terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O «Egunkaria» reúne múltiplos apoios antes do julgamento que hoje começa


Martxelo Otamendi, Iñaki Uria, Joan Mari Torrealdai, Xabier Oleaga e Txema Auzmendi sentam-se a partir de hoje no banco dos réus da Audiência Nacional espanhola. Não estarão sós, mas acompanhados por uma importante representação da sociedade, da cultura, do ensino, da política e do sindicalismo de Euskal Herria. Os acusados, antes de se porem a caminho de Madrid, agradeceram de antemão este alento, pedindo também a sua absolvição.

Pouco antes de subirem para o autocarro que partia para Madrid, Martxelo Otamendi, Iñaki Uria, Joan Mari Torrealdai, Xabier Oleaga e Txema Auzmendi passaram os últimos minutos em Euskal Herria a exigir a absolvição no julgamento que hoje terá início na Audiência Nacional espanhola. Admitiram, ainda, que não aceitarão nenhuma outra resolução que não represente uma absolvição «para o que foi o projecto e a realidade do Egunkaria».

Os cinco acusados, que surgiram na conferência de imprensa acompanhados pelos seus familiares, quiseram agradecer o apoio que receberam de grande parte da sociedade basca. «O apoio de ontem, de hoje e de amanhã», precisaram. Insistiram ainda na ideia de que é esse alento que faz com que eles e as suas famílias «vão a Madrid de cabeça bem erguida face a quem os acusa». Este apoio fez-se sentir ainda mais quando os acusados subiram, entre aplausos e palavras de incentivo, para o autocarro que os levaria até Madrid.

Além dos familiares que viajavam com eles, encontrarão hoje no tribunal de excepção uma representação importante da sociedade basca. E houve muita gente que, face à impossibilidade de estar presente hoje em Madrid, manifestou a sua solidariedade aos acusados antecipadamente, como se pode ver numa lista de apoios que o Gara publica.

Torrealdai, que fez uso da palavra em nome dos cinco, assegurou estar mais que orgulhoso pelo compromisso que manteve com a sua língua, a sua cultura, o seu país e com o jornalismo em euskara, «embora a dada altura tenhamos sido presos por isso e agora nos levem a julgamento», comentou.

Contudo, por mais que vão a Madrid de cabeça erguida e satisfeitos com o seu trabalho, vão porque os obrigam e isso mesmo fizeram questão de dizer. «Vamos contra a nossa vontade, depois de nos terem sujeitado a sete anos de pena no banco dos réus e à dor e à ofensa permanentes», referiu com desgosto.

O facto de o tribunal de excepção ter optado por esticar o processo até ao julgamento oral, fazendo caso omisso das solicitações da Procuradoria, é, como alertaram ontem, «o principal motivo da incerteza» que os acusados sofrem.

O julgamento que hoje começa é insólito no contexto geral destes macro-processos políticos. É a primeira vez que, perante uma base acusatória como esta, a Procuradoria solicita o arquivamento. Apesar disso, o tribunal de excepção decidiu levar o caso a julgamento.

A lembrança de Donostia
Os cinco acusados afirmaram que durante estes dias serão escritas «as páginas mais negras da história do euskara e da acção popular em seu apoio» e mostraram a sua tristeza pelo importante espaço que este tipo de episódios ocupa na história do país.

Apesar da preocupação com o julgamento ser patente nos rostos dos acusados, fizeram questão de olhar para lá do início deste julgamento, para sábado que vem. Nesse dia, a partir das 17h, na Praça Aita Donostia, em Bilbau, terá início uma manifestação que - com o lema «Egunkaria libre!» - denunciará toda esta situação e se solidarizará com os afectados.

«Vamos, mas havemos de voltar». Desta forma assertiva se manifestou Torrealdai perante a comunicação social, fazendo também um convite aos cidadãos para participarem na manifestação de protesto contra este julgamento.

A conferência de imprensa decorreu no parque Martin Ugalde, precisamente no mesmo lugar onde há sete anos ficava a sede central do Egunkaria, que foi fechada pela Guarda Civil. Atrás dos acusados podia-se ver uma imagem da manifestação que inundou Donostia em solidariedade com o diário encerrado, apenas dois dias depois. «O nosso objectivo é apelar àquela lembrança para chegar a uma manifestação de dimensões semelhantes, desta vez em Bilbau», confessou Torrealdai com emoção.

Oihana LLORENTE
Fonte: Gara

No âmbito do Estado espanhol, haverá uma concentração de apoio ao Egunkaria e às pessoas processadas, também no próximo dia 19, em Saragoça (Aragão), convocada pela Plataforma aragonesa de refirme a Egunkaria.
Ver: http://www.kaosenlared.net/noticia/concentracion-zaragoza-apoyo-egunkaria