A Etxerat pediu na sexta-feira a demissão de Rodolfo Ares – que expressou publicamente o seu «desprezo e repúdio» para com os actos legais organizados por familiares de presos políticos – para que a cidadania «tome consciência de que o conselheiro do Interior actua a partir do ódio contra uma parte importante da sociedade». Também asseguraram que as fotografias das presas e dos presos «vão continuar na rua», e salientaram que Lakua sabe que «está perante uma batalha perdida».
«As fotografias vão continuar na rua e em todos os lugares que o determinação solidária da sociedade basca julgue conveniente. O Departamento do Interior sabe que está perante uma batalha perdida». Foi assim que a Etxerat respondeu na sexta-feira, numa conferência de imprensa que decorreu em Bilbau, às últimas iniciativas do Executivo de Lakua nesta área.
Junto a Natxi Aranburu e Oihane Ozamiz, que intervieram como porta-vozes, encontravam-se os pais de Arkaitz e Zigor Goikoetxea Basabe – cuja casa, em Getxo, foi atacada no dia 20 por um grupo de incontrolados –, o pai de Joxe Mari Sagardui, Gatza, – que já passou 29 anos na prisão – e a companheira de Sebas Lasa – em greve de fome para denunciar a agressão de que foi vítima no estabelecimento prisional de Puerto de Santa María. Três exemplos que, na sua perspectiva, reflectem «um contexto em que a dispersão continua vigente, se aplica a pena perpétua, sete presos e presas com doenças graves e incuráveis permanecem na prisão, e no qual também se inclui a morte recente de dois iheslaris [refugiados]».
Por isso, os representantes da Etxerat afirmaram que «as palavras do Sr. Rodolfo Ares Taboada proferidas na última terça-feira no Parlamento de Gasteiz são um claro exemplo» do «fracasso e da frustração» que a solidariedade recebida pelos presos políticos e pelos seus familiares provoca nos dirigentes do PSOE e do PP. Ao referir-se no Parlamento à concentração levada a cabo no Haize Orrazia [Pente do Vento], em Donostia, o conselheiro do Interior comentou: «Merece todo o meu desprezo e repúdio». Precisamente, a imagem desse acto, no qual participaram centenas de familiares e amigos de presos políticos, era o pano de fundo da conferência de imprensa.
E, neste contexto, a Etxerat pediu a «demissão imediata» do conselheiro do Interior, por considerar que «uma pessoa assim não é digna de ocupar qualquer cargo, e muito menos de velar pela segurança dos cidadãos de Araba, Bizkaia e Gipuzkoa, uma vez que a sua vontade de actuar contra grande parte da sociedade o tornam um perigo político e policial».
Conscientes de que Ares não se demitirá, consideram necessário comunicar aos cidadãos denúncia de uma atitude «autoritária, ignorante e grosseira». Mais ainda, afirmaram que tal não os surpreende, «vindo de alguém que cresceu politicamente ao lado de Ricardo García Damborenea ou Julián Sancristóbal», dois dirigentes do PSE implicados na guerra suja durante o governo de Felipe González.
Referiram ainda que, apesar das pretensões do Governo de Patxi López, «a solidariedade com os presos políticos bascos não vai desaparecer até que os seus direitos sejam respeitados». «Para a Etxerat – acrescentaram – é óbvio que a solidariedade e o carinho manifestados aos nossos familiares reclusos não é nenhum crime».
As mobilizações reúnem centenas de pessoas
Apesar dos entraves colocados pelas instituições, as mobilizações a favor dos direitos dos presos políticos sucedem-se, e isso é particularmente evidente todas as sextas-feiras.
Em Gipuzkoa, 230 pessoas juntaram-se em Donostia; 200 em Hernani; 31 em Urnieta; 20 em Antzuola; 140 em Zarautz; 128 em Lazkao, onde foi lembrada a situação de Artiz Eskisabel, condenado a 6 anos; 45 em Deba, onde se exigiu o esclarecimento sobre o paradeiro de Jon Anza; 53 em Lizartza, onde haverá uma concentração, na próxima quarta-feira, às 20h, para denunciar as condenações contra aqueles que protestam contra «a ocupação da Autarquia», pela dirigente do PP Regina Otaola; 32 em Lezo; 50 em Oñati; 28 em Getaria; 56 em Bergara e 125 em Oiartzun.
Em Nafarroa, 81 pessoas concentram-se em Etxarri-Aranatz; 30 em Berriozar; 16 em Bera; 60 em Elizondo; 36 em Lizarra e 35 em Tafalla. Em Arbizu, 146 denunciaram o sequestro do seu conterrâneo Alain Berastegi.
Em Araba, houve uma das maiores mobilizações, mais precisamente em Gasteiz, onde se juntaram 370 pessoas; em Amurrio foram 30.
Na Bizkaia, 100 pessoas concentraram-se em frente à Sabin Etxea, em Bilbau; 103 em Lekeitio; 135 em Ondarru; 7 em Gatika; 25 em Mundaka; 80 em Algorta; 45 em Galdakao; 31 em Ugao e 15 em Berriz.
Fonte: Gara