quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A AN espanhola dá ouvidos às solicitações da extrema-direita e proíbe a manifestação nacional de Bilbau


O Departamento do Interior de Lakua fez saber que o tribunal de excepção espanhol proibiu a manifestação convocada pela Etxerat - associação de familiares e amigos dos presos políticos bascos - para este sábado em Bilbau, com o lema «Euskal presoak Euskal Herrira dagozkien eskubideen jabe».
A plataforma de extrema-direita Dignidad y Justicia tinha solicitado ontem a proibição da marcha, por considerar que era apoiada por organizações como a Askatasuna.
O juiz Ismael Moreno entende que a manifestação poderia constituir uma forma «enaltecimento do terrorismo», segundo indicou a Radio Euskadi.
A Etxerat manifestou ontem o seu desejo de que 2010 fosse o ano de «compromissos reais e concretos» e que estes fossem «eficazes». Na presença de numerosos agentes que deram o seu apoio à marcha, pediu que se dissesse um gigantesco «não» à política prisional.
Fonte: Gara

«Estes são os seus instrumentos para tornar invisível uma realidade incómoda»
Entretanto, a Etxerat já reagiu à proibição, considerando tratar-se de «mais uma medida repressiva que vai contra o desejo da grande maioria da sociedade basca, contra os direitos civis e políticos, o direito de reunião e manifestação e a própria liberdade de expressão».
A associação dos familiares dos presos, que convocou a marcha, enquadra a censura na progressiva adopção de medidas que violam os direitos dos seus familiares e próximos. As intoxicações mediáticas, os ataques directos contra familiares, a cruzada contra as fotografias dos presos, a ameaça de ilegalização da Etxerat e as inspecções ilegais e a humilhação antes dos encontros com os presos acumulam-se num ano em que a dispersão cumpre vinte anos.

Para a Etxerat a proibição da manifestação inscreve-se neste contexto: «O Estado espanhol pretende legitimar judicialmente medidas de carácter político. Esses são os seus instrumentos para tornar invisível uma realidade incómoda: a constante violação de direitos dos presos e das presas políticas bascas e tentar silenciar a crescente onda solidária», declara.
Sublinha ainda que não irá abrandar o seu empenho em fazer chegar «a onda solidária com os presos políticos bascos a todos os recantos de Euskal Herria» e salienta que «está na hora de acabar com a interminável chantagem que representa a criminosa política penitenciária vigente».
Fonte: Gara