terça-feira, 21 de outubro de 2008

Canadá expulsa Iban Apaolaza e deixa-o nas mãos da polícia espanhola


Depois de um ano e quatro meses preso no Canadá, Iban Apaolaza foi expulso deste país no domingo e entregue à Unidade de Cooperação Policial Internacional da polícia espanhola. A Corte do Québec rejeitou a sua libertação a 2 de Outubro com o argumento de que “não era cidadão canadiano”, decisão a que o beasaindarra respondeu com uma greve de fome, para alertar para o “risco de tortura”.

As autoridades canadianas expulsaram no domingo o preso político basco Iban Apaolaza, detido em Junho de 2007 pela Polícia Montada do Canadá, no Québec, correspondendo a um mandado de busca e captura espanhol, em que o acusavam de “pertencer à ETA”.

William Sloan, advogado do perseguido político basco, expressou a sua indignação face à decisão da Corte do Québec de 2 de Outubro, em que se rejeitou a libertação de Apaolaza por não ser “cidadão canadiano”, e afirmou que, de acordo com a resolução da magistrada, “no Canadá temos dois sistemas legais, um para os seres humanos e outro para os refugiados, que, pelos vistos, não merecem ser tratados como seres humanos, vendo violados direitos fundamentais como o habeas corpus”. Para além disso, o advogado denunciou o processo de deportação do refugiado afirmando que é “ilegal, já que se baseia numa declaração forjada sob tortura”. Convém recordar que a acusação que pende sobre Apaolaza assenta nas declarações proferidas por uma detida basca enquanto se encontrava na esquadra em regime de incomunicação.

A sombra da tortura ficou registada inclusive na resolução apresentada em Maio último pelo Departamento de Imigração do Canadá, na qual se afirmava que “existem motivos razoáveis” para crer que as declarações que sustentam a acusação contra Apaolaza foram obtidas sob tortura.

Greve de fome

Um dia depois de a Administração canadiana ter obstruído todos os caminhos à liberdade de Apaolaza, o cidadão basco empreendeu uma greve de fome no centro de detenção de Rivière-des-Prairies, onde se encontrava desde que fora detido. Através desta forma de protesto, que teve que abandonar por motivos de saúde após sete dias sem ingerir alimentos, Apaolaza queria chamar a atenção para o “perigo de tortura que corre” ao ser posto nas mãos de polícias espanhóis.

Durante período de um ano e quatro meses que o beasaindarra Iban Apaolaza permaneceu preso no Canadá, “o que mais lhe custou” foi a distância que o separava do país e da família. Assim o fez saber numa entrevista que concedeu ao GARA, na qual criticou o Estado espanhol por ter decidido evitar de forma arbitrária as vias convencionais e não o requerer por meio da extradição, o que o levou a manifestar o seu temor de que “o deixem nas mãos da polícia, em vez de o levarem à presença de um juiz, e assim, por meio da tortura, possam extrair uma declaração de culpa”.

Fonte: Gara

O juiz dá ordem de prisão a Iban Apaolaza

De acordo com as informações avançadas pelo Movimento Pró-Amnistia, Apaolaza passou a noite na prisão de Soto del Real e ontem de manhã foi conduzido até à Audiência Nacional espanhola.

Apaolaza não prestou declarações e o juiz decretou o seu encarceramento. O besaindarra foi então levado de volta para a prisão de Soto del Real.

O Movimento Pró-Amnistia denunciou as condições em que o prisioneiro político foi transferido do Canadá para Madrid, tendo referido que lhe ataram as mãos e as pernas, e que estas foram presas a um assento. O preso declarou que a viagem foi “bastante dura” e que apenas o deixaram ir à casa de banho uma única vez.
Fonte: Gara