sábado, 18 de outubro de 2008
Garzón proíbe manifestação do 25.º aniversário do desaparecimento de Lasa e Zabala
O juiz da Audiência Nacional espanhola Baltasar Garzón decidiu vetar a manifestação prevista para hoje em Tolosa, por ocasião do 25.º aniversário do desaparecimento de Joxean Lasa e Joxi Zabala, que viriam a falecer como vítimas da guerra suja. O Movimento Pró-Amnistia apelou aos cidadãos para não desmobilizarem.
Reportagem: A cal viva não enterrou a guerra suja (cas)
Garzón, que agiu em conformidade com a solicitação da associação Dignidad y Justicia, destaca na sua resolução que a marcha foi convocada pelas Gestoras Pró-Amnistia e a Askatasuna, ilegalizadas pela Audiência Nacional espanhola e que estas têm todas as suas actividades suspensas.
O titular do Tribunal Central de Instrução número 5 adoptou esta decisão depois de requerer à Procuradoria que se pronunciasse sobre este assunto e de solicitar informação à polícia espanhola, à Guarda Civil e à Ertzaintza.
A convocatória está relacionada com o 25.º aniversário do desaparecimento de Joxean Lasa e Joxi Zabala, cidadãos bascos que morreram depois de sofrerem torturas brutais nas mãos dos GAL.
Apelo à mobilização
O Movimento Pró-Amnistia denunciou a “hipocrisia” que, na sua perspectiva, Baltasar Garzón evidencia com esta medida, depois de o magistrado se ter declarado competente para investigar os crimes do franquismo. “O franquismo utilizou os mesmos meios que foram utilizados para acabar com as vidas de Lasa e Zabala”, lembram em comunicado.
Assim, lembram também que ambos foram “sequestrados, brutalmente torturados e mortos, e que depois os fizeram desaparecer”.
“Fica claro que nos encontramos face a mais uma medida para apagar a memória histórica dos militantes bascos”, refere o Movimento Pró-Amnistia, que assegura que “lhes é necessário ocultar as principais referências de pessoas mortas pela repressão”.
Mas o Movimento Pró-Amnistia apelou aos cidadãos para que, amanhã, às 19h00, estejam presentes na praça do Triângulo de Tolosa, para assim se manifestarem e manterem viva a memória de Lasa e Zabala.
Para além disso, pediram ao lehendakari Juan José Ibarretxe que “não mande a polícia armada investir contra os cidadãos que queiram recordar as figuras de Lasa e Zabala”, para que, dessa forma, não se voltem a repetir as imagens de 21 de Junho de 1995, que mostram os familiares dos falecidos a serem espancados pela polícia autonómica quando se preparavam para enterrar os seus restos, em Tolosa.
Fonte: Gara