Mais três detidos denunciam torturas
De acordo com informações avançadas pelo Movimento Pró-Amnistia, os jovens dirigiram-se à Audiência Nacional depois de a Guarda Civil não os ter localizado, aquando da operação que levou a cabo em Agosto em Barañain.
O Movimento Pró-Amnistia fez saber que inicialmente a Guarda Civil os manteve sob incomunicação, mas que o juiz acabou por não autorizar que lhes fosse aplicada essa medida.
Aritz Azkona e Mikel Jiménez já tinham feito saber ao juiz Fernando Grande-Marlaska que estavam dispostos a comparecer no tribunal, mas este optou por não levantar a ordem de detenção que tinha sido emitida contra eles, gerando assim a possibilidade da incomunicação.
Estes jovens foram assinalados pela Guarda Civil como pessoas que se teriam integrado na ETA e que estariam a organizar um comando para atacar em Nafarroa.
Quase todos os meios de comunicação publicaram as suas fotografias e se ativeram estritamente à versão policial. No caso de Azkona, a Guarda Civil deslocara-se em Agosto à sua casa para o deter, não por relação com a ETA mas por acusação de prática de acções de kale borroka.
Risco de tortura
O Movimento Pró-Amnistia referiu que “nos encontramos perante mais uma amostra da democracia espanhola”. Segundo explicaram, estes jovens deslocaram-se à Audiência Nacional espanhola de livre vontade para assim poderem evitar um possível período de incomunicação, mas, em vez de o juiz receber a sua declaração, a Guarda Civil deteve-os e pô-los sob incomunicação.
“A Guarda Civil utiliza sistematicamente a tortura contra os cidadãos bascos, e é evidente que estes jovens se encontram em risco de ser torturados”, acrescentou.
O Movimento afirma ainda na sua nota que o “estado de excepção e a impunidade impostos” a Euskal Herria pelo Governo espanhol “não tem limites”.
Por último, critica a classe política, que, tal como os principais meios de comunicação, se calam perante as constantes denúncias de tortura e violações dos direitos fundamentais.
O TAT [Grupo contra a Tortura] exige “responsabilidade e seriedade” aos meios de comunicação no tratamento das denúncias de tortura
O Torturaren Aurkako Taldea (TAT), veio hoje denunciar o uso sistemático da tortura e exigiu aos meios de comunicação um pouco de “responsabilidade e seriedade” no momento de tratar as denúncias.
O Torturaren Aurkako Taldea voltou a chamar a atenção para a prática sistemática da tortura sobre os detidos, como, em seu entender, ficou bem patente em todas as 15 detenções que foram efectuadas desde o final de Agosto em Nafarroa.
O TAT entende que o regime de incomunicação, por si só, já é um método de tortura, ao qual se vem juntar todo o espaço de impunidade que gera para torturar os detidos. Uma prática que, na sua perspectiva, se encontra sistematizada e amparada por todo o aparelho do Estado espanhol, a começar pelas Forças de Segurança do Estado, passando pelos médicos forenses e a acabar nos juízes, que “nunca” investigam as denúncias de tortura.
Criticaram também a cobertura e o tratamento informativo que os meios de comunicação fazem das denúncias de tortura sobre os detidos, bem como das próprias detenções; em concreto, consideraram “inaceitável” que esse seja também o caso dos meios de comunicação públicos, aos quais exigiram um pouco de “responsabilidade e seriedade” no tratamento das denúncias de tortura.
Fonte: Gara