Ondarroa homenageou neste domingo a trajectória de sacrifício do refugiado José Antonio Otxoantesana Okana, que partiu da localidade pesqueira biscainha para o exílio em 1979 e cujas cinzas se juntaram a esse mar de que tinha tantas saudades no México, onde faleceu no dia 27 de Junho. Um acto político na Alameda ondarrutarra serviu para recordar a sua trajectória vital de compromisso com Euskal Herria e a perseguição que tanto ele como outros sofreram e sofrem, referindo expressamente o caso de Jon Anza.
No domingo passado, cerca de trezentas pessoas participaram, na Alameda de Ondarroa, num acto a favor dos direitos dos refugiados bascos, no qual se abordou a figura de José Antonio Otxoantesana, desde a sua participação na criação do grupo de dantza Krexala até à sua fuga para Ipar Euskal Herria, de onde partiu para o México por temor à guerra suja.
Foi um acto emotivo, em que os mais veteranos recordaram as vicissitudes da vida de Okana, como era conhecido pelos seus amigos, e em que os jovens prestaram homenagem ao seu compromisso com os direitos políticos e sociais de Euskal Herria. A sua decisão de partir para terras americanas, por causa da guerra suja impulsionada pelo Governo do PSOE nos anos 80, conduziu à reflexão dos representantes do colectivo de exilados e do Movimento pró-Amnistia.
Por entre as alocuções com um carácter mais marcadamente político, houve tempo para uma oferenda floral, na presença de uma foto de Otxoantesana, um respeitoso agurra e um abraço carinhoso aos seus familiares, que vivem nos dois lados do oceano. Anjel Alkalde, em nome do colectivo de refugiados políticos bascos, iniciou a sua intervenção realçando o compromisso de Okana com a liberdade do país, nas ruas de Ondarroa, em Ipar Euskal Herria e no México, um compromisso que o haveria de conduzir a um quartel da Guarda Civil e à prisão.
A guerra suja foi outro dos episódios destacados por Alkalde, que insistiu na ideia de que o exilado ondarrutarra jamais esqueceu o seu compromisso político, mesmo em terras mexicanas. Perante a "chantagem" e as "agressões" dos estados francês e espanhol, "perante a imposição, olhaste sempre para frente", acrescentou o ex-preso e ex-refugiado de Portugalete para agradecer a Okana.
Para além destas reflexões sobre o perfil militante de José Antonio Otxoantesana, os seus amigos, os que ficaram em Ondarroa e com quem manteve uma ligação apesar dos 30 anos de duro exílio, subiram ao palco para agradecer à esposa de Okana e às pessoas mais próximas.
Em seguida, um representante do Movimento pró-Amnistia deu um abraço sentido aos familiares de Otxoantesana, salientando depois que, ao longo da história, têm sido milhares as pessoas obrigadas a fugir por razões políticas, e que "hoje, no século XXI, são inúmeros os cidadãos bascos que ainda têm de fugir".
Sublinhou o mau bocado que todos passaram ao abandonar, contra a sua vontade, a sua terra, a sua família, o seu trabalho, o seu meio, para terem de começar uma nova vida.
Esclareceu que o exílio existe "porque em Euskal Herria a tortura é o pão de cada dia e porque é fácil entrar na prisão, mas não sair". Embora a fuga para o exílio não signifique escapar à repressão do Governo espanhol, nem em terras bascas nem longe delas.
Perseguição sem fronteiras
Neste contexto, lembrou as detenções de refugiados políticos bascos na Irlanda, na Venezuela e no herrialde de Lapurdi. "A caça às bruxas do Governo espanhol contra os exilados não tem em conta fronteiras geográficas, e para isso procura alianças repressivas com diferentes governos em todo o mundo", referiu na presença das pessoas que participaram na homenagem a Okana, na qual também foi lembrada a figura de um outro refugiado morto fora da sua torra, Kepa Arizmendi. Natural de Elizondo, morreu em Baiona no dia 8 de Junho, também na sequência de um derrame cerebral.
O Movimento pró-Amnistia realçou ainda o facto de "este estado de perseguição permanente, para além da distância a que vivem da sua terra e dos seus, ter consequências na sua saúde. Nestas condições, vivem centenas de refugiados dentro e fora de Euskal Herria".
Ao abordar esta situação, não se esqueceu de mencionar o desaparecimento, há já três meses, do ex-preso e refugiado donostiarra Jon Anza, o que o levou a perguntar pelo seu paradeiro e a razão pela qual não aparece.
"Euskal Herria vive um conflito político, e um exemplo claro desse conflito político são os refugiados políticos espalhados pelo mundo. Apesar de terem tido que fugir das suas terras, que amam - afirmou -, conseguiram integrar-se noutras terras pelo mundo fora, nas quais se sabe que são refugiados políticos". Agradeceu a quem os recebe. Concluiu a sua alocução deixando claro que vão lutar pelo regresso de todos os exilados através da solução democrática do conflito político.No domingo passado, cerca de trezentas pessoas participaram, na Alameda de Ondarroa, num acto a favor dos direitos dos refugiados bascos, no qual se abordou a figura de José Antonio Otxoantesana, desde a sua participação na criação do grupo de dantza Krexala até à sua fuga para Ipar Euskal Herria, de onde partiu para o México por temor à guerra suja.
Foi um acto emotivo, em que os mais veteranos recordaram as vicissitudes da vida de Okana, como era conhecido pelos seus amigos, e em que os jovens prestaram homenagem ao seu compromisso com os direitos políticos e sociais de Euskal Herria. A sua decisão de partir para terras americanas, por causa da guerra suja impulsionada pelo Governo do PSOE nos anos 80, conduziu à reflexão dos representantes do colectivo de exilados e do Movimento pró-Amnistia.
Por entre as alocuções com um carácter mais marcadamente político, houve tempo para uma oferenda floral, na presença de uma foto de Otxoantesana, um respeitoso agurra e um abraço carinhoso aos seus familiares, que vivem nos dois lados do oceano. Anjel Alkalde, em nome do colectivo de refugiados políticos bascos, iniciou a sua intervenção realçando o compromisso de Okana com a liberdade do país, nas ruas de Ondarroa, em Ipar Euskal Herria e no México, um compromisso que o haveria de conduzir a um quartel da Guarda Civil e à prisão.
A guerra suja foi outro dos episódios destacados por Alkalde, que insistiu na ideia de que o exilado ondarrutarra jamais esqueceu o seu compromisso político, mesmo em terras mexicanas. Perante a "chantagem" e as "agressões" dos estados francês e espanhol, "perante a imposição, olhaste sempre para frente", acrescentou o ex-preso e ex-refugiado de Portugalete para agradecer a Okana.
Para além destas reflexões sobre o perfil militante de José Antonio Otxoantesana, os seus amigos, os que ficaram em Ondarroa e com quem manteve uma ligação apesar dos 30 anos de duro exílio, subiram ao palco para agradecer à esposa de Okana e às pessoas mais próximas.
Em seguida, um representante do Movimento pró-Amnistia deu um abraço sentido aos familiares de Otxoantesana, salientando depois que, ao longo da história, têm sido milhares as pessoas obrigadas a fugir por razões políticas, e que "hoje, no século XXI, são inúmeros os cidadãos bascos que ainda têm de fugir".
Sublinhou o mau bocado que todos passaram ao abandonar, contra a sua vontade, a sua terra, a sua família, o seu trabalho, o seu meio, para terem de começar uma nova vida.
Esclareceu que o exílio existe "porque em Euskal Herria a tortura é o pão de cada dia e porque é fácil entrar na prisão, mas não sair". Embora a fuga para o exílio não signifique escapar à repressão do Governo espanhol, nem em terras bascas nem longe delas.
Perseguição sem fronteiras
Neste contexto, lembrou as detenções de refugiados políticos bascos na Irlanda, na Venezuela e no herrialde de Lapurdi. "A caça às bruxas do Governo espanhol contra os exilados não tem em conta fronteiras geográficas, e para isso procura alianças repressivas com diferentes governos em todo o mundo", referiu na presença das pessoas que participaram na homenagem a Okana, na qual também foi lembrada a figura de um outro refugiado morto fora da sua torra, Kepa Arizmendi. Natural de Elizondo, morreu em Baiona no dia 8 de Junho, também na sequência de um derrame cerebral.
O Movimento pró-Amnistia realçou ainda o facto de "este estado de perseguição permanente, para além da distância a que vivem da sua terra e dos seus, ter consequências na sua saúde. Nestas condições, vivem centenas de refugiados dentro e fora de Euskal Herria".
Ao abordar esta situação, não se esqueceu de mencionar o desaparecimento, há já três meses, do ex-preso e refugiado donostiarra Jon Anza, o que o levou a perguntar pelo seu paradeiro e a razão pela qual não aparece.
Agustín GOIKOETXEA
Fonte: Gara
«Gogoan zaitugu Okana», cerimónia de homenagem a Okana.