sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Basagoiti justifica os GAL como uma ofensiva «dos bons contra os maus»


Se há alguma coisa a agradecer a Basagoiti, é o esforço denodado, consciente ou inconsciente, em limpar a sujidade das janelas desse escuro, rançoso e tétrico edifício que alberga o unionismo espanhol, para que qualquer um possa ver com clareza o que se esconde lá dentro. Ontem, com a desculpa de atacar o Governo de Zapatero pelo denominado «caso Faisán», não teve pejo em justificar os GAL. «El GAL en teoría, y sólo en teoría, era para acabar con unos terroristas; es grave lo que hizo el GAL, pero decían que lo planteaban para acabar con ETA [...] decían que antes el tema del GAL era de unos que eran buenos contra los malos, y el Faisán es de los teóricos buenos a favor de los malos». Ou seja, que é feio sequestrar, torturar e matar, mas que é válido sempre que a causa seja «nobre». Confirma assim que, se em algum momento o PP denunciou a responsabilidade do PSOE na criação dos GAL, foi por uma calculada intencionalidade partidarista-eleitoralista.

O pior é que Basagoiti não teme que as suas afirmações, embora sendo escandalosamente graves, tenham consequências de qualquer género para ele: os GAL nunca foram considerados como um grupo «terrorista» pela magistratura espanhola.

Infelizmente já estamos habituados a este tipo de declarações por parte deste «señor», porta-voz do PP. Há não muito tempo afirmou desejar que os presos bascos, incluindo Otegi, que, diga-se de passagem, é um preso como os demais, empreendessem uma greve de fome até ao fim.

Agora, justifica desta forma descarada os GAL e isto quando existe uma lei que condena o enaltecimento do terrorismo - mas, como o próprio reconhece, nem os GAL, nem a Falange y Tradición, nem outros grupos terroristas espanhóis que assassinaram, sequestraram, ameaçaram & etc. são considerados «terrorismo» pela «justiça» que criou essa lei. E, claro está, se para a magistratura espanhola os GAL não são terroristas, o «señor» Basagoiti não cometeu uma infracção de qualquer espécie, nomeadamente de enaltecimento do terrorismo. «Spain is different», como diz o oUtro.
Fonte: lahaine.org