segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Notícias de Euskal Herria - Resumo de 25 a 30 de Janeiro de 2010

25/01/2010
O EPPK anuncia o início de uma greve de fome
O Colectivo de Presos Políticos Bascos (EPPK) empreende uma greve de fome, que representa uma nova etapa no protesto iniciado no princípio do ano. Segundo referiram num comunicado enviado ao Gara, com esta acção pretendem reivindicar «o estatuto político que lhes assiste». Informam ainda que o dia 18 foi jornada de denúncia pela situação de Jon Anza, precisamente o dia em que desapareceu o militante basco, e que assim continuará a ser todos os meses.

O TGV descarrila ao chegar à rua
As iniciativas populares que rejeitam a infra-estrutura do TGV ou que pedem simplesmente que o macro-projecto seja debatido vieram para a rua em diversas ocasiões. Nenhuma manifestação conheceu tanto êxito como a realizada no sábado entre Hendaia e Irun. Juntou cerca de 15 000 pessoas apesar de ter lugar num ponto periférico do país, e teve impacto em ambos os lados da «muga» (fronteira entre os estados espanhol e francês), face a dois estados.
Revela o autismo em que se movem em ambos os lados da fronteira os impulsores de um mesmo projecto, que é apresentado quase como se se tratasse de duas coisas sem qualquer relação («TAV» no Sul, «nova linha» no Norte). O absurdo chega ao ponto de que nas províncias do Norte o projecto seja vendido como método idóneo para o transporte de mercadorias, enquanto no Sul se diz que se destina às pessoas. Pretendem criar a confusão esgrimindo «argumentos» como o que diz que construir o TGV quanto antes é a melhor forma de responder à oposição da ETA.

26/01/2010
O regime prisional espanhol, «o mais duro da Europa»
O ministro espanhol do Interior garantiu ontem que os presos políticos bascos «não vão conseguir nada» com a sua dinâmica de luta, porque o Estado espanhol não irá alterar «um milímetro» a sua política prisional. Um esboço penitenciário para os bascos, no qual sublinhou a validade da dispersão geográfica para atingir benefícios políticos. Também referiu que Madrid não necessita de instaurar a figura da pena perpétua, já que conta com a política prisional mais dura da Europa.

Garzón coloca o pólo soberanista na mira
O juiz Baltasar Garzón processou por «integração em organização terrorista» os dirigentes independentistas detidos na operação de 13 de Outubro Arnaldo Otegi, Rafa Díez, Miren Zabaleta, Sonia Jacinto, Arkaitz Rodríguez, Amaia Esnal, Txelui Moreno e Mañel Serra. Acusa-os de fazer parte de «um órgão de coordenação dirigido e controlado pela ETA no seio da esquerda abertzale».
O juiz Baltasar Garzón acusa os imputados de actuarem às ordens da ETA, «partindo da posição hierarquicamente superior da ETA que priva de autonomia o Bateragune» (suposto órgão de coordenação da Esquerda Abertzale). No entanto, o próprio auto contém elementos suficientes para refutar essas afirmações. Nos factos que se apresentam como acusatórios há dois marcos importantes: as eleições para o Parlamento Europeu e o debate sobre o processo democrático. E, em ambos os casos, segundo escreve Garzón, os imputados contradisseram a ETA, e acabou-se por fazer o que eles previram e não o decretado pela organização armada.

27/01/2010
A Ertzaintza coloca os cinco detidos por alegada relação com a ETA em regime de incomunicação
Efectivos da «divisão antiterrorista» da Ertzaintza detiveram sete pessoas, que se mantêm incomunicáveis, e procederam a buscas em várias casas e outros locais. O Departamento do Interior de Lakua afirmou que os detidos «fariam parte de um grupo 'legal' da ETA». Os familiares denunciaram graves irregularidades no decurso das inspecções domiciliárias em que teriam encontrado o material (uma pistola, fio detonador e cerca de meio quilo de material explosivo), afirmando que a Ertzaintza apareceu por duas vezes e não uma, como se diz, não tendo testemunhas durante a primeira inspecção e encontrando o material na segunda.

Não estarão presentes no julgamento «para dizer não» ao Tribunal de excepção espanhol
Jon Enparantza e Estanis Etxaburu não se vão sentar no banco dos réus, no julgamento que hoje tem início na Audiência Nacional espanhola; «não, pelo menos, de maneira voluntária», afirmaram ontem em conferência de imprensa. Ambos, juntamente com Arnaldo Otegi, Ixiar Galardi e Josune Irakulis, são acusados de «enaltecer o terrorismo» por participarem num acto de protesto contra a situação do preso político Joxe Mari Sagardui, «Gatza», e exigirem a sua libertação, o prisioneiro político que se encontra há mais anos na prisão em toda a Europa e isto apesar de já ter cumprido três quartos da pena, em 1995.
Entretanto, a juíza Ángela Murillo deu ordem de prisão a Estanis Etxaburu e a Jon Enparantza, tendo sido detidos na última sexta-feira, em Ondarroa e Donostia, respectivamente.

Juan Pablo Diéguez é operado e vítima de «chantagem» na prisão
O preso político basco Juan Pablo Diéguez foi alvo de uma intervenção cirúrgica na segunda-feira, em virtude do cancro que padece. Diéguez, encarcerado no âmbito do sumário 18/98 (contra organizações sociais, meios de comunicação, etc.) e que tem 67 anos de idade, apresenta um quadro clínico com diversas complicações, sendo a questão mais grave o cancro da próstata que lhe diagnosticaram há algum tempo e que foi alvo da intervenção mencionada.
Ora, ao que parece, valendo-se da sua condição de debilidade física, um «responsável da Segurança do Estado» visitou Diéguez na prisão de Basauri, tendo-lhe prometido que, caso escrevesse uma espécie de «carta de arrependimento», a sua situação poderia melhorar, dando a entender que poderia sair da prisão. De acordo com as mesmas fontes, o preso respondeu que jamais iria negar a sua condição de independentista basco, pelo que alguns dias depois recebeu um papel das Instituciones Penitenciarias com um novo destino de cumprimento da pena, desta vez na prisão de Soria.

28/01/2010
Utilizam um suposto relatório policial sobre a UPNA para acusar a Ikasle Abertzaleak
Um suposto relatório policial publicado pelo Diario de Navarra, que atribui à Ikasle Abertzaleak (organização de estudantes patriotas bascos) a autoria de «uns 30 actos de vandalismo» na Universidade durante 2009, não foi reconhecido pela Delegação do Governo espanhol, que nega que o relatório seja da autoria da Guarda Civil ou da Polícia espanhola. Este documento também não foi elaborado pela Polícia Foral nem pelo Departamento do Interior do Governo de Nafarroa.
O Diario de Navarra afirmava tratar-se de um relatório «de uso interno» das «Forças e Corpos de Segurança», mas não esclarece que corpo o elaborou nem quem o passou para a imprensa. Por intermédio dele, envolve a organização de estudantes abertzales em acções como pintar inscrições, colar cartazes, realizar manifestações, gritar a favor do euskara e contra o Processo de Bolonha (plano europeu de unificação do currículo e funcionamento universitário sob critérios empresariais), atirar extintores para o chão, sabotar fechaduras, lançar bombas de fumo dentro do edifício das aulas, colocar cartazes da Segi (organização do movimento juvenil basco ilegalizada e criminalizada como terrorista), fazer uma pintada a favor da ETA e mesmo fumar dentro das instalações da UPNA.

O PSE promove uma moção de apoio a um ex-preso
O Plenário do Município de Ortuella (Bizkaia) aprovou uma moção de apoio ao ex-preso Patxi Gómez, a quem o Supremo Tribunal espanhol aumentou a pena em mais uma década, depois de ter cumprido os 20 anos a que foi condenado. A iniciativa, impulsionada por um grupo de moradores, foi apoiada pelo próprio grupo municipal do Partido Socialista, que redigiu o texto. O apoio de PNV e EA à moção estava garantido.
O vereador do PSE Daniel Arranz afirmou esperar que o acordo alcançado por unanimidade na sessão plenária do Município «sirva de exemplo na busca da paz». Arranz disse que pode parecer «estranho» que a sua formação redija e aprove uma moção sobre um ex-preso, mas assegurou que não será «a primeira nem a última» porque a Vereação deve «velar pelos interesses dos seus munícipes».
O PP qualificou como «inadmissível» o apoio do PSE ao acordo alcançado por unanimidade entre partidos - PNV, EA e PSE - e vereadores da localidade biscainha.

O preso árabe Georges Abdallah junta-se à greve de fome
O preso político árabe Georges Abdallah, encarcerado na prisão francesa de Lannemezan, fez suas as reivindicações do Colectivo de Presos Políticos Bascos e, da mesma forma que os 742 presos e presas que compõem o EPPK, encontra-se em greve de fome desde segunda-feira.
Abdallah foi preso há 26 anos no Estado francês, depois de lutar durante anos a favor do povo palestiniano, e ainda continua preso. Com esta greve de fome de cinco dias de duração, para além de mostrar o seu apoio à dinâmica de luta do EPPK, quer solidarizar-se com Lorentxa Guimon.

Apoio ao autarca de Aramaio e à consulta sobre o TGV
O magistrado pediu para o autarca de Aramaio nove anos de inabilitação por ter dado autorização à realização de uma consulta local sobre o Comboio de Alta Velocidade, que irá atravessar o município. Nas moções de apoio considera-se que a judicialização deste caso representa um «grave ataque» contra a autonomia municipal, e acrescenta-se que ter em conta a opinião dos munícipes não deveria ser considerado um crime, devendo antes ser entendido como um exercício de aprofundamento da democracia. Também se considera necessário que ter presente a opinião das organizações populares e dos próprios habitantes sobre o TGV, dado que este projecto terá uma grande repercussão no futuro da localidade.

29/01/2010
A Etxerat levará a situação que sofrem os prisioneiros bascos à Europa
Enquanto o Colectivo de Presos Políticos Bascos se encontra empenhado na sua dinâmica de luta e, desde segunda-feira, em greve de fome, as localidades bascas acolhem diariamente dezenas de protestos que visam denunciar a actual política penitenciária e manifestar solidariedade com os seus afectados.
Num contexto marcado pelo recrudescimento da situação que vivem os presos políticos bascos e o acosso que sofrem os seus familiares e amigos, a Etxerat fez um apelo à participação nas mobilizações convocadas nas diversas terras e bairros. Também anunciou que nas próximas semanas levará à Europa a sua denúncia da política penitenciária.

30/10/2010
Também da Argentina
De Buenos Aires enviaram um comunicado em que se salienta «a força do seu acompanhamento às lutadoras e aos lutadores pela independência e o socialismo». «A monarquia e o Estado espanhol - acrescentaram - não poderão com o Povo Basco, como não puderam com as Nações da Nossa América». Anunciaram que no dia 3 de Fevereiro irão celebrar a Semana de Solidariedade Internacional com Euskal Herria, para acompanhar as «alegrias, humilhações e penúrias» que padecem nas prisões.

Resumo efectuado a partir das notícias veiculadas por vários meios de comunicação, com especial incidência no Gara.
Fonte: Euskal Herria Amerika via kaosenlared.net