachera más larga que los de tu alrededor / un programa más cutre que el de ayer / una canción más fácil que la de ayer / una cintura más estrecha que las de tu alrededor / no digas, no hagas / no pienses, no sientas / todo es prohibible aquí /
Sois libres © en vuestras jaulas gigantes... / El mundo está en obras / pero nosotros no hemos roto nada / y está lloviendo, pero no sabemos quién / y el viento está enfadado, pero no sabemos con quién / ¿y el mar? / el mar también está enfadado / y me vienen a la cabeza un par de nombres / pero me los callaré en nombre de la democracia / Sois libres © en vuestras jaulas gigantes...

http://www.berritxarrak.net/?atala=diskografia&aukera=letra&id=52

Uma lição de solidariedade

A grande maioria das pessoas procura apoio e compreensão no seu ambiente mais próximo. É ali que nos sentimos mais protegidos, onde acreditamos que as mentiras e infâmias que possam dizer de nós não passam, porque confiamos que à nossa volta há-de prevalecer a confiança que demonstrámos. Costumamos pensar que, pelo facto de conviver e trabalhar lado a lado, acabam por nos conhecer e dar valor, de alguma forma, à honestidade com que agimos e à nossa firme vontade de solucionar os problemas. E por tudo isso costumamos esperar que, quando as injustiças rebentam sobre as nossas cabeças, sejam eles, os que vivem perto de nós, a darem-nos um guarda-chuva e ou uma palavra de alento.

Mas como somos ingénuos! Tiveram que vir pessoas como Doris Benegas, o poeta galego Xosé Luís Méndez Ferrín ou a bisbilhoteira Valentina de «Cuéntame», Alicia Pérez, dar a este país uma verdadeira lição de solidariedade entre os povos, como bem reza o nome da candidatura que representam.

Pelo facto de serem fiéis aos seus princípios de esquerda e não se dobrarem e deixarem domesticar pelo bulício mediático criado à sua volta, a II-SP sentiu na sua própria pele a escassa margem legal que o Estado espanhol concede aos cidadãos bascos. Neste momento, os seus impulsores sofrerão o desprezo e o desdém dos seus vizinhos de Vallecas, Sevilha ou Múrcia, hipnotizados pelo trabalho dos jornalistas de guerra. Contudo, nem um processo de ilegalização nem o facto de a opinião pública os tachar de “terroristas” os fez renunciar ao seu propósito de serem a voz dos sem voz.

Só este exemplo de solidariedade é já merecedor de voto. Sobretudo por parte daqueles que, por estarem proscritos, não têm alternativa, mas, por que não, também de todos aqueles que estão fartos de que em cada processo eleitoral primem os interesses partidários, atirando para a valeta os interesses do país e de um sector importante do mesmo.

Oihana LLORENTE

Fonte: Gara
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Vídeo do comício da II-SP em Barakaldo (Bizkaia), no dia 27, da herrikolore.org, via kaosenlared.net

Ver também: Entrevista a Julen Aginako, representante da esquerda abertzale, em kaosenlared.net, na sequência do comício da II-SP em Barakaldo.

Processo 18/98: os imputados fazem uma avaliação da sentença do Supremo Tribunal


Processados no sumário 18/98 consideram que, depois da sentença do Supremo Tribunal, ficou claro que “toda a rede judicial e política montada durante esta década” tinha como objectivo “condicionar Euskal Herria como povo”, pelo que fizeram um apelo para fazer frente a essa situação e erguer “um muro que detenha esta dinâmica criminosa do Estado e transforme esta situação de imposição em mais democracia e mais justiça”.

Alguns dos processados no sumário 18/98 – Oiakue Azpiri, Marta Pérez, Mario Zubiaga, Iñaki O’Shea, Natale Landa – compareceram hoje com representantes do Movimento pró-Amnistia e cidadãos imputados noutras causas abertas na Audiência Nacional espanhola – Egunkaria, Udalbiltza, Jarrai-Haika-Segi, sumário 35/02 –, para fazer uma avaliação da sentença do Supremo Tribunal.

Em nome de todos eles, Oiakue Azpiri e Jagoba Terrones criticaram o facto de a resolução “cair numa narração de acontecimentos, de debates, que não têm nada a ver com a realidade histórica deste país” e que são vistos “à distância e com base no mais absoluto desconhecimento da nossa actividade política e da percepção social de Euskal Herria”.

Na sua opinião, ao longo deste processo, que durou uma década, foram violados os seus direitos fundamentais, mas também os direitos de opinião, a liberdade de reunião e associação e a pluralidade ideológica, entre outros.

Salientaram também que “a primeira vítima” deste processo foi “a verdade”, já que se “procedeu à manipulação da realidade e da história” com o fim de “ocultar atrás de uma farsa e de uma mentira a existência de um conflito de indubitável cariz político”.

“Esta é o caminho em que o Estado espanhol apostou na última década, independentemente de quem ocupasse o cargo de director, e contou com os tribunais da injustiça para estabelecer como doutrina esta estratégia política de agressão aos movimentos políticos, à dissidência social, ao sentir alternativo de um povo”, sublinharam.

Atentado contra a pluralidade ideológica
[…] Abordam o encerramento do diário Egin e da Egin Irratia, que entendem como um atentado ao sentido de pluralidade ideológica e ao conceito de liberdade de expressão, e realçam a arbitrariedade, o autoritarismo e a repressão subjacentes, em que se antepôs a vingança política ao sentido de justiça.

Travar “esta dinâmica criminosa”
[…] Lembraram o sofrimento que o processo implicou para os directamente implicados e para os seus familiares e fizeram um apelo à sociedade no sentido de procurar formas de travar esta dinâmica criminosa do Estado espanhol, seguida cada vez mais de perto pelo Estado francês, e erguer a voz contra os sucessivos processos de ilegalização, julgamentos-farsa, e toda a rede judicial e política apostada em condicionar a existência de Euskal Herria como povo.

Notícia completa: Gara

Ver também: «A doutrina sobre ‘terrorismo’ que o Supremo tenta vender não é homologável na Europa», de Iñaki Iriondo, em Gara

“O Supremo Tribunal tenta fazer ver na sentença do 18/98 que a sua doutrina expansiva do delito de terrorismo é homologável na Europa, quando os textos a que recorre de nenhuma forma o atestam, de acordo com fontes jurídicas.”

Sequestram e espancam um ex-preso depois de se recusar a “colaborar” com as FSE

O ex-preso político Lander Fernández precisou de receber assistência médica depois de quatro pessoas sem uniforme oficial mas que se identificaram como ertzainas o terem espancado severamente no bairro bilbaíno de Santutxu. Na semana passada, sequestraram-no durante meia hora, tendo-o ameaçado e pedido que colaborasse com as Forças de Segurança do Estado.

Quatro pessoas que se identificaram como agentes da Ertzaintza abordaram na quarta-feira, a terceira vez em nove dias, o ex-preso político biscainho Lander Fernández, solicitando-lhe que colaborasse com as FSE e, quando confrontados com a recusa de Lander, espancaram-no de tal forma que o fizeram ir parar ao hospital com diversas lesões – que o relatório médico descreve com pormenor. Foi também apresentada uma queixa no Tribunal, tal como o Movimento pró-Amnistia adiantou ao Gara.

Tudo isto começou no passado dia 19 de Maio, quando, pelas 11h30, Fernández foi abordado por uma pessoa que se identificou como agente da Ertzaintza, que o obrigou a ir com ele sob ameaça, aparecendo nesse instante uma outra pessoa.

“Sequestrado” meia hora
O ex-preso político afirmou que “o meteram num carro, conduzido por uma terceira pessoa, fizeram percurso de uns cinco minutos e pararam num terreno descampado”. Ali, prossegue a denúncia, os polícias à paisana ameaçaram-no e pediram-lhe que colaborasse com eles. Mantiveram-no sequestrado pelo menos meia hora.

A denúncia prossegue referindo que no dia seguinte, 20 de Maio, por volta das 12h45, quando Lander Fernández saía do instituto em que trabalha, viu duas pessoas, “as mesmas do dia anterior”, que o observavam e seguiam fixamente, mas sem dizer nada. Até ontem.

Ontem, pelas 15h, numa rua do bairro bilbaíno de Santutxu, onde reside o perseguido político, foi abordado pelas mesmas pessoas que o sequestraram e o levaram para um descampado no dia 19. Com estas três ia ainda uma quarta pessoa. Depois de o abordarem e lhe pedirem novamente que colaborasse com as Forças de Segurança, atiraram-no para o chão, entre ameaças e socos, ao mesmo tempo que lhe diziam que estava preso. Uma detenção que não ocorreu, na realidade; o espancamento, sim, foi bem real, como o atesta o relatório médico, que alude a diversos tipos de lesões.

O Movimento pró-Amnistia levará a cabo uma apresentação pública na qual participará o próprio ex-preso político de Bilbau.

Convém recordar que no último ano foram várias as pessoas que denunciaram ter passado por situações semelhante às mãos de diversos corpos das FSE.
Há escassas semanas, por exemplo, dois jovens de Durango voltaram a denunciar em Tribunal o acosso a que são submetidos por polícias à paisana.

Fonte: Gara

Ver também: «‘Estamos perante uma detenção ilegal, um sequestro policial, uma prática típica das ditaduras’, afirmaram em Bilbau», em Gara

preSOS


Solidariedade em Urruña

Haverá um jantar e um concerto, no dia 6 de Junho, na Xaia Ostatua. O dinheiro que se conseguir juntar servirá para ajudar os presos políticos bascos.

Fonte: askatu.org

Aprovada uma moção em defesa dos presos políticos em Abadiño

Com cinco votos a favor – dos quatro vereadores da esquerda abertzale e de um dos Independentes –, quatro abstenções (dos Independentes) e quatro votos contra, dos quatro vereadores do PNV, a proposta seguiu em frente. A Câmara Municipal desta localidade biscainha comprometeu-se assim a seguir de perto a situação de Eneko Zarrabeitia e a colocar a bandeirola a favor dos presos políticos bascos na varanda da sede municipal.

Fonte: askatu.org

Concentração para denunciar o desaparecimento de Jon Anza, no comício da UMP

O Movimento pró-Amnistia já denunciou a colaboração repressiva entre os Estados espanhol e francês, e situou o desaparecimento do militante basco Jon Anza nesse contexto.
No próximo sábado, haverá um comício da UMP em Biarritz, com vista às eleições europeias de 7 de Junho, e o Movimento pró-Amnistia apela ao protesto, por considerar que essa formação partidária tem claras responsabilidades no desaparecimento de Anza. Em especial a ministra Alliot-Marie, que estará presente em Biarritz.
O Movimento pró-Amnistia afirma ser seu propósito pedir-lhe explicações, no sentido de esclarecer onde está o Jon. É da sua responsabilidade. Como tal, pede aos cidadãos que se juntem no próximo sábado na Praça Clemenceau, em Biarritz, pelas 18h.

Fonte: askatu.org

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Processo 18/98: o Supremo reduz as penas e desmonta agora a tese utilizada para fechar o ‘Egin’


O Supremo Tribunal espanhol tornou pública na terça-feira a sentença sobre o recurso contra as penas atribuídas pelo tribunal de excepção espanhol – Audiência Nacional – no processo 18/98, decretando nula a declaração de ilicitude das actividades e a dissolução da Orain SA e das restantes empresas ligadas à edição do diário Egin e da Egin Irratia. Além disso, reduz as penas a todos os imputados, absolvendo nove deles, embora mantendo penas bem duras a alguns, pela sua mera actividade política.

Nota dos ex-trabalhadores do Egin

Penas atribuídas (pelo tribunal de excepção e pelo Supremo Tribunal espanhol)

Notícia completa: Gara

Quanto a Rubalcaba…

O ministro espanhol do Interior veio para a comunicação social tentar neutralizar o impacto de uma sentença que, em diversos pontos, deita abaixo muitas das suas teses, como o que declara nula e sem efeito a ilicitude e dissolução do Egin.

No Congresso, Rubalcaba mostrou a sua satisfação pela sentença do Supremo Tribunal que, em seu entender, veio dar “razão à tese” das FSE de que a ETA constitui uma “rede complexa”. Rubalcaba afirma que a sentença é “sólida” e “bem fundamentada”, mas, mais uma vez, recusa-se a fazer uma avaliação das penas com o argumento de que é uma questão “estritamente jurídica”. E acrescenta que, seja como for, os processados irão cumprir penas “muito altas”.

Sobre o facto de o Supremo espanhol ter deixado sem efeito a declaração de ilicitude das actividades e a dissolução da Orain SA e das restantes empresas ligadas à edição do Egin e da Egin Irratia, o ministro procurou não lhe dar grande importância, afirmando que a decisão, neste ponto, se teria baseado num “vício formal” e entendendo que a acusação poderia ter sido feita “de outra maneira”. Em todo o caso, aplicando o velho dogma jornalístico segundo o qual “a realidade não deve estragar um bom título”, insistiu na ideia de que o Supremo confirma a existência de “uma rede mediática” à volta da ETA.

Notícia completa: Gara


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A injustiça mantém-se

A sentença do sumário 18/98 que o Supremo Tribunal espanhol tornou ontem pública ratifica a absolvição de nove processados e reduz aos restantes as penas atribuídas pela Audiência Nacional. Contudo, a aparência de uma maior ponderação não pode esconder que a sentença mantém a injustiça original de um processo destinado a punir uma determinada militância política.

Um processo que se arrastou durante anos, com um julgamento no qual os processados enfrentaram circunstâncias verdadeiramente duras durante 16 meses e não carente de episódios dramáticos. No qual vários processados passaram um longo período na prisão e acabaram absolvidos. Um processo que conduziu ao encerramento de um órgão de comunicação, o diário Egin, que foi ligado à organização armada precisamente com o propósito de o fechar e, 11 anos depois do seu fechamento, declara-se sem efeito a “ilicitude” da empresa editora. Essa enorme injustiça, esse desprezo pelos direitos fundamentais, prolongou-se até ao último momento, e a prova disso foi a detenção, antes ainda de ser conhecida a sentença, dos acusados que se encontravam em liberdade provisória. Foi usado o argumento do risco de fuga até em pessoas doentes, e alguns deles foram presos mesmo quando, de acordo com a sentença, não deveriam ter permanecido um só dia na prisão. O dano causado a todos eles e a muitos outros cidadãos é simplesmente irreparável.

A sentença do Alto Tribunal espanhol procura atribuir um ar de normalidade ao macroprocesso 18/98 com um resultado que elimina aspectos que até o próprio Tribunal seguramente considerou disparatados. Apesar desse intento de tornar juridicamente mais digerível uma sentença cuja motivação política os seus “emissores” não se preocuparam em dissimular, o processo foi injusto no seu início, continuou a sê-lo ao longo do seu desenvolvimento e continua a sê-lo agora, após a sentença do Supremo Tribunal, que, da mesma forma que a anterior, da Audiência Nacional espanhola, condena cidadãos bascos a fortes penas de prisão pela sua militância política.

Fonte: Gara

Casa cheia no comício de arranque da Iniciativa Internacionalista, em Iruñea

O primeiro comício de campanha da Iniciativa Internacionalista teve casa cheia em Iruñea [Pamplona] e foi um êxito, com um ambiente que superou as expectativas dos seus promotores. Arnaldo Otegi esteve presente como convidado. A Iniciativa defendeu uma saída negociada para o conflito.

Ángeles Maestro afirmou que esta candidatura “é a melhor notícia em décadas para os povos do Estado” porque “nem na II República nem na Guerra Civil houve uma convergência política de organizações de âmbito estatal e organizações da esquerda independentista e soberanista”. Arnaldo Otegi, que esteve presente como convidado, começou por felicitar os seus companheiros de mesa, porque “mostraram muito mais dignidade que muitos partidos políticos deste país”.

Otegi afirmou que o voto na II-SP a 7 de Junho significará “pregar um susto ao Estado” e também “colocar o primeiro tijolo” para “romper o bloqueio, porque isso só nós o podemos fazer”. Reiterou que haverá avanços nesta linha depois do Verão.


A Iniciativa Internacionalista defende uma saída negociada para o conflito
Por outro lado, a II defendeu ontem uma saída pacífica e democrática para o conflito basco. Numa conferência de imprensa destinada a fazer uma avaliação da sentença do Tribunal Constitucional (TC), que legalizou a candidatura de II ao Parlamento Europeu, dirigentes desta formação pediram para serem respeitados da mesma forma que os restantes partidos e que não sejam colocados entraves à apresentação das suas propostas eleitorais.

Depois de agradecer o voto que a esquerda abertzale lhes ofereceu, os representantes da II-SP reiteraram a sua aposta numa solução pacífica em Euskal Herria e o seu desejo de que a questão da violência seja resolvida. Os representantes da II-SP mostraram-se a sua saturação relativamente à questão, constantemente colocada pelos jornalistas, da condenação da violência e salientaram que os métodos que utilizam para a obtenção dos seus fins programáticos são “exclusivamente políticos, como o foram e hão-de continuar a ser”.

“Qualquer outra questão é lançar uma cortina de fumo” para impedir que a II-SP coloque a tónica nas carências democráticas, na corrupção e nos problemas dos trabalhadores, disse a número dois da candidatura, Doris Benegas.

Fonte: kaosenlared.net

Ver também: «A Iniciativa Internacionalista apresenta-se em Iruñea…»

“…como ‘convergência das lutas dos trabalhadores e dos povos’ que permita fazer frente aos poderes do Estado espanhol na Europa.”, em nafarroan.com

A AHT Gelditu! denuncia o processamento do autarca de Aramaio e convoca mais mobilizações


A AHT Gelditu! Elkarlana tornou pública uma nota em que denuncia o processo penal aberto contra o autarca de Aramaio, Asier Agirre, por ter convocado uma consulta popular sobre o TGV.

Agirre está à espera de julgamento e a Procuradoria pede a sua inabilitação sob acusação da prática dos delitos de “prevaricação” e de “desobediência à autoridade judicial”.

Para a plataforma, o seu processamento constitui uma “evidente violação da liberdade de acção política” e persegue “uma finalidade claramente antidemocrática: punir a realização de consultas populares e silenciar as vozes que se opõem a este projecto incrementando a pressão punitiva sobre a oposição social e municipal ao TGV”.

A AHT Gelditu! Criticou o processamento do autarca de Aramaio e exigiu que se devolva às populações afectadas “a plena capacidade de decisão” sobre o TGV e sobre “qualquer outro projecto de infra-estrutura de elevado impacto ecológico e social que vá contra os interesses locais e colectivos”.

Salientaram ainda que as treze consultas populares realizadas até à data em diversas localidades bascas demonstraram que “existe na sociedade basca um amplo desacordo relativamente a este projecto imposto numa total ausência de participação popular nas decisões”.

Mobilizações
Depois da manifestação que percorreu as ruas de Iruñea no dia 9 de Maio, a plataforma convocou novas mobilizações para 13 de Junho em Itsasondo-Ordizia, Bilbau e Arrasate e pediu à sociedade que participe activamente “na luta contra este projecto anti-ecológico e anti-social, porque a paralisação deste despropósito que tem por nome TGV está nas mãos de todas e de todos”.

Fonte: Gara

O Município de Arbizu denuncia pressões e ameaças da Guarda Civil


O autarca de Arbizu, Iosu Miren Mendinueta, afirmou em conferência de imprensa que, se o acosso por parte da instituição armada tem sido uma constante ao longo dos anos, a sua prática “se intensificou” nos últimos meses, e sobretudo aquando da realização das consultas populares sobre o TGV em Arbizu e Lizarragabengoa.

O primeiro edil referiu que o incidente de maior envergadura ocorreu precisamente uma semana antes do referendo, altura em que recebeu uma chamada do Comando da Guarda Civil de Altsasua em que lhe foi exigido que retirasse três faixas contrárias ao TGV que havia na localidade, bem como uma inscrição com o anagrama da ETA. A ordem era clara; se não o fizesse, passariam o caso para as mãos da Audiência Nacional espanhola. O autarca manifestou-lhes a impossibilidade de realizar essa tarefa, uma vez que até à segunda-feira seguinte – telefonaram-lhe num sábado – não haveria ninguém na Câmara Municipal.

Por fim, os agentes da instituição militar procederam à retirada de uma das faixas, enquanto as outras duas foram levadas pelo vento, segundo fez saber o Município. Na segunda-feira, a Guarda Civil enviou um texto para a Câmara no qual exortava as autoridades municipais a procederem à imediata retirada das faixas e da inscrição pintada, de modo a evitar “o prolongamento do ilícito penal”. Asseguraram que já tinham posto Madrid ao corrente do assunto.

A Lei de Partidos
O edil independentista Fran Balda afirmou que o que está “realmente” por trás deste tipo de acções é “a ameaça de dissolução da Câmara, utilizando para isso a Lei de Partidos”, algo que “não vamos permitir”.
De facto, no texto aprovado garante-se que as pressões e as ameaças “não nos vão impedir de continuar a trabalhar com base nos nossos critérios políticos”. Para além disso, avisam os agentes da Guarda Civil que “não são bem-vindos” à localidade.

Asier VELEZ DE MENDIZABAL
Fonte: Gara

Declaração de Interesse Público, de Theo van Boven


O antigo Relator das Nações Unidas contra a Tortura enviou uma Declaração à Coordinadora contra la Tortura, a propósito do início do julgamento 15/02 que terá hoje início, 28 de Maio, na Audiência Nacional espanhola, e que a Coordenadora divulga na íntegra, em inglês e castelhano, pela importância que assume.

Declaração de Interesse Público, de Theo van Boven

Fonte: askatu.org

preSOS


Os presos políticos bascos de Puerto I iniciam um “fechamento” por tempo indefinido

Dois dos militantes bascos aqui reclusos foram postos na solitária depois de se terem recusado a despir-se sem bata. Agora, os presos políticos bascos não saem das suas celas para denunciar a atitude mantida pelos guardas prisionais.

A situação passou-se com Patxi Ruiz e Carlos Trenor, antes de receberem visitas. Tentaram obrigá-los a despir-se sem usar a bata, coisa que recusaram fazer e que encontra amparo legal, tendo em conta que existe um auto judicial e um acordo estabelecido com o estabelecimento prisional que permite aos reclusos não terem de se despir sem a bata. Perante a recusa, foram postos na solitária, o que motivou esta forma de luta, que faz que os presos não saiam das suas celas, por tempo indefinido.

O Movimento pró-Amnistia afirma que a situação que se vive nas prisões se agravou consideravelmente nos últimos meses e que situações deste tipo se têm vindo a tornar quotidianas. O objectivo que perseguem é destruir os presos como pessoas, recorrendo para tal às humilhações e aplicando punições constantes.

Fonte: askatu.org


Elkartasun egunak: actividades em Hernani, Algorta e Arrasate neste fim-de-semana

Da mesma forma que noutras localidades de Euskal Herria, onde já decorreram, neste sábado haverá Elkartasun Egunak [Dias de Solidariedade] em Hernani, Algorta e Arrasate, estando previstas diversas actividades em defesa dos direitos dos presos políticos.
De acordo com algumas agências, a Asociación Dignidad y Justicia solicitou à Audiência Nacional espanhola a proibição destes actos.
Por outro lado, na segunda-feira juntaram-se pelos direitos dos presos 26 pessoas em Astigarraga e 10 em Añorga e na terça mais 120 no Arriaga da capital biscainha.

Fonte: Gara

Ver programas detalhados: askatu.org

Levarão a situação de Piriz ao Município de Portugalete

Aplicaram-lhe a doutrina do Supremo espanhol, o que na prática implica a pena perpétua. Está a decorrer uma recolha de assinaturas na localidade e posteriormente será apresentada uma moção na Câmara.

Entretanto, habitantes de Portugalete juntaram-se para denunciar publicamente a situação que atravessa o seu conterrâneo José Manuel Piriz. Consideram que o Estado espanhol o sequestrou em 1999, pois nesse ano cumpriu três quartos da pena e, em vez de sair, obrigaram-no a cumpri-la na totalidade. Como se isso não bastasse, quando faltavam apenas três dias para sair da prisão, aplicaram-lhe a doutrina do Supremo, prolongando-lhe a pena por mais cinco anos.
Por tudo isso, está a decorrer em Portugalete uma recolha de assinaturas para exigir a libertação de Piriz e o respeito pelos direitos dos prisioneiros políticos bascos. Com as assinaturas, pretende-se também que o Município se posicione a favor da libertação do seu munícipe.

Fonte: askatu.org

terça-feira, 26 de maio de 2009

Viver apesar deles


Nunca me tinha acontecido atribuir uma cor ao silêncio. Em alguns momentos cheguei a pensar que era tão escuro e negro como a solidão que atormenta o pensamento e se aprofunda nesse tempo terrível que começa quando se ouve a porta do calabouço a fechar-se. É o medo de não conhecer o instante seguinte, de se perder numa realidade sem horas, de procurar um fuga imaginária para esquecer que talvez, e sem o saber, se está a dormitar com a tortura. Nesses momentos o silêncio converte-se no túnel do vazio, da incomunicação e esse túnel, onde qualquer horror é possível, é sempre longo e negro.

Ao cabo de uma semana, na prisão, e sem querer aceitar que a legislação espanhola converteu o direito a promover uma plataforma e a concorrer a umas eleições num grave delito de “terrorismo”, descobri neste diário que o silêncio também se veste de branco e de solidariedade e se pode mostrar numa página vazia. Descrever o que senti naquele momento, ao enfrentar a ausência forçada de todas as minhas ideias, num artigo sem palavras, pertence a uma bagagem emocional que cada perseguido político leva consigo e que, do mesmo modo que as minhas companheiras e os meus companheiros presos, jamais poderei esquecer. Hoje só posso dizer obrigada. Obrigada por toda a solidariedade e apoio que dia após dia, de uma ou outra forma, Euskal Herria faz chegar aos mais de 700 presos políticos bascos, encarcerados nos Estados espanhol e francês.

Havia dias em que parecia impossível voltar a sentar-me em frente a um computador e escrever. Pensava que no dia em que me sentisse capaz de o fazer, empregaria as primeiras palavras para dizer que, além de fortaleza ideológica, o Colectivo de Presos Políticos Bascos possui um valor insubstituível, a sua qualidade humana, uma qualidade difícil de encontrar neste individualismo tão exasperante que nos rodeia. Desde que recuperei a liberdade, o meu único pensamento foi o de poder transmitir a todos e, em especial, às companheiras com que partilhei os meus dias de prisão, as palavras que Mikel Garaiondo me escreveu numa curta missiva para me dar coragem: “Ao cruzar as últimas portas e olhar para trás podes ver os mesmos muros mas do outro lado. Enquanto os kides, levá-los-ás sempre no coração. Olhes para onde olhares, levá-los-ás contigo para o resto da tua vida”.

Tenho a noção de que nestas primeiras linhas me dei a uma liberdade muito pouco ortodoxa com as regras jornalísticas do que deve ser um artigo de fundo. Mas não podia deixá-lo entre os ficheiros da minha intimidade. Estou convencida de que os sentimentos e as emoções também fazem parte da prática política. Sem esse património, corremos o perigo de que alguma parte da nossa luta fique por resolver.

É verdade que, neste regresso ao trabalho, o panorama político actual apresenta temas mais importantes que o subjectivismo com que alguém vive as suas próprias experiências. Existem problemas e questões de peso sobre as quais opinar, reflectir e debater para enfrentar o futuro e também o presente: a crise económica, o frentismo constitucionalista, a greve geral, as eleições europeias e a candidatura II-SP...

Contudo, por vezes o calendário detém a sua rotina e também a lógica com que marca o itinerário informativo. Existem factos que se aproximam da nossa sensibilidade e devolvem à actividade e à vida quotidiana o que noutro tempo, além de ser notícia de primeira página, feriu as nossas consciências e ensombrou os discursos hipócritas dos que se esforçam em converter o neofascismo em democracias modernas. Seguindo este pensamento jornalístico e a minha necessidade anímica de falar (por que não dizê-lo?), quis reiniciar a minha nova etapa recordando o julgamento que na próxima quinta-feira, 28 de Maio, se iniciará na Audiência Nacional contra catorze jovens alaveses detidos pela Guarda Civil em 2001, acusados e acusadas de “pertença a organização armada”. Quando o rosto de um dos processados, Unai Romano, arroxeado e deformado brutalmente pelos socos que lhe deram, apareceu na imprensa, impressionou toda a sociedade basca e abriu os olhos para o abismo desse horror incómodo e nunca reconhecido que é a tortura. Aquela imagem pungente foi então e é agora um ultraje aos direitos humanos, ao Estado de direito e aos princípios do sistema democrático e das suas instituições. De alguma forma, o rosto de Unai Romano não só demonstrou a verdade dos testemunhos de tortura realizados pelas suas companheiras e pelos seus companheiros de detenção, mas também a dor e a impunidade que se esconde por trás das mais de sete mil denúncias judiciais apresentadas por pessoas detidas e por presos e presas políticas bascas nos últimos trinta anos.

As jovens e os jovens alaveses, do mesmo modo que centenas de cidadãos de Euskal Herria processados pelos tribunais espanhóis, enfrentarão na quinta-feira um pedido de condenação que supera os seis anos, baseado em declarações arrancadas sob tortura. Uma circunstância grave que, de acordo com a ética política dos direitos humanos e da Constituição, deveria invalidar todos os fólios de qualquer processo onde surja a suspeita de ter havido recurso à tortura. Mas não é assim. A realidade mostra-nos constantemente que, neste país, existe uma pertinaz cegueira e irresponsabilidade política e social para reconhecer que nas instalações policiais estatais ou autonómicas o sistema de garantias dos detidos se reduz a uma teoria mal aprendida e ainda mais mal assumida.

Três anos depois de finalizar a II Guerra Mundial na Europa, a 10 de Dezembro de 1948, os aliados, reunidos na Assembleia Geral das Nações Unidas, criaram a Declaração Universal dos Direitos Humanos, um documento de conteúdo filosófico que garantia a dignidade dos direitos básicos das pessoas e que foi usado para pôr o selo de garantia e credibilidade nas novas estruturas políticas e nos valores democráticos face à barbárie dos fascismos da década de 30. No entanto, esses mesmos países permitiram a continuidade do franquismo e, como a história recente demonstrou, no subsolo das brilhantes democracias europeias os serviços secretos valeram-se de criminosos de guerra nazis, da sua informação e dos seus métodos para combater qualquer ideia ou alternativa que questionasse ou enfrentasse o sistema imperante, que não é outro senão o poder capitalista. A Transição espanhola repetiu o procedimento e o franquismo agachou-se nas actuações de estratos políticos e policiais que ainda perduram, sobretudo no que se refere à repressão dos direitos de Euskal Herria.

Esta explicação não é um testemunho de pessimismo. Trata-se simplesmente de situar a realidade e com ela chegar ao fundo da tragédia que representa a tortura e as consequências que dela derivam para a vida pessoal, o trabalho político, processos, julgamentos, sentenças e condenações que nunca teriam chegado a acontecer se a ética política respeitasse e funcionasse acatando os princípios básicos da democracia e da liberdade. Como afirma Nekane Jurado na sua análise do conflito nacional e social de Euskal Herria, em todas as crises económicas e conflitos, por cima das estruturas políticas e sociais pairam vigilantes as ideias e os valores de que o capitalismo necessita para defender e manter a sua hegemonia. Nesse controlo, o poder judicial e os corpos policiais jogam o papel que lhes compete, aplicando leis injustas e métodos tão “eficazes” para os seus fins como é o da repressão e, na sua face mais negra, a tortura.

Perante tanta impunidade, por vezes o silêncio da sociedade dói e muito. Com a rebeldia mistura-se a tristeza, e o fantasma da impotência aparece para desbaratar a esperança de alcançar o objectivo final. Contudo, mesmo enfrentando obstáculos, ainda devemos ser capazes de desbravar o caminho e seguir. A luta ideológica à volta da nossa identidade como povo e como classe pode ter sido e pode ser custosa, sobretudo no terreno humano, mas também pode ser entusiasmante, se nessa luta formos capazes de extrair da actual conjuntura os elementos necessários para construir e defender alternativas políticas para continuar – melhor antes que depois – no caminho que nos propusemos.

A cruel evidência da tortura, as denúncias, os pronunciamentos e a solidariedade, demonstrada pela maioria da sociedade de Euskal Herria com os processados no julgamento de dia 28, não conseguiram evitar que a Audiência Nacional os julgue, é certo, mas nunca se deve considerar um fracasso. Esse gesto, enquadrado num momento concreto da trajectória de luta deste povo, conseguiu pôr em evidência o carácter ilegítimo do julgamento, a prova mais contundente da razão face à indignidade e à barbárie da tortura.

Sobre a validade desses êxitos que às vezes parecem tão pequenos e para colocar um pouco de ordem entre as ideias e as palavras, gostaria de partilhar uns versos de Mario Benedetti, escritos nos seus primeiros anos de exílio e que sem dúvida expressam e sintetizam com precisão o leitmotiv deste texto: «La consigna es joderles el proyecto / vivir a pesar ellos / al margen de ellos o en medio ellos / convivir revivir sobrevivir vivir / con la paciencia que no tienen los flojos / pero que siempre han tenido los pueblos / qué proeza si arruináramos nuestra ruina y de paso liberáramos nuestra liberación».

Amparo Lasheras
jornalista

Fonte: Gara
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A jornalista e escritora Amparo Lasheras, porta-voz da plataforma eleitoral D3M para as eleições autonómicas de 1 de Março, foi detida em Gasteiz, com mais sete militantes abertzales, na madrugada de 23 de Janeiro. Foram postos em liberdade a 25 de Março, depois de convenientemente tachados de “terroristas”, de a lista que representavam ter sido posta fora de circulação e de as eleições para o Parlamento de Gasteiz terem decorrido de forma tão amanhadamente democrática, bem ao jeito da democracia à espanhola, como nos habituámos a conhecê-la.
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Foi mais uma operação fulgurante e estrondosa do juiZ, e correu mundo. A TSF, por exemplo, mencionou as detenções e o nome de Amparo e da plataforma a que dava voz logo na manhã de 23 de Janeiro - http://tsf.sapo.pt/PaginaInicial/Internacional/Interior.aspx?content_id=1076026. Pela nossa parte, jo ta ke, sem descanso!
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Mesmo sem a conhecermos pessoalmente, ganhámos-lhe estima e respeito através da sua colaboração nas páginas do Gara e dos seus comentários na Info7 Irratia. É um prazer e uma honra tê-la de volta a este convívio.
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Nota: não é nosso hábito apresentar artigos de fundo em dias sucessivos, mas a situação justifica-o. Não é só por se tratar de um pequeno ongietorri da ASEH à escrita de Amparo Lasheras (e à autora, naturalmente); é também pelo Unai, pelos outros torturados, pelos catorze processados.

Entrevista a Unai Romano na Info7 Irratia



A propósito do início do julgamento contra 14 pessoas por suposta colaboração com organização armada, que terá início no tribunal de excepção espanhol – Audiência Nacional – no dia 28 de Maio (Ver: Os imputados no sumário 15/02 vão ser julgados no próximo dia 28), e da denúncia de tortura interposta por Unai no Tribunal de Estrasburgo.

Profissionais de diversos meios de comunicação manifestam o seu apoio à Apurtu.org

Profissionais da comunicação de diferentes órgãos compareceram ontem em Iruñea para repudiar “a campanha de criminalização” levada a cabo pelo Abc contra a página de Internet Apurtu.org, que deixou de funcionar depois de sofrer um ataque informático. Afirmaram que o periódico referido “pretendeu silenciar aqueles que não partilham as suas opiniões”.

Jornalistas que trabalham em diferentes meios de comunicação bascos estiveram ontem presentes em Iruñea para manifestar a sua solidariedade aos companheiros da Apurtu.org, bem como o seu repúdio perante “a campanha de criminalização” levada a cabo pelo diário Abc contra o canal que esta página pôs a funcionar, Apurtu Telebista, e que ficou sem emitir há cerca de um mês, na sequência de um ataque informático.

Profissionais do Gara, Berria – o seu director, Martxelo Otamendi, esteve na conferência de imprensa –, Diario de Noticias, Nabarreria, Nafarroan.com e Gaztesarea manifestaram publicamente a sua adesão ao manifesto «Contra la criminalización, por la libertad de expresión y el derecho a recibir información», ao mesmo tempo que criticaram a atitude do Abc por “tentar silenciar as vozes que não estão de acordo com a sua linha editorial”.

Os signatários destacaram que, “para lá das diferenças ideológicas que possam existir entre nós, consideramos a liberdade de expressão um direito fundamental, e por isso cremos que não se deveria silenciar ninguém pela sua dissidência política ou por motivos ideológicos”. Para além disso, defenderam com a mesma ênfase o direito à informação, uma vez que, em seu entender, “em pleno século XXI não é admissível que nos digam o tipo de informação a que podemos ter acesso ou não”. “O objectivo destes linchamentos mediáticos não é outro senão o de procurar esconder à sociedade certos tipos de realidades”, afirmaram.

Por tudo isso, exigiram “respeito” para todos os meios de comunicação e encorajaram os trabalhadores da Apurtu.org a “seguir em frente com o seu trabalho, informando a partir de outro ponto de vista, sobre esta sociedade plural e ideologicamente variada”.



Acção de guerra suja
Após a leitura do manifesto [que pode ser visto em baixo, via Kaos], tomou a palavra o trabalhador da Apurtu.org Miguel Ángel Llamas, que, depois de agradecer os apoios recebidos, salientou que o ataque sofrido por esta página digital é “mais um na longa lista de atropelos que a liberdade de expressão e de informação sofre em Euskal Herria”, e recordou nesse sentido que a página de Internet kaosenlared também foi alvo de um ataque similar recentemente.

Llamas afirmou que a campanha de criminalização do Abc contra a Apurtu e o ataque posteriormente sofrido são “um verdadeira acção de guerra suja contra a liberdade de expressão”, e considerou “escandaloso o facto de alguns procurarem impor onde, quando e como a população deve ser informada, proibindo e atacando os órgãos que não são do seu agrado”.

“Temos consciência de que hoje em dia, na democracia à espanhola em que vivemos, apresentar informação sobre a repressão que Euskal Herria sofre é um grave delito”, concluiu o trabalhador da Apurtu.org.

Asier VELEZ DE MENDIZABAL

A Apurtu Telebista voltará a estar on-line esta semana
No final da conferência de imprensa, o profissional da página de Internet, Miguel Ángel Llamas, fez saber que a Apurtu.org, com o seu canal Apurtu Telebista, voltará a estar em funcionamento esta semana. Este anúncio foi feito um mes depois de um ataque informático ter paralisado a página.
Um dia antes, o jornal Abc publicava um artigo em que qualificava o canal como “a televisão da ETA”. Acusava-o de “enaltecer” a organização, bem como de “dar ânimo” aos seus militantes presos.
Depois de ficar a saber do encerramento da página, no dia 25 de Abril, o diário espanhol afirmou que tinham sido os seus próprios responsáveis a bloquearem a página “para evitar a acção da justiça”. A.V.M.

Fonte: Gara

Manifesto: kaosenlared.net

Comentário político na Info7 Irratia


Iñaki Altuna na info7 Irratia

Iñaki Altuna aborda questões como:
- as declarações de dois porta-vozes da ETA na recente entrevista saída no diário Gara
- o desaparecimento do militante abertzale Jon Anza e a possibilidade de um desenlace fatal para a situação
- a legalização da Iniciativa Internacionalista e a importância desse facto no contexto do Estado espanhol e, sobretudo, no âmbito de Euskal Herria

A autodeterminação, a chave da Euskal Herriaren Alde


A Lituânia tem 3 565 205 habitantes e 12 deputados europeus; o País Basco tem 3 063 660 habitantes. Por essa razão, a plataforma Euskal Herriaren Alde (EHA) reivindica o mesmo número de deputados que a Lituânia para este território. Esta observação foi feita ontem em Pausu (Urruña), perto da ponte que une Lapurdi e Gipuzkoa.

Deste modo, os candidatos Ixabel Etxeberria e Battitt Amestoy salientaram que o País Basco tem direito a “encontrar o lugar que lhe é devido no seio da Europa”. Depois de este território ter sido dividido em três âmbitos administrativos distintos, “hoje, afirmamos que é chegado o momento de podermos decidir o nosso futuro no seio da Europa”, disseram os candidatos da EHA.

Na realidade, a campanha desta lista abertzale centra-se na questão da territorialidade e do direito à autodeterminação. A cabeça de lista, Ixabel Etxeberria, acusou a Europa de hoje de não respeitar os direitos dos povos.

Por outro lado, também se fez sentir uma outra questão premente da actualidade e os candidatos tiveram uma palavra para Jon Anza, o homem de 47 anos que se encontra desaparecido desde o dia 18 de Abril. Acrescentaram que “isso não pode acontecer num Estado democrático” e exigiram medidas rápidas que permitam encontrar esse habitante de Ahetze.

Por último, no decorrer desta apresentação, os dois candidatos lembraram que haverá um comício no próximo domingo em Ezpeleta (Lapurdi). Terá início às 18h no mercado coberto, sendo seguido por um concerto em que participam Gatillazo (antigo intérprete de La Polla), Kuntzulu e Ekintza, dois grupos locais.
G.T.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

O étnico e o racismo


Álvarez-Solís não desiste da distinção entre etnicismo e racismo, nem da reivindicação do “conteúdo vital positivo” do primeiro face ao “conteúdo negativo” do segundo. Contra o racismo metropolitano, de origem anglo-saxónica mas que tem lugar no Estado espanhol “sem a cultura e a inteligência britânicas”, o jornalista argumenta de maneira brilhante e apaixonada a favor de um internacionalismo que tenha em conta as nações reais, não tendo dúvidas em afirmar que, entre elas, Euskal Herria é “uma nação etnicamente indiscutível e viva”.

Numa discussão com bons amigos acerca do direito do povo basco à sua soberania política surge a questão do etnicismo como base radical e identificante da nação, como o seu mais característico significante. Arguo numa primeira aproximação que o etnicismo abarca os perfis mais distintivos do ser nacional, tais como as singularidades físicas, a língua, os elementos culturais que determinam o estilo de vida, as emoções profundas, o modo de enfrentar a existência, os hábitos, as preferências e tradições tecnológicas, a estrutura social, as crenças religiosas e muitas outras expressões vitais que singularizam um povo. A minha atitude de profundo respeito pelo étnico como base da realização humana é energicamente condenada por alguns convivas como uma manifestação racista. Esclareço, portanto, a minha atitude.

Antes de mais, a diferença primeira entre etnicismo e racismo é o conteúdo vital positivo do étnico e o conteúdo negativo do racismo. O etnicismo é um dado antropológico descritivo e o racismo é uma violência política, um posicionamento perverso que concebe a diferença das raças como base de uma ordenação da humanidade. O racismo é discriminatório de um modo categorial, estrutura a sociedade em pirâmide segundo a cor ou as suas misturas pouco apropriadas, de acordo com o critério da raça dominante. Atribui-se à cor uma capacidade diferenciadora que atinge o mais profundo do indivíduo portador. Há que fazer, não obstante, uma distinção entre o racismo antropologicamente puro e o racismo circunstancial de origem económica, que constitui uma derivação muito conjuntural.

Contrariamente ao racismo, o etnicismo é movido pelo puro propósito de considerar cada povo de acordo com os seus componentes sociais e as suas tradições políticas e morais, mas com idêntica dignidade humana perante a existência. Considerar assim os povos equivale a respeitá-los. Parece razoável pensar que o actual estado de confusão e de desassossego em que se encontra o mundo tem origem na retórica da globalização que em as todas suas manifestações, desde as económicas às genuinamente culturais, despojou da sua identidade um sem-número de nações e povos, que se viram destrutivamente penetrados pela cultura dominante, apresentada como paradigma do apogeu humano. Povos dramaticamente órfãos de si mesmos. Falar de transculturalidade ou da multiculturalidade como hoje se entende constitui uma falácia que persegue a destruição das seguranças étnicas, sempre assentes na posse de uma cultura própria. Mais ainda, com a redução à cultura dominante, o poder, potência ou potências que a possuem, persegue o estabelecimento íntimo do imperialismo mediante a fórmula inglesa que, durante o tempo da sua duração, instilou inclusive a prática do racismo metropolitano nas classes socialmente dominantes nos países submetidos à coroa inglesa. A Espanha é um exemplo ultrajante, embora sem a cultura e a inteligência britânicas, desse racismo metropolitano, reduzido aqui, é claro, a uma irrisória qualidade. Realmente a harmonia entre povos etnicamente distintos só se pode conseguir mediante um contacto mútuo da própria personalidade em condições de igualdade e de respeito. Deveríamos considerar esta fórmula de concórdia como uma espécie de universalismo que esteve a pontos de se consolidar no século XVIII europeu. Curiosamente este universalismo foi predicado por teólogos espanhóis do século XVI que perseguiram uma contra-reforma que escapasse também da desumanidade política dos reformistas luteranos, que sustentaram a teoria cruel de uma sociedade verticalista. Estes teólogos espanhóis, dos quais falou com lucidez o Sr. Barcia Trelles, foram marginalizados pela Coroa e em não poucos casos reduzidos ao silêncio, quando não condenados por heresia. Aquele liberalismo ideológico espanhol sofreu o mesmo infortúnio que todos os liberalismos que se iniciaram em Espanha e de cuja nómina no espiritual fala com adversa preocupação a Historia de los heterodoxos españoles, do Sr. Menéndez Pelayo.

Este confuso debate em que tantos simples misturam atropelada ou maliciosamente etnicidade e racismo deveria aprofundar-se em Euskadi, por radicar no esclarecimento do tema nada menos que o remédio para a chamada questão basca, à qual se costuma dar quarenta voltas a partir da formal óptica histórica, entretendo-se com frequência na análise das circunstâncias da história que obviam quase sempre a abordagem em profundidade que o étnico exige no povo euskaldun. A permanência do étnico em Euskadi perde nitidez em não poucas ocasiões por se colocar a tónica decisiva da luta pela liberdade basca em relatos de legalidades e acontecimentos com um valor até certo ponto epidérmico, ainda que na altura estas legalidades e estes acontecimentos possuam uma significação viva no quotidiano. Não nego, esclareço, o valor destes acontecimentos, uma vez que os povos sofrem dolorosamente na sua epiderme os agravos que recebem e que são os que os mobilizam para manter vivo o fogo da sua liberdade, mas seria bom que num plano vigorosamente ideológico se incidisse sobre o papel da etnicidade, que é a invariante que forma a musculatura e o sistema cardiovascular de toda a nação, neste caso da nação euskaldun; essa profundidade que não pode ser desvirtuada pela capacidade legal do seu adversário. Euskal Herria é uma nação etnicamente indiscutível e viva.

A saída do imperialismo, que culminou a fase superior do capitalismo, convertido já numa ditadura despida, há-de propor-se através do fortalecimento das nações como depositárias dos valores e das dimensões que as tornam plenamente existentes e vigorosas. Qualquer outro internacionalismo que não trilhe hoje o caminho das nações etnicamente definíveis está destinado inevitavelmente a ser engolido pelo internacionalismo autocrático. As relações de poder hão-de estabelecer-se agora na curta distância das nações reais, repletas de vigor étnico, se se quiser que a internacional financeira e a sua artilharia de acompanhamento não esmaguem a cidadania trabalhadora, crescentemente proletarizada pelo menos no que diz respeito à liberdade, democracia e possibilidades de criação. No seio desses povos fortalecidos pela sua etnicidade reside a força adequada que possibilita a acção popular com êxito. Saber de si mesmo, utilizar o vigor que daí emana e estabelecer os quadros legais correspondentes equivale a edificar uma sociedade incitante e com pleno sentido de responsabilidade. Há que superar certas retóricas sobre a racionalidade das economias de escala, manipuladas por um internacionalismo opulento e do lucro, que gera a desmedulação étnica de populações sob um poder repleto de alheamento e, portanto, carente de compromisso com os cidadãos. O mundo não pode continuar a ser um repertório de cifras desprovidas de calor vital e de uma racionalidade em cujo contexto os indivíduos não são os verdadeiros valores a conservar. Haverá que recorrer novamente a Joseph Stiglitz, nada suspeito de socialismo real, quando se refere aos poderes grandes e distantes sem humanidade dentro – isto é, surdos ao étnico e ao próximo – e escreve: “É revelador o mero facto de que o Fundo Monetário Internacional se centre nas variáveis financeiras e não nos salários reais, no desemprego, no PIB ou medidas mais amplas de bem-estar». Esta é a questão: etnicamente, a quem pertence o FMI?

Antonio ÁLVAREZ-SOLÍS
jornalista

Fonte: Gara

«Amaiur é um sentimento de um povo que sempre lutou para se defender»


Iñaki SAGREDO, escritor, entrevistado por Itziar AMESTOY

Para Iñaki Sagredo, os castelos falam do reino de Nafarroa. Por isso dedicou uma grande parte do seu trabalho à publicação de obras sobre as fortificações. Amaiur é um dos castelos mais importantes e, com El Castillo de Amaiur a través de la historia de Navarra, mostra que a sua história se prolonga para lá de 1522.

Os trabalhos publicados por Iñaki Sagredo têm os castelos de Nafarroa como elemento central; há até quem tenha dito que se deveria inventar o termo ‘castelólogo’ para o definir, algo que, apesar do exagero, recebe como elogio. Depois da colecção «Navarra, castillos que defendieron el reino», publica agora na Pamiela um livro sobre o Castelo de Amaiur, a última resistência dos navarros. O livro abrange um período que ultrapassa o ano de 1522 e apresenta uma visão ampla sobre o castelo, fruto de uma aturada documentação.

Falar de Amaiur é falar da batalha de 1522; no entanto, o livro abarca um período muito mais amplo.

Até se diz por que razão o famoso caminho que atravessava os Pirinéus ali estava. Também há informação medieval sobre reparações e outros dados interessantes do século XVIII, quando o castelo era um forte e resistiu ao ataque dos franceses. Pensa-se que o castelo terminou em 1522 e existem elementos muito belos que ampliam esta história.

Que novidades traz para a história do Castelo de Amaiur?

No livro, há documentação inédita, além da já existente. Há documentos do século XVI, da época medieval, inclusive dos sécs. XVII e XVIII. O mais interessante são os mapas cartográficos inéditos, do serviço histórico militar de Madrid.

Este material inédito é também interessante para leigos na matéria?

Sim, há até um pequeno desenho do castelo de Amaiur num mapa do século XIX que apresenta toda a zona fronteiriça. Também há outro mapa cartográfico de 1789 que vem da ermida de Santa Barbara e que se desconhecia.

É uma obra definitiva?

Pode ser que haja outra coisa, mas com esta demos um passo importante. Se depois vierem outras obras com novas contribuições, estupendo. O importante é dar a conhecer a história do castelo.

Até que ponto a história de Amaiur é representativa na história de Nafarroa?

É a última tentativa de recuperar a alta navarra e foi um símbolo da independência. No séc. XIX promoveu-se o monumento de Amaiur para recordar essa tentativa de resistência. É a referência actual a esse símbolo que pode conduzir à vida actual. Não é só a história, é o que aquilo que representa. O que o livro tem de bom é que nele trabalho sobre documentação, são fontes primárias, não há engano.

Tendo em conta que se tentou silenciar a história de Amaiur, o facto de falar sobre ela já é um posicionamento.

Sempre houve polémica. No século XIX, quando se ergueu o monumento, também houve gente que se opôs a isso. A ideia é atenuar tudo isso abordando a história dos acontecimentos, todos os documentos que existem e indo para lá do ano da batalha de 1522. Na verdade, é isso que o título anuncia: El castillo a través de la historia de navarra.

A apresentação do livro, com desenhos e mapas, está orientada para a divulgação?

A ideia não é tanto despejar informação interessante para gente especializada – embora estas pessoas também contem –, mas procurar antes que mergulhem na história. Se falamos do séc. XVI, referimos mapas daquela época para que a história se torne visível e para que as pessoas se possam ambientar.

As escavações de Aranzadi contribuíram de alguma forma para o seu trabalho?

Bastante. Não nos quisemos sobrepor ao seu trabalho, mas demos a nossa opinião. Todos temos que dar a nossa contribuição para divulgar o conhecimento.

Tem mais algum projecto em mente?

Falta o último livro dos castelos. Existem sempre dois pontos importantes: os castelos e a toponímia, o euskara. Se arranjamos um mapa dos castelos do séc. XI e sobrepomos um mapa do euskara, vemos que coincidem. Com o último livro, vamos ficar todos boquiabertos, pelo facto de nós, bascos, termos chegado onde chegámos, não como um reino mas como um povo, com uma cultura.

Os castelos são um testemunho incómodo da história que por vezes se quer ocultar?


Acabam por nos dizer que isto foi um reino. Quando comecei, diziam-me que existiam seis castelos em Nafarroa, mas estamos a falar de cento e tal castelos. De tudo isso, não resta nada, está submerso entre a vegetação e a hera. A minha maneira de representar a nossa velha história é com estas publicações. Mostramos que éramos todos da velha raiz basca e isso surpreende as pessoas. É história, mas é também um sentimento de um povo que sempre andou a lutar para se defender. Não engano, dou a conhecer as pedras e os documentos.

Fonte: Gara
Editorial: pamiela etxea