O Movimento pró-Amnistia de Nafarroa apresentou ontem o Urtekaria / Anuário Repressivo de 2009 e os dados mais salientes da «violência dos estados»
«Acontecimentos violentos, violência, que muitas vezes nem sequer foi notícia nos principais meios de comunicação que afirmam estar contra a violência. Violência que, naturalmente, não mereceu ser abordada pelos políticos profissionais, que tão preocupados dizem estar com os direitos das pessoas», afirmou Josu Esparza.
Tal como foi referido pelo militante do MPA, o objectivo deste Anuário consiste em «mostrar a realidade oculta que assola uma parte considerável da sociedade navarra», e que vê diminuídos os seus direitos por defender «uma mudança política, social ou cultural para este Povo».
Radiografia da repressão
Josu Esparza referiu que 2009 acabou com um total de 106 presos políticos navarros e navarras, o número mais alto dos últimos anos. Nenhum deles se encontrava em prisões bascas.
No ano passado, 19 pessoas foram detidas ao abrigo da legislação antiterrorista, oito das quais denunciaram ter sido torturadas.
Outras duas pessoas denunciaram ter sido sequestradas em acções de guerra suja, e uma delas, Alain Berastegi (presente na conferência de imprensa), denunciou ter sido torturado.
Por outro lado, quatro presos foram agredidos na prisão.
Do ponto de vista económico, ascendeu a quase 225 000 euros a quantia que cidadãs e cidadãos navarros tiveram de desembolsar em fianças para recuperar a sua liberdade.
Para além disso, afirmaram que 18 actos políticos foram proibidos pela Audiência Nacional. Houve ainda cerca de 30 ataques fascistas na forma de inscrições pintadas, ameaças, danos materiais em propriedades privadas, etc.
Por outro lado, houve 18 julgamentos contra cidadãos navarros em tribunais de excepção e foram às dezenas as notificações para prestar declarações na AN espanhola.
Alargamento da criminalização e endurecimento dos métodos repressivos
Destes dados, o MPA extrai duas conclusões: que a criminalização «está a alastrar» a cada vez mais sectores da população e que o Estado «endureceu os seus métodos de repressão». Josu Esparza afirmou que «a aposta do Estado» segue por vias «exclusivamente militares e policiais para lograr os seus principais objectivos políticos».
Muro Popular
Josu Esparza considerou «ser necessário aparecer como povo face a estes ataques do Estado», já que são «agressões que atacam os alicerces de Euskal Herria enquanto nação». Neste sentido, defendeu que se deve «unir forças para obrigar o Estado a desmontar toda a sua máquina repressiva e dotar os cidadãos de liberdades democráticas.»
Fonte: apurtu.org