terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Afirmam que a «nova divisão antiterrorista da Ertzaintza tortura às ordens de Ares»


Advogados e familiares dos detidos na operação policial levada a cabo pela Ertzaintza denunciaram a atitude da Audiência Nacional espanhola, «tribunal de guerra» que, ao aplicar o regime de incomunicação, «permite a tortura para conseguir declarações de culpa», e da Ertzaintza, cuja «nova divisão antiterrorista tortura às ordens de Ares».

«Não nos conseguimos habituar a ouvir da boca deles, enquanto nos contam, a chorar, a forma como foram tratados, as pressões e torturas sofridas», declarou o advogado Alfonso Zenon.

Advogados e familiares dos detidos na operação policial iniciada pela Ertzaintza no dia 26 de Janeiro na Bizkaia e em Gipuzkoa denunciaram em Bilbau os maus tratos e as torturas sofridas pelos detidos durante o período de incomunicação. Os dois últimos detidos também afirmaram ter sido agredidos e pressionados.

Em nome dos advogados, Alfonso Zenon realçou a actuação da Audiência Nacional e da Ertzaintza nas denúncias efectuadas pelos nove detidos na última operação policial.

Recordou que o tribunal de excepção expulsou os advogados das pessoas detidas alegando que estas já contavam com assistência jurídica de ofício e que o processo se encontrava sob segredo de justiça, embora a comunicação social tenha publicado informação relativa aos detidos.

Zenon afirmou que a AN nem sequer respondeu à solicitação de que fosse aplicado o protocolo contra a tortura, um procedimento que estabelece que os detidos sejam visitados por um médico de confiança, que sejam videogravados enquanto permanecerem nas instalações policiais e que seja comunicado aos familiares onde e em que estado se encontram.

«A Audiência Nacional é um tribunal de guerra porque viola direitos fundamentais dos detidos», afirmou, depois de manifestar que, ao aplicar o regime de incomunicação, permite «a tortura para conseguir declarações de culpa».

A aprovação dessa prática fez com os detidos pudessem ser submetidos a «interrogatórios ilegais contínuos, sem advogado presente», que «tenham sido agredidos e ameaçados», que fossem obrigados a estar «em posturas forçadas» e que tenham «sido alvo de pressões e, sobretudo, de tortura psicológica, com ameaças dirigidas aos seus familiares, filhos menores e cônjuges» nas instalações da Ertzaintza.

Disse, assim, «de forma bem clara» que «essa nova divisão antiterrorista da Ertzaintza tortura às ordens de Ares».
Fonte: Gara