quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Começa o julgamento de treze bascos detidos numa operação «preventiva»


Começou hoje na Audiência Nacional espanhola o julgamento de treze (13) jovens bascos – Ikerne Indakoetxea, Ramón López, Regina Maiztegi, Zugaitz Izagirre, Maider Egiguren, Carlos Martin, Alberto González, Gorka Iriarte, Galder Bilbao, Iker Casanova, Arantza Martin, Javier Gil e Mikel Garaiondo –, acusados de «integração» na ETA ou de «colaboração» com a organização armada, para os quais a Procuradoria pede penas que oscilam entre os sete e os dez anos de prisão.

Os treze jovens foram detidos em Outubro e Novembro de 2003 em duas das sete operações «preventivas» que ocorreram em Euskal Herria entre 2003 e 2005, que estariam na origem da detenção de 116 cidadãos bascos, com o argumento de que os seus nomes apareciam em documentos apreendidos pela Polícia francesa a alegados «responsáveis pela captação da ETA».

Na sessão de hoje, todos negaram fazer parte da organização armada ou ter colaborado com ela. Nalguns casos, afirmaram ter sido contactados no sentido de colaborarem com a organização armada, tendo declinado a proposta. Noutros casos, desmentiram ter recebido qualquer convite para colaborar com a ETA.

A maioria dos jovens denunciou maus tratos às mãos da Polícia espanhola durante os cinco dias em que estiveram sujeitos ao regime de incomunicação. Para além deles, metade dos detidos nas sete operações verificadas entre 2003 e 2005 fez graves denúncias de tortura.

A audiência oral prossegue na próxima segunda-feira.
Cerca de cem pessoas protestaram contra este julgamento em Altsasu (Nafarroa), tal como em Oiartzun (Gipuzkoa).

No sábado, haverá uma manifestação em Iruñea
Contra este julgamento político e exigindo a sua suspensão, já se posicionaram 25 colectivos e sindicatos, que deram o seu apoio à manifestação que irá decorrer no próximo sábado em Iruñea, com o lema «Torturarik ez, epaiketa politorik ez! Si al posible desarrollo de todos los proyectos políticos!» [Não à tortura, não aos julgamentos políticos!]. Parte às 17h da estação de autocarros.

Hoje, na capital navarra, essas organizações afirmaram que as provas fundamentais que sustentam este julgamento são a documentação apreendida a um membro da ETA (uma lista com 50 nomes encriptados nos quais aparecem «alcunhas» ou iniciais) e, como fizeram questão de sublinhar, as declarações arrancadas «sob tortura» pela Polícia Nacional durante o período de incomunicação.

De acordo com a Polícia, nessa lista a ETA tinha informações detalhadas sobre estas pessoas. A Polícia considerou então que poderiam vir a integrar a organização armada, pelo que as deteve. «Ou seja, partiu-se do princípio que, mais tarde ou mais cedo, acabariam por vir a fazer parte da ETA. Deteve-se preventivamente pessoas comprometidas, porque talvez, no futuro, viessem a cometer algum crime. A partir daqui, qualquer pessoa pode ser detida», advertiram.
Fonte: Gara e apurtu.org

Mais mobilizações de protesto
Sexta-feira, 11: Algorta (Bizkaia), 20h, Telletxetik / Oiartzun (Gipuzkoa), 20h, Plazatik.
Sábado, 12: Azpeitia (Gipuzkoa), 19h30, Herriko plazatik.

Atxiloketa prebentiboak / Detenções preventivas

Considerações do advogado Alfontso Zenon sobre este processo das detenções preventivas e aquilo a que chama «judicialização da repressão».