quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O pedido de oficialização ressurge em Nafarroa 22 anos depois da lei da língua basca


Passaram 22 anos desde que a Lei da Língua Basca impôs o chamado napartheid, e os últimos meses evidenciaram que nem sequer é possível reformar as zonas actuais. Neste contexto, vinte pessoas uniram-se a título pessoal numa dinâmica pela oficialização, que culminará com uma grande manifestação no dia 22 em Iruñea, e que espera aglutinar diversos colectivos e grupos euskaltzales.

O pedido de oficialização do euskara ressurge em Nafarroa com uma iniciativa plural que começou a andar no sábado passado. Na realidade, a denúncia da divisão do herrialde em três zonas linguísticas, imposta pela Lei da Língua Basca de Dezembro de 1985, nunca cessou, como demonstraram diversas mobilizações massivas, como a que juntou cerca de 25 000 pessoas em 2002. Contudo, nestes 22 anos, a norma manteve-se intacta e as consequências da ausência da oficialização estão à vista. Para citar um dado, recorde-se que o Kontseilua verificou recentemente que, seguindo ao ritmo actual, seriam precisos mais 834 anos para que o euskara chegasse a ser una língua conhecida por todos os cidadãos bascos.

Assim sendo, em Nafarroa, vinte pessoas que trabalham em diferentes âmbitos da sociedade juntaram-se à volta de um manifesto: «Euskaraz bizitzeko eskubidearen alde, ofizialtasuna orain!» [Pelo direito a viver em euskara, oficialização agora!]. É o eixo central de uma campanha que terá como principal expoente uma manifestação a 22 de Novembro na capital navarra, que partirá, às 17h00, dos cinemas Golem.

Os signatários destacam, nesse sentido, a necessidade de juntar mediante esta iniciativa “todos aqueles que defendam o direito a viver em euskara” e anunciam que o manifesto está aberto a novas adesões. Em concreto, entre os signatários há técnicos e professores de euskara, professores universitários, sindicalistas, desportistas, estudantes e representantes de associações que trabalham a favor do euskara, entre os que cabe destacar Paul Bilbao, director do Behatokia.

Obstáculos e restrições
No manifesto lembra-se que, desde que em 1985 a Câmara autonómica aprovou a Lei da Língua Basca, “se dividiu o herrialde em 3 zonas, violando os direitos linguísticos de todos os cidadãos navarros”. Assim, o documento recorda que resultados a lei: “Impossibilidade de estudar em euskara, multas, restrições às ajudas, impedimentos no momento de comunicar com a Administração... Em suma, uma longa lista de violações de direitos orientadas para nos impedir de viver na nossa língua, a lingua navarrorum”.

Nessa linha, os promotores realçam que, “onde a política linguística oficial colocou falsidade, obstáculos e restrições aos nossos direitos, a cidadania navarra e as pessoas euskaltzales colocaram trabalho e esforço, juntamente com alegria, imaginação e ganas de viver”. No texto destaca-se o trabalho dos numerosos colectivos e associações euskaltzales, graças ao qual o Executivo de Miguel Sanz “teve que retroceder e proceder a uma ou outra modificação” no respeitante ao tratamento para com o euskara.

Ainda assim, os promotores da iniciativa reclamam que os cidadãos navarros têm “o direito a viver em euskara no nossa terra, com total normalidade e plenamente” e, por tudo isso, advertem que “está na hora de defender uma nova política linguística e deixar para trás essa lei que parece una ferramenta violadora de direitos”. “A nossa língua necessita, impreterivelmente, de passos profundos e de grande alcance, se queremos passar da mera continuidade ao seu desenvolvimento e à sua recuperação”, afirma-se no texto, que incide na necessidade de aprovar uma nova lei baseada na oficialização “que garanta e fomente um processo de recuperação da lingua navarrorum.

Por isso, apelam a todos os navarros “que trabalhem por uma mudança profunda que garantia o futuro do euskara” no herrialde.

Asier VELEZ DE MENDIZABAL
Fonte: Gara