segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Mais de 2500 pessoas contra a repressão e os julgamentos políticos em Iruñea

A marcha defendeu a viabilidade de todos os projectos políticos, incluindo o independentista

Reportagem: Epaiketa politikorik ez! Não aos julgamentos políticos! Com entrevista a Ikerne Indakoetxea, uma das imputadas no processo das «detenções preventivas», a Xabier Torregrosa, pai de uma das jovens detidas na operação recente contra a juventude basca, e a Iñaki Txapar, «gazte eta aske».

Cerca 2500 pessoas participaram na manifestação que percorreu as ruas de Iruñea, fazendo ouvir palavras de ordem contra a repressão e a tortura.
No comunicado lido no final da marcha recordaram que tanto a Amnistia Internacional como a ONU exigiram ao Estado espanhol a abolição do regime de incomunicação, mas que a «resposta dada pelo Estado» consistiu na detenção de mais 34 pessoas, todas submetidas ao regime de incomunicação. Destacaram o caso de Ainara Bakedano, detida a escassos 50 metros da Audiência Nacional espanhola e imediatamente incomunicável. Bakedano denunciou ter sido torturada.

Julgamentos de pessoas detidas preventivamente
A manifestação de sábado também tinha como objectivo denunciar o julgamento de treze cidadãos e cidadãs bascas, actualmente a decorrer. Duas delas são navarras. No comunicado que foi lido, afirma-se que estes julgamentos se baseiam em declarações [não confissões!] arrancadas sob tortura, e que o objectivo destas operações é «tirar das ruas as pessoas comprometidas». Como exemplo do carácter político das operações apresentaram os seguintes dados. Foram detidas 120 pessoas, sendo que muitas delas foram encarceradas depois de denunciarem ter sido torturadas. Apesar das provas que diziam possuir contra elas, passaram os anos e apenas 58 dessas 120 pessoas foram ou irão a julgamento. «E, para além disso, muitas delas foram absolvidas depois de terem passado até 4 anos em prisão preventiva. Como é possível que uma pessoa seja detida de forma preventiva, sujeita ao regime de incomunicação durante 5 dias, torturada, encarcerada durante anos para depois ser absolvida? Que tipo de justiça permite isto?», perguntaram.

Muro popular contra a repressão
Afirmaram que «as detenções, os julgamentos e restantes formas de violações de direitos» se baseiam em interesses políticos e que, com eles, PP, UPN e PSOE procuram «impor um projecto». «Todos e todas as que não comunguem com eles são terroristas. E os primeiros, os mais trabalhadores, os mais activos, os mais combativos, o futuro, o movimento juvenil», realçaram.
Face a esta situação, fizeram um apelo no sentido de se «erguer uma grande muralha popular contra a repressão» de forma a garantir que todos os direitos e todos os projectos políticos «sejam respeitados».

Polícia Municipal ameaça com multas
A manifestação foi vigiada por dezenas de polícias espanhóis, que mais tarde se espalharam por diversas ruas da Alde Zaharra. A Polícia Municipal também participou, anunciando multas pela colocação do equipamento de som que serviria para a leitura do comunicado. Antes de se dar início ao acto final, foi lembrada a sarauí Aminatu Haidar, que se encontra em greve de fome, sendo fortemente ovacionada.
Fonte: apurtu.org

Manifestação também em Donostia
Se o protesto de Iruñea incidiu em práticas como as «detenções preventivas» e a «a lista negra» e se nele se fizeram ouvir palavras de ordem como «Atxilotuak askatu» [libertem os detidos], «Independentzia», «Jo ta ke irabazi arte» [até à vitória final, sem descanso] ou «Euskal gazteria aurrera» [viva a juventude basca], em Donostia a manifestação, também com cerca de 2500 pessoas, visava protestar especialmente contra a última operação policial.
À cabeça da marcha, jovens que vão ser julgados nos próximos meses na Audiência Nacional espanhola e para os quais pedem oito anos de prisão. Todos vestiam as emblemáticas T-shirts vermelhas. Durante o trajecto ouviram-se palavras de ordem contra a tortura, «Herriak ez du barkatuko» [o povo não perdoará] ou «Borroka da bide bakarra» [a luta é o único caminho]. No final, se recordou-se que, no âmbito das operações efectuadas contra a juventude basca ao abrigo da mui normalizada doutrina judicial contra a Segi, já foram detidos cerca de 150 jovens.
À frente da marcha, a Ertzaintza, papel que em Iruñea foi desempenhado pela Polícia espanhola.

A audiência oral relacionada com as «detenções preventivas» foi contestada também na sexta-feira noutras manifestações, nomeadamente em Azpeitia (400 pessoas), em Algorta (150) e em Oiartzun (150).
Fonte: Gara