sábado, 20 de fevereiro de 2010

A opereta


A opereta é um tipo de teatro musical, animado e satírico, cuja característica fundamental é a de contar com uma trama argumentativa inverosímil. «PSN-NaBai em busca da mudança perdida» é uma dessas obras que, por mais que fracassem nas bilheteiras, os mecenas nunca mais retiram dos teatros.

A mudança política está ligada ao respeito da vontade livre e democraticamente expressa da cidadania navarra. Mudança de governo (alternância) não significa necessariamente mudança política. Apartar a UPN do comando da principal instituição de Navarra não significa uma mudança no seu modelo de gestão. O surgimento do PSN ou de qualquer outro partido político na presidência do Governo, se não estiver sujeito à assunção desta premissa (direito dos/as navarros/as a decidir sobre Euskal Herria), não representará uma mudança de modelo. Uma mera sessão de maquilhagem não basta, não resolve absolutamente nada.

A construção de um novo modelo social, contraposto ao modelo actual de privatização da saúde e da educação e cimentado na defesa dos direitos laborais da classe trabalhadora, necessita de uma defesa decidida e convincente. Navarra foi historicamente berço das reivindicações da Esquerda e da luta da classe trabalhadora. O caldo de cultura em prol da mudança social é intergeracional e possibilita a existência de uma aliança das classes populares de Navarra, capaz de desterrar para sempre o modelo de gestão submetido aos interesses dos poderes de facto; das grandes multinacionais e da Opus Dei.

Por último, não nos queremos esquecer de comentar a última expressão nauseabunda do sistema democrático espanhol. O leitmotiv da sobrevivência do Estado foi a conquista a ferro e fogo de inúmeros povos ao longo da história e o sequestro de ideias, o cinzel através do qual pretenderam fender a vontade popular. O auto de prorrogação de prisão e medidas cautelares decretado pela sala penal da Audiência Nacional contra Pernando Barrena, Txema Jurado e mais seis independentistas bascos/as é um fiel reflexo disso mesmo: «prohibición expresa de realizar reuniones, manifestaciones, actos públicos, formación de grupos, formaciones o partidos políticos de características idénticas o cualitativamente similares a las que son objeto de la imputación criminal presente».

Não restam dúvidas, as iniciativas repressivas do Estado pretendem restringir a iniciativa política da esquerda abertzale. Mas enganam-se ao pretender «pôr diques ao mar», posto que Euskal Herria é um povo em marcha que caminha com determinação para a sua independência.

Editorial da nafargune.info de 08/02/2010