Jornalistas que trabalham em diferentes meios de comunicação bascos estiveram ontem presentes em Iruñea para manifestar a sua solidariedade aos companheiros da Apurtu.org, bem como o seu repúdio perante “a campanha de criminalização” levada a cabo pelo diário Abc contra o canal que esta página pôs a funcionar, Apurtu Telebista, e que ficou sem emitir há cerca de um mês, na sequência de um ataque informático.
Profissionais do Gara, Berria – o seu director, Martxelo Otamendi, esteve na conferência de imprensa –, Diario de Noticias, Nabarreria, Nafarroan.com e Gaztesarea manifestaram publicamente a sua adesão ao manifesto «Contra la criminalización, por la libertad de expresión y el derecho a recibir información», ao mesmo tempo que criticaram a atitude do Abc por “tentar silenciar as vozes que não estão de acordo com a sua linha editorial”.
Os signatários destacaram que, “para lá das diferenças ideológicas que possam existir entre nós, consideramos a liberdade de expressão um direito fundamental, e por isso cremos que não se deveria silenciar ninguém pela sua dissidência política ou por motivos ideológicos”. Para além disso, defenderam com a mesma ênfase o direito à informação, uma vez que, em seu entender, “em pleno século XXI não é admissível que nos digam o tipo de informação a que podemos ter acesso ou não”. “O objectivo destes linchamentos mediáticos não é outro senão o de procurar esconder à sociedade certos tipos de realidades”, afirmaram.
Por tudo isso, exigiram “respeito” para todos os meios de comunicação e encorajaram os trabalhadores da Apurtu.org a “seguir em frente com o seu trabalho, informando a partir de outro ponto de vista, sobre esta sociedade plural e ideologicamente variada”.
Acção de guerra suja
Após a leitura do manifesto [que pode ser visto em baixo, via Kaos], tomou a palavra o trabalhador da Apurtu.org Miguel Ángel Llamas, que, depois de agradecer os apoios recebidos, salientou que o ataque sofrido por esta página digital é “mais um na longa lista de atropelos que a liberdade de expressão e de informação sofre em Euskal Herria”, e recordou nesse sentido que a página de Internet kaosenlared também foi alvo de um ataque similar recentemente.
Llamas afirmou que a campanha de criminalização do Abc contra a Apurtu e o ataque posteriormente sofrido são “um verdadeira acção de guerra suja contra a liberdade de expressão”, e considerou “escandaloso o facto de alguns procurarem impor onde, quando e como a população deve ser informada, proibindo e atacando os órgãos que não são do seu agrado”.
“Temos consciência de que hoje em dia, na democracia à espanhola em que vivemos, apresentar informação sobre a repressão que Euskal Herria sofre é um grave delito”, concluiu o trabalhador da Apurtu.org.
Asier VELEZ DE MENDIZABAL
A Apurtu Telebista voltará a estar on-line esta semana
No final da conferência de imprensa, o profissional da página de Internet, Miguel Ángel Llamas, fez saber que a Apurtu.org, com o seu canal Apurtu Telebista, voltará a estar em funcionamento esta semana. Este anúncio foi feito um mes depois de um ataque informático ter paralisado a página.
Um dia antes, o jornal Abc publicava um artigo em que qualificava o canal como “a televisão da ETA”. Acusava-o de “enaltecer” a organização, bem como de “dar ânimo” aos seus militantes presos.
Depois de ficar a saber do encerramento da página, no dia 25 de Abril, o diário espanhol afirmou que tinham sido os seus próprios responsáveis a bloquearem a página “para evitar a acção da justiça”. A.V.M.
Fonte: Gara
Manifesto: kaosenlared.net