quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Detenções mais recentes: são já seis as pessoas em regime de incomunicação


Depois da detenção, ontem, do alegado militante da ETA Faustino Marcos Alvarez pela Polícia espanhola, supostamente em Portbou, são seis os cidadãos bascos que nesta altura se encontram incomunicáveis em instalações policiais. O bilbaíno Ibai Beobide está nessa situação desde sábado, em poder da Guarda Civil; e os hernaniarras Juan Mari Mariezkurrena, Josune Balda e José Camacho Elizondo e a detida em Segura Euri Albizu desde segunda-feira; entretanto, prosseguem as buscas por parte dos os militares espanhóis para deter mais duas pessoas.

Depois de ser detido, Faustino Marcos foi levado para a esquadra da Polícia espanhola em Portbou e transferido para Barcelona ao início da tarde, onde se encontra incomunicável. No que respeita aos detidos pela Guarda Civil, o Ministério do Interior espanhol confirmou ontem que Ibai Beobide se encontra no aquartelamento central de Madrid, mas desconhece-se o paradeiro e o estado em que se encontram os restantes detidos.

Sobre as detenções e buscas efectuadas na segunda-feira à tarde pela instituição militar, foi já depois das 22h que a Guarda Civil procedeu à inspecção da casa do bairro bilbaíno de Deustua na qual se tinham posicionado desde as primeiras horas da tarde. Só então conseguiram a devida ordem judicial. Em Larrabetzu (Bizkaia), ao invés, não tiveram pejo em inspeccionar quinze casas e outras tantos sótãos e caves sem ordem judicial de qualquer espécie e ameaçando quem lhas exigia. A Ertzaintza manteve-se no local com material antimotim.

Ontem, quarenta pessoas concentraram-se em Larrabetzu com o lema «Utzi bakean» [Deixem-nos em paz], que pelos vistos não agradou à Polícia autonómica, uma vez que confiscou a faixa aos presentes. Na Alde Zaharra de Donostia, por seu lado, aproximadamente o mesmo número de pessoas protestou contra a detenção de Marcos.

O TAT exige a adopção de medidas contra a tortura
O Torturaren Aurkako Taldea mostrou ontem a sua preocupação relativamente ao modo como os detidos possam estar a ser tratados, mais ainda depois de se ter ficado a saber que o jovem bilbaíno Ibai Beobide, detido no sábado pela Guarda Civil, teve de receber assistência no Hospital Donostia nesse mesmo dia.

A nota emitida realça que esse temor se justifica e para tal, para além de trazer à colação as 45 denúncias de tortura apresentadas no ano passado, lembra o testemunho do lizartzarra Peio Olano, detido pela Guarda Civil em Janeiro, e no qual dava conta de «torturas selváticas».

Para este colectivo, é o regime de incomunicação a «ferramenta que possibilita, aplica e protege» esta prática, pelo que afirma que, enquanto este regime se mantiver, não se acabará com a mácula da tortura.

Para além de exigir a imediata adopção das medidas para a prevenção da tortura, como a gravação de todo o período de incomunicação ou a assistência jurídica por parte de advogados de confiança, solicitam a instituições e organizações que operam em Euskal Herria que manifestem uma oposição firme contra a tortura.

Em relação a Ibai Beobide, a defesa tinha solicitado ao juiz da AN Ismael Moreno que todo o período de detenção fosse gravado, que tivesse direito a assistência médica da sua confiança e que os familiares do bilbotarra estivessem sempre informados sobre o seu paradeiro e estado. O Movimento pró-Amnistia fez saber que a resposta de Moreno foi o silêncio.

Por outro lado, no sábado à noite, por volta das 23h, na Alde Zaharra de Bilbau decorreu uma marcha massiva em protesto contra a detenção de Ibai Beobide, com o lema «Ibai Beobide askatu! Torturarik ez!». Desconhecidos colocaram barricadas nas ruas depois de virarem vários contentores, e apedrejaram quatro sucursais bancárias. A Ertzaintza apareceu no local pouco depois.
Notícia completa: Gara