quinta-feira, 17 de julho de 2008

Em Zornotza, Ertzaintza impede esclarecimentos sobre carga de sábado


Moradores de Zornotza que foram vítimas, em diferentes graus, da carga da Ertzaintza, no sábado passado, quando se celebrava um acto político “em defesa dos direitos” do preso Jose Mari Sagardui, ‘Gatza’, que passou 28 anos na prisão, tentaram apresentar na terça-feira a sua visão dos acontecimentos mediante uma conferência de imprensa. Contudo, esta teve que ser suspensa, em virtude do amplo destacamento policial que se voltou a fazer notar, tanto junto à praça do Município como noutros pontos da localidade biscainha.
Após uma primeira convocatória, para as 18h30, tentaram realizar a conferência posteriormente, mesmo antes de que se iniciassem as festas do Carmen, mas a presença de efectivos da Ertzaintza acabou por os fazer desistir.
Em qualquer caso, explicaram que no sábado passado, como consequência da actuação policial, pelo menos duas pessoas tiveram que ser hospitalizadas, com diferentes tipos de contusões produzidas pelos golpes dos ertzainas, e realçaram que foram várias dezenas as pessoas atingidas a pontapé e cacetete.
A este respeito, o Movimento Pró-Amnistia, que convocou a mobilização a favor dos direitos de Jose Mari Sagardui, emitiu um comunicado no qual referiu: “crianças, jovens, gente adulta ou idosa, bateram em todo aquele que encontraram pela frente e, ainda por cima, os ertzainas que participaram na operação de Zornotza hão-de estar orgulhosos. Há-de-lhes parecer uma forma digna de ganhar o seu sustento e o das suas famílias, mas não são outra coisa senão cobardes, que têm que tapar o rosto e armar-se para bater em cidadãos que se manifestam pelo respeito aos direitos humanos de uma pessoa que está há 28 anos na prisão”.

“Utilizam a violência”

Segundo o Movimiento Pró-amnistia, “nesse dia houve derramamento de sangue nas ruas de Zornotza, e os seus responsáveis são o PNV e a Ertzaintza, que utiliza a violência – embora, claro, a Ertzaintza a bater nos cidadãos e a enviá-los para o hospital não seja violência, não seja uma selvajaria, não seja coisa que mereça uma denúncia, que mereça a condenação por parte dos partidos. É triste, mas é evidente que dão maior importância a caixas automáticas ou a contentores do que a humildes cidadãos espancados pela Ertzaintza e transportados para o hospital”.
A nota também refere que “os desejos do PNV são que o nosso Nelson Mandela apodreça na prisão de Jaén, proibir manifestações, bater nos manifestantes e fazer com que sejam enviados para o hospital. Essa é a ética mais recente do PNV, e depois ainda vêm dar lições de direitos humanos. Como diz um amigo, antigamente Franco batia nos txistularis e agora o PNV espanca os zanpantzarrak”.
Fonte: Gara