O Colectivo Jon Anza fez ontem em Baiona um balanço «animador e positivo» dos contactos mantidos entre os dias 15 e 18 de Dezembro com diversos agentes políticos, institucionais, sociais e meios de comunicação parisienses, com o propósito de dar a conhecer o caso do desaparecimento do militante donostiarra. A delegação composta por um membro do Abertzaleen Batasuna, um colega de trabalho de Anza, Gabi Mouesca, Anaiz Funosas (Askatasuna) e pela companheira de Anza regressou «reconfortada» porque foi «ouvida» e porque todos os interlocutores prometeram divulgar o caso e utilizar os meios ao seu alcance para ajudar a esclarecer o desaparecimento.
Durante a tournée informativa, a delegação do colectivo reuniu-se com a senadora dos Verdes Alima Boumedienne, que, segundo referiu Funosas, «se comprometeu a pôr em marcha os dispositivos parlamentares adequados para tratar de esclarecer o sucedido». Entre as personalidades políticas, também se encontraram com um membro da executiva nacional da NPA e dois do comité de Ipar Euskal Herria, bem como com o responsável da Justiça do PCF, Henri Malberg, na sede da formação política. Os representantes de ambos os partidos afirmaram que vão seguir a questão e os primeiros irão publicar nos próximos dias um comunicado oficial de denúncia.
Em relação à comunicação social, contactaram com o semanário Metro - que no dia a seguir ao encontro publicou um artigo -, com Le Parisien - que foi o primeiro diário parisiense a divulgar a notícia do desaparecimento de Anza - e também com Le Journal du Dimanche. Todos garantiram aos membros do Colectivo Anza que continuarão a dar notícias sobre o caso.
Já conheciam o caso
Para além disso, os membros do colectivo mantiveram encontros com o conhecido advogado Antoine Comte, «perito em questões ligadas aos poderes estatais e a militantes políticos». Também com o sociólogo e professor da Universidade de Nanterre Laurent Bonelli, «especialista em temas de segurança e luta antiterrorista de Inglaterra, Espanha e França» que, como referiu Funosas, «estava bastante ao corrente das circunstâncias do desaparecimento de Anza». Outra personalidade que conhece bem o caso é Jean-Pierre Dubois, presidente da Liga dos Direitos do Homem (LDH), que não escondeu a sua preocupação «pela gravidade dos acontecimentos». «Dubois levou o assunto muito a sério e prometeu-nos que activará todos os recursos ao seu alcance, incluindo os senadores e deputados de diferentes tendências políticas que são membros da LDH», acrescentou Funosas.
A porta-voz abordou ainda o encontro com representantes da Embaixada de Espanha, a quem entregaram um dossier completo sobre o desaparecimento do militante e uma carta em que insta as autoridades espanholas a informá-los sobre as passos dados para esclarecer o caso. A embaixada prometeu uma resposta escrita a este pedido.
A tournée informativa terminou com uma conferência organizada pelo Comité de Solidariedade com o Povo Basco de Paris, em que estiveram presentes numerosos militantes de redes sociais de esquerda e também Monsenhor Jacques Gaillot, bispo célebre pela atitude crítica em relação à Igreja oficial.
Tournée proveitosa
Gabi Mouesca considerou esta tournée como «extremamente frutuosa», no sentido em que «os interlocutores não se deixaram influenciar pela militância de Anza e se interessaram pelo desaparecimento de um homem em território francês a cargo de agentes estrangeiros».
Mouesca assinalou também a «perplexidade» mostrada por muitos deles relativamente ao «mutismo dos 'grandes eleitos', em particular senadores e deputados de Ipar Euskal Herria sobre um caso tão grave» e destacou a influência que teve o artigo publicado por Le Monde. «Isto demonstra o peso e a importância dos meios de comunicação no momento de abrir fendas que possibilitem o esclarecimento dos factos», disse o porta-voz.
O colectivo pretende continuar a trabalhar para «romper o muro de silêncio» que envolve o desaparecimento. Afirmam, determinados, que «não vão deixar cair no esquecimento o que se passou com Anza» e dirigindo-se em particular a Michèle Alliot-Marie, actual ministra da Justiça - e do Interior quando o militante desapareceu -, exigem-lhe «em nome da família de Anza, e do povo basco em general, que diga toda a verdade sobre o seu paradeiro».
Por outro lado, o colectivo pede à procuradora de Baiona que ponha o caso nas mãos de um juiz de instrução «para que seja feita uma investigação como é devida». Segundo Mouesca, «este passo permitiria, entre outros aspectos, levantar o segredo sobre os passos que foram dados e a família poderia ficar a saber se das investigações resultou algum dado conclusivo ou se, pelo contrário, as pesquisas realizadas até agora não tiveram qualquer resultado, como diz a magistrada».
Arantxa MANTEROLA
Fonte: Gara
Na imagem inferior, membros do colectivo em frente à embaixada espanhola em Paris, onde foram recebidos.
Durante a tournée informativa, a delegação do colectivo reuniu-se com a senadora dos Verdes Alima Boumedienne, que, segundo referiu Funosas, «se comprometeu a pôr em marcha os dispositivos parlamentares adequados para tratar de esclarecer o sucedido». Entre as personalidades políticas, também se encontraram com um membro da executiva nacional da NPA e dois do comité de Ipar Euskal Herria, bem como com o responsável da Justiça do PCF, Henri Malberg, na sede da formação política. Os representantes de ambos os partidos afirmaram que vão seguir a questão e os primeiros irão publicar nos próximos dias um comunicado oficial de denúncia.
Em relação à comunicação social, contactaram com o semanário Metro - que no dia a seguir ao encontro publicou um artigo -, com Le Parisien - que foi o primeiro diário parisiense a divulgar a notícia do desaparecimento de Anza - e também com Le Journal du Dimanche. Todos garantiram aos membros do Colectivo Anza que continuarão a dar notícias sobre o caso.
Já conheciam o caso
Para além disso, os membros do colectivo mantiveram encontros com o conhecido advogado Antoine Comte, «perito em questões ligadas aos poderes estatais e a militantes políticos». Também com o sociólogo e professor da Universidade de Nanterre Laurent Bonelli, «especialista em temas de segurança e luta antiterrorista de Inglaterra, Espanha e França» que, como referiu Funosas, «estava bastante ao corrente das circunstâncias do desaparecimento de Anza». Outra personalidade que conhece bem o caso é Jean-Pierre Dubois, presidente da Liga dos Direitos do Homem (LDH), que não escondeu a sua preocupação «pela gravidade dos acontecimentos». «Dubois levou o assunto muito a sério e prometeu-nos que activará todos os recursos ao seu alcance, incluindo os senadores e deputados de diferentes tendências políticas que são membros da LDH», acrescentou Funosas.
A porta-voz abordou ainda o encontro com representantes da Embaixada de Espanha, a quem entregaram um dossier completo sobre o desaparecimento do militante e uma carta em que insta as autoridades espanholas a informá-los sobre as passos dados para esclarecer o caso. A embaixada prometeu uma resposta escrita a este pedido.
A tournée informativa terminou com uma conferência organizada pelo Comité de Solidariedade com o Povo Basco de Paris, em que estiveram presentes numerosos militantes de redes sociais de esquerda e também Monsenhor Jacques Gaillot, bispo célebre pela atitude crítica em relação à Igreja oficial.
Tournée proveitosa
Gabi Mouesca considerou esta tournée como «extremamente frutuosa», no sentido em que «os interlocutores não se deixaram influenciar pela militância de Anza e se interessaram pelo desaparecimento de um homem em território francês a cargo de agentes estrangeiros».
Mouesca assinalou também a «perplexidade» mostrada por muitos deles relativamente ao «mutismo dos 'grandes eleitos', em particular senadores e deputados de Ipar Euskal Herria sobre um caso tão grave» e destacou a influência que teve o artigo publicado por Le Monde. «Isto demonstra o peso e a importância dos meios de comunicação no momento de abrir fendas que possibilitem o esclarecimento dos factos», disse o porta-voz.
O colectivo pretende continuar a trabalhar para «romper o muro de silêncio» que envolve o desaparecimento. Afirmam, determinados, que «não vão deixar cair no esquecimento o que se passou com Anza» e dirigindo-se em particular a Michèle Alliot-Marie, actual ministra da Justiça - e do Interior quando o militante desapareceu -, exigem-lhe «em nome da família de Anza, e do povo basco em general, que diga toda a verdade sobre o seu paradeiro».
Por outro lado, o colectivo pede à procuradora de Baiona que ponha o caso nas mãos de um juiz de instrução «para que seja feita uma investigação como é devida». Segundo Mouesca, «este passo permitiria, entre outros aspectos, levantar o segredo sobre os passos que foram dados e a família poderia ficar a saber se das investigações resultou algum dado conclusivo ou se, pelo contrário, as pesquisas realizadas até agora não tiveram qualquer resultado, como diz a magistrada».
Arantxa MANTEROLA
Fonte: Gara
Na imagem inferior, membros do colectivo em frente à embaixada espanhola em Paris, onde foram recebidos.