sábado, 26 de dezembro de 2009

Crueldade com os presos políticos bascos


Não é novo, mas não é por isso que deixa de ser grave. Não constitui notícia para os grandes meios de comunicação, mas não é por isso que deixa de acontecer, de ser real. O Governo espanhol decidiu, seguindo a esteira de todos os seus predecessores, que o Colectivo de Presos e Presas Políticas Bascas é um laboratório perfeito para experimentar o sadismo político. Tudo com o objectivo de vergar esse colectivo e fazer chantagem com o independentismo basco, tendo a humilhação como arma. Não importam os custos humanos, não se tem consciência dos custos morais da habituação a este tipo actuação e os custos políticos parecem reduzir-se em presença de uma sociedade conformista e de meios de comunicação alinhados com o Governo nessa estratégia. Perante este panorama, que importância tem que um preso se tente suicidar, como aconteceu na terça-feira numa prisão do Estado espanhol? Que importância tem que no dia anterior um médico de confiança do preso tivesse alertado o seu colega para esse perigo, médico responsável pela saúde dos presos, e que este não tenha feito nada?

O mais grave em tudo isto não é que não se dê uma explicação pública, que não existam responsabilidades... mas que ainda haja uma justificação diária por parte de responsáveis políticos em nome do estado de direito e da democracia. Também que se pretenda fazer crer que isto evidencia a força do Estado. Para utilizar um símile que pode porventura agitar um pouco as consciências daqueles que se vacinaram contra a dor alheia e vêem o mundo com as lentes que lhes dão os poderosos, bater num animal que foi previamente fechado e preso não pode ser apresentado como um exercício de valentia, de fortaleza, ou de dignidade. A mera imagem incita à denúncia da mesquinhez, da cobardia, da miséria humana de quem o faz.

Seja Espanha como for, em Euskal Herria quem não vê é porque não o quer ver. Os factos estão aí, e a estratégia de extermínio a que respondem é reivindicada como própria por Alfredo Pérez Rubalcaba.

Fonte: Gara