segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Um apoio enorme ao desejo dos desportistas


Os próprios organizadores do festival, os desportistas, consideraram o evento que ontem decorreu no velódromo de Donostia como um primeiro passo para o reconhecimento das selecções de Euskal Herria. Mas a verdade é que, tendo em vista a enorme recepção que lhe foi dada, esse primeiro impulso se pode catalogar como um passo gigante.

Nunca até à data se tinha organizado uma coisa idêntica em Euskal Herria. Tanto caras conhecidas do desporto como do mundo do bertsolarismo ou da cultura, e até a gente anónima, deram as mãos com força num mesmo lugar para reivindicar algo que, como ontem ficou à vista, tantas pessoas exigem.

O som da txalaparta à meia luz dava início a um acto que se prolongaria durante mais de duas horas. O primeiro grande aplauso da tarde foi arrancado por Maialen Lujanbio, actual txapeldun [campeã] do Campeonato de Bertsolaris de Euskal Herria, com um emocionante bertso em jeito de abertura para o primeiro vídeo da jornada.

O pelotari Oier Mendizabal substituiu-a com um breve discurso e cedeu o lugar aos apresentadores da gala: os jornalistas Arritxu Iribar e Xabier Usobiaga. Depois de agradecerem aos desportistas e ao público o trabalho realizado durante os últimos meses, apresentaram a primeira prova da tarde, a cargo dos xadrezistas Félix Izeta e Iñigo Argandoña.

O primeiro disputou doze partidas em simultâneo durante praticamente todo o evento; o segundo, uma partida com os olhos vendados. Momentos antes de finalizar o acto, os dois especialistas na matéria enfrentaram-se numa partida rápida. O vencedor foi Argandoña.

Um acto deste calibre não podia ser organizado sem um símbolo. A pedra que o artista Koldobika Jauregi desenhou especialmente para a ocasião foi a desculpa perfeita para que seis pares de harrijasotzailes levantassem o símbolo de todo um povo.

A pedra, de 183,8 quilos, foi levantada três vezes por cada par. Aí esforçaram-se, entre outros, Ostolaza e Luxarbe, Irigoien e Zelailuze, e, nas mulheres, Miren Urkiola e Idoia Etxeberria, que fizeram o mesmo mas com uma pedra de 105 kg.

Em seguida, os remadores assumiram o protagonismo para realizar um duelo de 1000 metros por equipas com o ergómetro. José Luis Korta e Mikel Orbañanos fizeram de treinadores. Na sessão masculina, o triunfo foi para os de Korta, com um tempo de 2.56 contra os 2.59 dos de Orbañanos. Nas mulheres, a vitória foi parar às mãos de Hondarribia, com um tempo de 3.39 contra os 3.51 de Getaria.

A sokatira [cabo de guerra, jogos de corda] também tinha algo para mostrar. Assim, Girizia (Oiartzun) e Beti Gazte (Lesaka) alcançaram um merecido empate no seu duelo. Ander Azurmendi e Aitor Eguzkitza, por seu lado, realizaram uma demonstração de kick boxing, a que se seguiu uma sessão de bertsos com três dos oito finalistas de Euskal Herria: Unai Iturriaga, Sustrai Colina e Jon Maia.

Os três magos da rima meteram-se com numerosos desportistas. Inclusive, até se atreveram a brincar com aquela história da Real Sociedad / Real Unión e o tema da monarquia.

Outros três bertsolaris daquela final apaixonante, Amets Arzallus, Andoni Egaña e Aitor Mendiluze, deleitaram o grande público mais tarde com outra dose de bertsos e quadras.

Parte final com emoção
A tarde encontrava-se no seu ponto mais alto, mas todo o acto emotivo necessita de uma faísca para que o coração acabe por explodir de júbilo. Essa faísca soltou-se com os escaladores Irati Anda e Eneko Karapeto, que, pendurados lá do alto do velódromo, se dirigiram para o centro do palco.

Entretanto, a música de Oreka TX e Iker Goenaga, ajudados por melodias realizadas com machados e serras, começaram a emocionar os presentes. Maialen Lujanbio voltou a aparecer para deixar os milhares de aficionados com pele de galinha. E uma ikurriña gigante abriu-se lá no ponto mais alto.

Todos os desportistas que presenciaram o acto subiram ao palco com uma outra ikurriña, mais pequena, e comandados por José Ángel Iribar e Inaxio Kortabarria - rememorando aquela imagem dos jogadores de Real e Athletic levando a ikurriña quando ainda era proibida -, demonstrando a todo um povo que a união pode servir para alcançar um mesmo objectivo, que é a criação de um âmbito desportivo que reconheça Euskal Herria.

Imanol CARRILLO
Fonte: Gara

Ver também:
Euskal Herriko Kirolariak
http://euskalherrikokirolariak.org/