O trajecto europeu do Athletic deste ano merece bem uma reflexão de carácter desportivo que verse sobre os altos e baixos mostrados pela equipa basca na competição continental. A derrota de quinta-feira merece também, sem dúvida, uma análise neste sentido. Mas nas últimas jornadas a perspectiva sociopolítica, para colocar as coisas nestes termos, sobrepôs-se à meramente desportiva. Diferentes grupos de extrema-direita já tinham realizado uma convocatória unitária na Áustria que implicou a paragem da partida e uma ameaça para jogadores e seguidores vermelhos e brancos. Os lemas cantados pelos de extrema-direita naquela ocasião - com vivas a Espanha e a Franco acompanhados de simbologia nazi -, que se voltaram a repetir depois em Bilbau e de outra forma também na quinta-feira em Bruxelas, mostram que esses grupos sabem do que estão a falar, contra que equipa e povo se dirigem.
O Athletic de Bilbao é um clube que, para lá de fobias e filias, das rivalidades próprias do desporto, é considerado em todo o mundo um exemplo pela importância que concede às suas escolas de jovens jogadores, pela forte personalidade que a sua política desportiva revela. Algo que identificou historicamente as equipas bascas e, de um modo mais geral, o povo basco. Por isso não se pode considerar um acaso que o Athletic e os seus seguidores se tenham convertido num alvo à medida de gente de extrema-direita que, tomando o futebol como desculpa, se dedica a propagar dentro das suas cidades e por todo o mundo uma ideologia abertamente fascista. Ideologia que os bascos conhecem bem por terem sofrido com ela frequentemente, independentemente da equipa de que são adeptos ou de gostarem ou não de desporto.
É óbvio que, contradizendo a célebre frase de Boskov que diz que «futebol é futebol», o futebol é quase sempre algo mais que futebol. O problema é quando aquilo que se passa à volta desse desporto não tem nada a ver com o futebol. Não restam dúvidas de que, na quinta-feira, ganhou a melhor equipa sobre o terreno. Fora dele, o jogo contra a persistente e perigosa estupidez humana continua.
Fonte: Gara
O Athletic de Bilbao é um clube que, para lá de fobias e filias, das rivalidades próprias do desporto, é considerado em todo o mundo um exemplo pela importância que concede às suas escolas de jovens jogadores, pela forte personalidade que a sua política desportiva revela. Algo que identificou historicamente as equipas bascas e, de um modo mais geral, o povo basco. Por isso não se pode considerar um acaso que o Athletic e os seus seguidores se tenham convertido num alvo à medida de gente de extrema-direita que, tomando o futebol como desculpa, se dedica a propagar dentro das suas cidades e por todo o mundo uma ideologia abertamente fascista. Ideologia que os bascos conhecem bem por terem sofrido com ela frequentemente, independentemente da equipa de que são adeptos ou de gostarem ou não de desporto.
É óbvio que, contradizendo a célebre frase de Boskov que diz que «futebol é futebol», o futebol é quase sempre algo mais que futebol. O problema é quando aquilo que se passa à volta desse desporto não tem nada a ver com o futebol. Não restam dúvidas de que, na quinta-feira, ganhou a melhor equipa sobre o terreno. Fora dele, o jogo contra a persistente e perigosa estupidez humana continua.
Fonte: Gara