Os familiares de presos e exilados políticos bascos, exibindo cartazes em que se lia “Já chega!”, ofereceram hoje uma conferência de imprensa em Donostia. Fizeram uso da palavra Manu Errazkin, pai de Oihana Errazkin, presa política basca morta pela dispersão, e Zutoia Mitxel, nora de Argi Iturralde e cunhada de Iñaki Balerdi, mortos na sequência de um acidente provocado pela política de dispersão.
Estiveram acompanhados, entre outras, por Irati Aranzabal, companheira de Iñaki de Juana; Salvadora Arranz, que, com os seus 87 anos, é obrigada a viajar até à Galiza, à Andaluzia e a Paris para poder visitar os seus filhos e sobrinho encarcerados pelos estados espanhol e francês; Lurdes Gorrotxategi, em nome da família Gorrotxategi-Artola, que tem embargadas as suas contas bancárias desde há cinco anos por ter ajudado economicamente os seus familiares, exilados por razões políticas, Axun Gorrotategi e Jon Artola; e Mari Luz Sebastian, companheira do preso político basco gravemente doente Juanjo Rego.
“Depois de terem morto 16 de nós, os estados espanhol e francês continuam a empurrar-nos para a morte, obrigando-nos a percorrer, semana após semana, milhares de quilómetros.
Depois de terem morto 22 dos nossos familiares, presos políticos bascos, os estados espanhol e francês continuam a empurrar para a morte os presos políticos bascos, mantendo-os durante anos isolados em celas diminutas. Não libertando quem padece de doenças graves. Não libertando - apesar de terem cumprido as penas impostas - quem não conseguiram destruir física e politicamente durante largos anos de cativeiro. Não nos enganemos. Procuram matar os que já cumpriram as suas penas – e que se recusam a libertar. Procuram matar os presos políticos bascos gravemente doentes – e que se recusam a libertar. Sem a motivação política dos nossos familiares, muito poucos poderiam suportar durante um ano aquilo que os nossos familiares, presos políticos bascos, aguentam durante largos anos. Gatza encontra-se encarcerado há já 28 anos. São sobreviventes de uma política penitenciária criminosa.
Estamos a fazer frente a uma verdadeira sangria económica para poder realizar os milhares de quilómetros que os estados nos obrigam. Para poder fazer frente às fianças que impõem aos nossos familiares. Pelas multas que nos impõe as instituições que nos deveriam proteger.
Como se não bastasse, essas mesmas instituições atingem-nos por denunciar toda esta crueldade, como ocorreu a 12 de Julho em Zornotza, por pedirmos a liberdade de Jose Mari Sagardui Gatza, há 28 anos na prisão.
E agora começam a embargar-nos os andares.
Perante toda esta barbaridade, hoje dirigimo-nos unicamente à sociedade basca: para acabar com toda esta crueldade, necessitamos do amparo, do compromisso e da pressão da sociedade basca. Necessitamos de todo o tipo de dinâmicas nas localidades, como as concentrações e manifestações que se irão realizar este domingo nas praias de Euskal Herria. Apelamos à sociedade basca para que participe activamente. Para acabar com a impunidade dos estados, a insolência dos políticos e a crueldade contra nós e os nossos familiares, pedimos à sociedade basca que saia à rua. ‘Igandean denok hondartzetara!’ [No domingo, todos para as praias!]”
Fonte: Etxerat
Balanço da repressão - Junho_(cas)