terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Promessas de ano novo


Durante estes dias descobri um programa que passam ao meio-dia. Centra-se basicamente em investigações policiais sobre homicídios, violações e crimes atrozes na Austrália. E flipei com as gravações dos interrogatórios, que eram reais, porque lhes faziam confessar as atrocidades cometidas só à base de inequívocas provas incriminatórias encontradas. Bem, isso não se vê por estas terras, e, claro, é surpreendente.

E lembrei-me da forma como começámos o ano há dois Janeiros atrás, com o ministro espanhol do Interior a anunciar as confissões «espontâneas» de Igor Portu, enquanto permanecia na UCI.

Dois anos mais tarde continuará a regozijar-se, não por continuar a não ligar nenhuma às recomendações internacionais e nada acontecer, ou por não gravar os interrogatórios a nenhum basco nas esquadras, ou porque as denúncias de tortura se mantenham todos os anos num patamar de números escandalosos e intoleráveis testemunhos. Agora contam com métodos mais avançados; para quê esquadras de vidro se o «sequestro express» é mais fácil e salvaguarda a impunidade? O ano que deixamos deixou-nos exemplos de sobra para o confirmar. E em todas as modalidades: desde interrogatórios ilegais nos montes até à imposição de mais dez anos de prisão a um ex-preso que cumpriu 20. Ou a repressão intramuros que força um preso basco a tentar tirar a vida a si mesmo. E embora esta violência «democrática» se omita nos boletins noticiosos, um mês após outro os rostos da repressão política tornaram-se mais visíveis. E doze dão para muita coisa.

«E, no entanto, ela move-se», dizia Galileu Galilei. As últimas respostas, unitárias e massivas, reuniram cores e signos, milhares de cidadãos. E o ano que nos saúda parece vir com a necessidade de que os bascos façam de alavanca activa logo bem cedo. E para começar com o pé direito, as ruas de Bilbo acolherão no sábado a exigência do respeito pelos direitos dos presos políticos bascos. Outra boa forma de dar um impulso e continuar a caminhar. Não vou prometer que em 2010 vou começar a ir ao ginásio e que deixarei de fumar, mas em relação ao que o italiano chamava mover-se, podem contar comigo. Urte berri on! [Bom Ano Novo!]

Gari MUJIKA
jornalista
Fonte: Gara