sábado, 26 de dezembro de 2009

A falta de assistência leva à tentativa de suicídio de um preso


O prisioneiro bilbaíno Igor González tentou suicidar-se na terça-feira cortando as veias na prisão de Granada. Na véspera foi visitado pela sua psicóloga de confiança, que, ao ver que não se encontrava bem, alertou os serviços médicos da prisão.

Os familiares e a psicóloga de Igor González desconheciam na quarta-feira o paradeiro do preso bilbaíno, que foi levado da enfermaria da prisão de Granada na terça-feira à tarde - depois de lhe tratarem as feridas - com destino a outro centro prisional.
Segundo disseram ao Gara, constava que ia ser levado para Badajoz, onde se encontra encarcerada a sua esposa, mas na prisão estremenha não tinha havido nenhuma entrada. «Não sabemos onde está; as Instituciones Penitenciarias não nos facultaram qualquer informação. Os companheiros de Granada tentaram impedir que fosse transferido, mas não lhes ligaram nenhuma», relataram. [Entretanto, de acordo com informações avançadas pelo Movimento pró-Amnistia, sabe-se que Igor González foi para a prisão de Puerto-III.]

A psicóloga de confiança deu a conhecer ao Gara as circunstâncias relativas a acontecimentos que, neste caso, têm já um precedente: uma primeira tentativa de suicídio, em Agosto de 2008, quando González se encontrava em Puerto. Por causa disto, a direcção da prisão gaditana aplicou-lhe o protocolo adequado - como estar acompanhado por outro prisioneiro durante 24 horas por dia -, de forma a evitar que se repetisse o sucedido, e a terapeuta começou a visitá-lo com vista ao seu tratamento.

Mas em Dezembro foi levado para Alcalá-Meco, e nesse momento começaram os problemas. A psicóloga teve de pedir a autorização necessária para ver o seu paciente, que leva cerca de três meses a ser aprovada. Mas, depois de a conseguir, deu-se uma nova transferência, neste caso para Navalcarnero. Regresso ao processo de autorização, que mais uma vez não daria em nada pouco tempo depois, já que se daria um nova mudança de destino: Granada. Tudo isto fez com que, em meio ano, a médica só o tenha podido ver cinco vezes.

«A tudo isto é preciso acrescentar outro tipo de obstáculos: nas visitas nunca nos deixaram a sós, não pudemos comunicar em euskara - uma vez saudei-o com um "kaixo" [olá] e ameaçaram cortar-me a visita -, éramos sempre gravados e uma vez passaram essa informação para um órgão da imprensa escrita, houve problemas com a medicação...», criticou.

Não ligaram às advertências
Há duas semanas, os seus companheiros do Colectivo encarcerados em Granada deram o sinal de alarme. «Achavam que não estava bem: não ia até ao pátio, sempre na cela, metido para dentro».

No fim-de-semana passado, González recebeu a visita dos seus familiares, que ficaram seriamente preocupados. «Nessa mesma segunda-feira decidi ir até lá abaixo apesar de não contar com autorização para estar com ele. Vi que estava mal, tal como o médico da prisão, que entrou comigo. Disse-lhe que tirassem da sua cela todos os objectos que pudessem ser cortantes, que estivessem em cima dele, que o vigiassem», referiu ao Gara.

Mas, pelos vistos, não ligaram nenhuma às suas advertências. Na terça-feira de manhã, depois de tomar o pequeno-almoço, o preso bilbaíno cortou as veias na sua cela. E poucas horas depois, assim que lhe trataram as feridas na enfermaria, voltou a ser levado para outra prisão.

A sua psicóloga insiste na «gravidade» do procedimento dos médicos. «Trata-se de uma clara negligência que penso denunciar à Ordem dos Médicos. Criam obstáculos ao correcto tratamento psicológico do paciente, fazem ouvidos surdos a uma situação que verificámos ser alarmante e, ainda por cima, autorizam a transferência depois de um acontecimento desta natureza».
Fonte: Gara

Ver também:
«Igor González aparece em Puerto-III depois da quinta transferência em ano e meio»

Numerosos actos em defesa dos direitos dos presos em pleno Natal
As mobilizações em defesa dos direitos dos presos repetem-se nestes dias de Natal, nalguns pontos com características especiais. Ontem, além de ser a última sexta-feira do ano, concentraram-se 56 pessoas em Berango, 150 em Hernani, 25 em Berriozar com a presença da Guarda Civil, 30 em Amurrio, 40 em Arbizu, 60 em Algorta, 38 em Basauri, 80 em Durango, 187 em Aulesti, 120 em Irun, 135 em Iruñea, 99 em Etxarri-Aranatz, 500 no bairro bilbaíno de Santutxu, 80 em Urduña, 175 em Errenteria, 37 em Lizartza, 25 em Zaldibia, 25 em Zalla, 15 em Irurtzun e 60 em Beasain. Também se mobilizaram 36 pessoas em Uztaritze, 11 em Muskiz, 45 em Lekeitio, 50 em Zumaia, 60 em Arratia, 21 em Mundaka, 32 em Aramaio, 60 em Lazkao, 93 em Galdakao, 45 em Getaria, 100 em Zarautz, 25 em Lesaka e 120 em Donostia.

Em Gasteiz juntaram-se 510 pessoas, sendo que na quinta-feira foram 900, atrás do Olentzero. Nesse mesmo dia também se concentraram 69 habitantes em Zaldibar, 150 em Lizarra ou 115 em Arrigorriaga. Outras 200 pessoas participaram numa manifestação em Zornotza relacionada com a noite de Natal. Durante o percurso passaram pelas sedes do PNV e do PSE, onde Olentzero deixou carvão, e denunciaram o desaparecimento de Jon Anza. Ontem, na mesma localidade, 70 pessoas concentraram-se pelos presos. Em Azpeitia, 400 moradores participaram na manifestação de quinta-feira e 200 em Barañain, onde ontem se juntaram mais 30 pessoas.
Na quarta-feira, 25 pessoas concentraram-se em Atarrabia e 200 em Iturrama (bairro de Iruñea). Para hoje à tarde foi convocada uma manifestação contra a dispersão em Burlata.

Mais de 30 presos sem «encontros»
De acordo com os dados recolhidos pela Etxerat, mais de trinta presos políticos bascos ficaram sem visitas durante o último fim-de-semana. Nas prisões de Cáceres, Almeria, Algeciras, Teruel, Curtis, Múrcia, Burgos, Ocaña, Herrera, Alicante e Alcalá, os «encontros» combinados com 29 presos bascos foram suspensos depois de os familiares e amigos se terem recusado a ser inspeccionados pelos funcionários para poder efectuar a visita.

A neve também impediu que familiares de vários presos chegassem a tempo aos «encontros» que tinham na prisão de Topas, já que tiveram de parar os seus veículos a 20 quilómetros da portagem de Burgos. Além disso, a Etxerat fez saber que nas imediações de várias prisões, como as de Teruel e Curtis, a Guarda Civil efectuou controlos em que os familiares e amigos dos presos bascos foram submetidos a inspecções.

Por outro lado, na quarta-feira um grupo de habitantes de Portugalete denunciou em conferência de imprensa o facto de o Plenário municipal ter «ignorado» uma moção apoiada por 500 pessoas, em que se pedia que fosse debatida a situação do preso político Juan Manuel Piriz, «Mungi».
Tal como recordaram, «Mungi» está há 25 anos na prisão, e, apesar de ter a pena cumprida, continua encarcerado, depois de o Supremo Tribunal espanhol lhe ter aplicado a pena perpétua.
Fonte: Gara

Ver lista de visitas perdidas em:
http://www.askatu.org/berria.php?id_edukia=4015&lang=eu