sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

TGV: o futuro de Tudela negoceia-se em Madrid


Segundo se pôde saber através dos meios de comunicação, em Madrid aposta-se numa Estação intermodal para o TGV, ponto de chegada e partida de autocarros e comboios. Madrid decidiu que o actual traçado ferroviário de Tudela deve desaparecer e que entre Castejon e as zonas industriais de Tudela se instale um acesso para mercadorias.

Madrid está a planear a Tudela do futuro sem ter em conta os tudelanos e tudelanas. Ninguém nos pergunta se queremos ir apanhar o comboio fora de Tudela ou se, pelo contrário, está melhor no local onde se situa actualmente.

Apenas sabemos que Madrid quer que o TGV passe por Tudela. Ninguém nos diz como podemos participar de forma a que as nossas queixas sejam ouvidas, assim como as nossas dúvidas sobre a natureza esbanjadora do macroprojecto que é o TGV.

Ninguém vem de Madrid para nos explicar que papel vão desempenhar as Centrais Térmicas de Castejon em todo este projecto. Nenhum ministro, nenhum engenheiro, nenhum especialista está disposto a explicar-nos por que se põe em marcha duas centrais térmicas novas em Castejon, com o que isso implica de gás nocivo e contaminante para a Ribera e especialmente para Castejon e Tudela.

Ninguém nos diz por que é que os índices de cancro na Ribera são alarmantes e ninguém nos dá elementos reais sobre esses aumentos.

Ninguém nos pergunta se queremos mais médicos ou mais pessoal no Hospital, se queremos mais professores ou professoras nas escolas, se queremos mais creches ou se antes preferimos, agora que estamos em crise, pôr em marcha um macroprojecto como o TGV, que nem sequer sabemos onde vai acabar.

Ninguém nos diz quantas terras se verão afectadas pela expropriação de terrenos, muitos deles agrícolas, hortas familiares. Ninguém nos pergunta se queremos um modelo de desenvolvimento que nos irá trazer maior desigualdade e desestruturação social, stress, individualismo e globalização da pobreza para que uns quantos fiquem mais ricos.

Ninguém vem de Madrid para nos perguntar se queremos que se suprimam mais serviços ferroviários, se queremos que se reduza pessoal no sector e, em suma, se queremos acabar com o conceito de serviço público, que é no fundo o que se procura.

Estão-nos a vender o TGV como se fosse o primeiro prémio da lotaria de Natal e aqui participam apenas algumas empresas com nomes e apelidos e muito próximas de quem mais se está a empenhar em vender um macroprojecto afastado dos interesses da maioria dos tudelanos e das tudelanas.

Nenhum partido político representado na Câmara Municipal - UPN, PSN ou NABAI - dinamizou um debate público sobre o que dizem ir ser uma melhoria para Tudela. A UPN e o PSN vão pelo que Madrid lhes disser e o NABAI diz que, se passar por Tudela, que pare.

Ninguém quer que os cidadãos falem, participem e conheçam verdadeiramente o que significa um projecto como o TGV.

A democracia deve ser participativa, devem existir protocolos de controlo por parte dos cidadãos sobre as decisões que são tomadas quando estas afectam de maneira tão importante não só esta geração, mas também as novas gerações de tudelanos e tudelanas.

Um município democrático em Tudela deveria consultar e ouvir os seus cidadãos e cidadãs, e com eles debater o macroprojecto do TGV para tomar uma decisão que una vontades, e não fazer seguidismo do que dizem em Madrid. Ainda estamos a tempo.

Santi LLORENTE
Fonte: nafarroan.com

Tudela (ou Tutera) situa-se na região de Ribera (ou Erribera), em Nafarroa (EH).