quarta-feira, 16 de julho de 2008

Antes e depois do encerramento do ‘Egin’


Hoje [ontem, 15] cumpre-se o décimo aniversário do encerramento político, judicial e policial do Egin e da Egin Irratia. É óbvio que nada começou nem acabou naquela madrugada de infausta lembrança. O Estado espanhol, os seus diferentes governos, tinha activado muito antes todas as estruturas estatais e para-estatais na sua ofensiva contra qualquer vislumbre de defesa e construção de Euskal Herria. Meses antes daquela madrugada de 15 de Julho de 1998, por exemplo, era encarcerada a Mesa Nacional do Herri Batasuna. Na mesma linha, o que ocorreu depois, o que ocorreu nestes últimos dez anos, é bem conhecido por todos, e a premissa principal – a ausência de um Estado de Direito – é hoje, como então, basicamente a mesma.
Nestas datas, temos a tendência para nos centrarmos não poucas vezes nos factores negativos, sem nos apercebermos de tudo o que se fez, nem valorizarmos em toda a sua dimensão o que se está a fazer, como passos imprescindíveis para perfilar correctamente o que falta avançar (que, está bem à vista, não é pouco). Os pilares sobre os quais assenta o presente e o futuro de Euskal Herria (em todos os âmbitos: social, económico, político... inclusive comunicativo) são hoje mais sólidos.
Tão sólidos como a exigência de reparações pelos desmandos perpetrados ontem, hoje e (com toda a certeza) amanhã - questão de todo pertinente se retomamos o encerramento do Egin e verificamos, por exemplo, quem continua a sofrer as consequências directas e indirectas daquela “tropelia” (de acordo com a definição plasmada por Alfonso Sastre nestas páginas). Entre estes encontram-se, obviamente, as pessoas condenadas e encarceradas, bem como os ex-trabalhadores daquele periódico, e também, é necessário sublinhá-lo hoje, o título deste que agora têm entre as vossas mãos, GARA, ao qual o Estado espanhol continua a reclamar impunemente o pagamento da dívida à Segurança Social atribuída ao Egin.

O Estado de Direito é outra coisa.

Fonte: Gara

Imagem: kaosenlared (Com o Egin, pela liberdade de expressão)