Quando enfrentou o primeiro revés do Euskobarómetro, já em Maio, Patxi López justificou-se dizendo que a sociedade «ainda não tinha tido tempo de avaliar o novo Governo». Meio ano depois, com mais tempo, a sociedade volta a dar notas e o resultado é de recorde; os que desconfiam dele atingem os 71%.
Não será fácil encontrar no mundo um caso igual. Não haverá outro governo surgido de um processo eleitoral (não diremos democrático) que crie maior desconfiança entre os seus administrados. E menos ainda se se tiver em conta que o director do estudo foi companheiro de partido do líder examinado e mesmo seu dirigente.
Quando em Maio se ficaram a conhecer os dados do primeiro Euskobarómetro, com o PSE a ocupar a Ajuria Enea, os números caíram como um balde de água fria sobre os novos governantes. Nada menos que 65% dos inquiridos mostravam pouca ou nenhuma confiança no Gabinete de López e 61% estavam em desacordo com o pacto assinado entre o PSE e o PP.
Patxi López disse então que os dados se ficavam a dever ao facto de a sociedade «ainda não ter tido tempo de avaliar o novo Governo» e garantiu que, «com a passagem dos meses, esses dados iriam melhorar bastante». O recurso à ideia de que a sondagem tinha sido realizada logo após a tomada de posse e de que, quando os conhecessem e vissem como governavam, a sua aceitação iria crescendo, transformou-se num slogan a ser repetido por todos os conselheiros e dirigentes do PSE.
E o tempo passou...
Tal como pediram, o tempo passou e os trabalhos do novo Governo já se vão conhecendo. E o argumento voltou-se contra o Executivo de López com uma enorme crueldade. Se em Maio 65% desconfiavam dele, agora, vendo como actua, são já 71%. Se há seis meses 61% estavam contra o pacto PSE-PP, em Novembro, conhecendo os resultados que vai dando, a fasquia sobe para os 65%.
E atenção às letras pequenas. A confiança no Governo, por parte dos votantes do PSE, é de 80%. Grande, mas menos 3% que em Maio. São os seguidores do PP que cada vez mais gostam do novo executivo. Já são 62% os que confiam nele, mais 20% que há meio ano. Também são os do PP quem mais celebra o chamado «Pacto de Estabilidade» (81%), porque o entusiasmo não chega a metade dos votantes do PSE (47%).
Se na sondagem anterior os maus resultados se ficaram a dever ao desconhecimento dos cidadãos, agora a culpa é da má concepção do estudo. O porta-voz do PSE, José Antonio Pastor, disse na sexta-feira que no último Euskobarómetro não foram postas à consideração dos cidadãos as diversas iniciativas de choque para fazer frente à crise, «que tiveram grande aceitação entre os bascos», nem os acordos com diversos intervenientes e com diversos partidos «que possibilitam a estabilidade orçamental no conjunto das instituições». E a crise também teve influência negativa, porque «não é a mesma coisa começar uma governação no meio de uma situação de bonança económica ou numa de severas restrições».
A palavra de Idoia Mendia
Contudo, estas considerações sobre a crise não pareciam afectar o optimismo governamental há poucos dias atrás. Na quarta-feira, a porta-voz do Executivo, Idoia Mendia, foi entrevistada na Onda Vasca. Foi-lhe dito que «as sondagens que vamos conhecendo dizem que este Governo Basco não tem a aceitação da maioria das pessoas». A resposta da conselheira da Justiça foi: «Patxi López subiu muitíssimo nos últimos meses, entre a última sondagem e a anterior nota-se que é o único líder que sobe relativamente aos restantes».
Será talvez nas sondagens que a Lehendakaritza faz, porque no Euskobarómetro a avaliação de Patxi López caiu dos 4,3 com que reprovava em Maio para os 3,7 com que chumba hoje.
Notas muito más, em qualquer caso. Desconhecidas na Europa salvo para governos em fase terminal à beira de serem varridos pelas urnas. Até o próprio Francisco José Llera - com muitos anos de traquejo - se mostrou «surpreendido». «O que teria sido normal era uma mudança de percepção por parte dos cidadãos», tentou explicar. E houve mudança. Para pior. Outra coisa é que isso não seja do seu agrado.
Iñaki IRIONDO
Fonte: Gara
Sobre o Euskobarómetro, confrontar também fonte jornalística espanhola.
Não será fácil encontrar no mundo um caso igual. Não haverá outro governo surgido de um processo eleitoral (não diremos democrático) que crie maior desconfiança entre os seus administrados. E menos ainda se se tiver em conta que o director do estudo foi companheiro de partido do líder examinado e mesmo seu dirigente.
Quando em Maio se ficaram a conhecer os dados do primeiro Euskobarómetro, com o PSE a ocupar a Ajuria Enea, os números caíram como um balde de água fria sobre os novos governantes. Nada menos que 65% dos inquiridos mostravam pouca ou nenhuma confiança no Gabinete de López e 61% estavam em desacordo com o pacto assinado entre o PSE e o PP.
Patxi López disse então que os dados se ficavam a dever ao facto de a sociedade «ainda não ter tido tempo de avaliar o novo Governo» e garantiu que, «com a passagem dos meses, esses dados iriam melhorar bastante». O recurso à ideia de que a sondagem tinha sido realizada logo após a tomada de posse e de que, quando os conhecessem e vissem como governavam, a sua aceitação iria crescendo, transformou-se num slogan a ser repetido por todos os conselheiros e dirigentes do PSE.
E o tempo passou...
Tal como pediram, o tempo passou e os trabalhos do novo Governo já se vão conhecendo. E o argumento voltou-se contra o Executivo de López com uma enorme crueldade. Se em Maio 65% desconfiavam dele, agora, vendo como actua, são já 71%. Se há seis meses 61% estavam contra o pacto PSE-PP, em Novembro, conhecendo os resultados que vai dando, a fasquia sobe para os 65%.
E atenção às letras pequenas. A confiança no Governo, por parte dos votantes do PSE, é de 80%. Grande, mas menos 3% que em Maio. São os seguidores do PP que cada vez mais gostam do novo executivo. Já são 62% os que confiam nele, mais 20% que há meio ano. Também são os do PP quem mais celebra o chamado «Pacto de Estabilidade» (81%), porque o entusiasmo não chega a metade dos votantes do PSE (47%).
Se na sondagem anterior os maus resultados se ficaram a dever ao desconhecimento dos cidadãos, agora a culpa é da má concepção do estudo. O porta-voz do PSE, José Antonio Pastor, disse na sexta-feira que no último Euskobarómetro não foram postas à consideração dos cidadãos as diversas iniciativas de choque para fazer frente à crise, «que tiveram grande aceitação entre os bascos», nem os acordos com diversos intervenientes e com diversos partidos «que possibilitam a estabilidade orçamental no conjunto das instituições». E a crise também teve influência negativa, porque «não é a mesma coisa começar uma governação no meio de uma situação de bonança económica ou numa de severas restrições».
A palavra de Idoia Mendia
Contudo, estas considerações sobre a crise não pareciam afectar o optimismo governamental há poucos dias atrás. Na quarta-feira, a porta-voz do Executivo, Idoia Mendia, foi entrevistada na Onda Vasca. Foi-lhe dito que «as sondagens que vamos conhecendo dizem que este Governo Basco não tem a aceitação da maioria das pessoas». A resposta da conselheira da Justiça foi: «Patxi López subiu muitíssimo nos últimos meses, entre a última sondagem e a anterior nota-se que é o único líder que sobe relativamente aos restantes».
Será talvez nas sondagens que a Lehendakaritza faz, porque no Euskobarómetro a avaliação de Patxi López caiu dos 4,3 com que reprovava em Maio para os 3,7 com que chumba hoje.
Notas muito más, em qualquer caso. Desconhecidas na Europa salvo para governos em fase terminal à beira de serem varridos pelas urnas. Até o próprio Francisco José Llera - com muitos anos de traquejo - se mostrou «surpreendido». «O que teria sido normal era uma mudança de percepção por parte dos cidadãos», tentou explicar. E houve mudança. Para pior. Outra coisa é que isso não seja do seu agrado.
Iñaki IRIONDO
Fonte: Gara
Sobre o Euskobarómetro, confrontar também fonte jornalística espanhola.