Num comício realizado em Donostia, largamente participado, a esquerda abertzale lembrou que o Estatuto de Gernika está “esgotado e morto”, tendo por isso pedido aos sectores independentistas e progressistas que “unam forças” em torno do direito à autodeterminação, de modo a “superar os limites da Constituição espanhola e a materializar a mudança política de que Euskal Herria necessita”.
Em nome de todos, Mariné Pueyo e Tasio Erkizia referiram que o objectivo do Estatuto foi “dividir Euskal Herria e proceder à sua assimilação no seio de Espanha”. Recordaram que o Estatuto “impediu e impede” as cidadãs e os cidadãos bascos de decidirem o seu futuro e que “condenou o euskara a ser uma língua de segunda”. “Foi usado para construir Espanha e destruir Euskal Herria”, sublinharam.
Criticaram também o posicionamento do PNV, por ter respondido “aos seus interesses e não aos deste povo” quando se alcançou o acordo em 1979. Para a esquerda independentista, isso implicou “uma terrível hipoteca para este país”.
Criticaram ainda a UPN e o NaBai, partidos que, juntamente com o PNV, são “grandes inimigos” da mudança política e têm “a tentação de repetir a mesma manobra política de há 30 anos, com o objectivo de perpetuar o actual marco”.
“No entanto, este povo há-de superar de uma vez por todas o actual estado de coisas, e os interesses do PNV e da direita espanholista navarra não podem voltar a constituir uma hipoteca para este país”, realçaram.
Para a esquerda abertzale, agora é “urgente superar o estado de negação e trazer a democracia para Euskal Herria”, sendo para tal imprescindível “derrubar o muro das constituições, superar o actual marco constitucional-autonómico e estabelecer um novo, que reconheça e articule Euskal Herria como nação e sujeito de decisão, e que abra as portas a todos os projectos políticos, incluindo o da independência”.
«Não é tempo para repetir erros históricos»
Nesse sentido, entendem que um dos desafios que se colocam a Euskal Herria é “passar desta situação de democracia zero para um cenário democrático”, já que “é isso o que deseja a imensa maioria deste país e, seguramente, também a maioria dos cidadãos que hoje estão a participar nas mobilizações entre Gernika e Vitoria [Gasteiz]”. *
Por isso, a esquerda abertzale insiste na afirmação de que “não é tempo para repetir erros históricos” e de “não deixar passar a possibilidade de uma mudança política”, “articulando essa maioria social e unindo forças de modo a evitar uma nova fraude e a tornar essa mudança incontornável”.
A sessão terminou com os presentes a entoarem o «Eusko Gudariak».
Fonte: Gara
* Convocados pela coligação governamental em Gasteiz (PNV, EA, EB) e pelo Aralar para o dia da não consulta, isto é, o dia em que era para acontecer a badalada consulta aos bascos de três herrialdes (Araba, Gipuzkoa e Bizkaia) promovida pelo lehendakari Ibarretxe, mas que foi impugnada há muito pelo Governo espanhol via Tribunal Constitucional. Ibarretxe prometeu uma Outubrada, de ‘Euskadi’ aos Urais, mas ficou tudo em águas de bacalhau e entre bons amigos, com cerca de 9000 pessoas, segundo umas fontes, ou 20 000, na voz dos promotores, a formarem palavras em euskara na via pública, entre Gernika e Gasteiz. E assim se revoltaram, ontem. Segue o fandango.