sábado, 25 de outubro de 2008

Proíbem o acto central do Independentzia Eguna, no dia da não-consulta


Hoje, dia 25 de Outubro, não haverá consulta. O tripartido e o Aralar substituem-na por seis concentrações. O PSOE explicará o seu posicionamento em Bilbau; a esquerda abertzale, em Donostia. Além disso, em Hernani celebra-se o Independentzia Eguna [Dia da Independência], cujo acto central foi vetado pelo tribunal excepcional espanhol, a Audiência Nacional.

O 25 de Outubro de 2008 que o Governo de Lakua apresentou como um dia para a História não vai ser assim. O Executivo de Ibarretxe não vai realizar a consulta prometida, facto pelo qual o Governo espanhol veio ontem mostrar o seu regozijo. Mas o dia dará lugar a um amplo debate político sobre a situação de Euskal Herria e o seu futuro, já que o PSOE, por um lado, e a esquerda abertzale, por outro, também farão a sua avaliação do momento actual. E em Hernani celebra-se o Independentzia Eguna.

Ontem à tarde, o juiz da Audiência Nacional espanhola Eloy Velasco proibiu, a instâncias do grupo de extrema-direita Dignidad y Justicia, o evento central convocado para as 20h00 na tenda grande, mas a convocatória mantém-se intacta, segundo fizeram saber os convocantes.
Outro tanto em relação a uma marcha prevista para Lesaka. O tribunal especial espanhol argumenta que ambas foram convocadas por organizações ilegalizadas.

Tudo isto ocorre no dia da não-consulta. Ontem, a vice-presidente do Governo espanhol, María Teresa Fernández de la Vega, congratulou-se com o facto de “a democracia ter funcionado: já dissemos que não se ia realizar, e temos uma Constituição espanhola e mecanismos legais que funcionam muito bem”.
O presidente do PNV, Iñigo Urkullu, confirmou que a sua intenção não foi a de criar um confronto à volta desta questão. Na ETB, defendeu a “desdramatização do totem da consulta” e o acordo orçamental PNV-PSOE, que foi fechado passando por cima do veto espanhol à consulta. Para Urkullu, não existe qualquer contradição.

Três encontros principais
Assim sendo, o tripartido e o Aralar limitar-se-ão a realizar seis concentrações a partir das 11h30, nas quais os seus simpatizantes formarão as palavras «Euskal», «Herria», «Bakea», «Bai», «Erabakia» e «Bai» em Gernika, Zornotza, Durango, Urkiola, Legutio e Gasteiz.

Nesta última, que irá decorrer na Praça dos Foros da capital alavesa, estarão os representantes do PNV, do EA, da EB e do Aralar, além de Juan José Ibarretxe e restante elenco governativo, juntamente com representantes institucionais e eleitos. Terminado o acto, por volta das 13h00 terá lugar a leitura de um manifesto intitulado «Hitz hitz, sí al pueblo vasco, sí a la paz, sí al diálogo político y sí al derecho a decidir».

Antes disso, às 12h00, a esquerda abertzale irá comparecer massivamente no Kursaal, em Donostia, para fazer uma avaliação da situação política actual. Essa tarefa estará a cargo Mariné Pueyo e Tasio Erkizia. Na quinta-feira, os independentistas acusaram o PNV de “enganar” a sociedade basca com o fetiche da consulta, que acaba por não se realizar.

Também Rafa Díez, ex-secretário geral do sindicato LAB, incidiu ontem nessa questão. Aos microfones da Herri Irratia, expôs que, após a iniciativa de hoje, o tripartido “está, oxalá me equivoque, no vaivém clássico do PNV, na estratégia de dar a entender e não concretizar”. Afirmou que “não se pode, numa mesma semana, combinar apoio orçamental para estabilizar o Estado e cadeia humana para exigir o direito a decidir ao mesmo Estado que nega a nossa existência”.

Em todo o caso e apesar de “a história se repetir", Díez congratulou-se com o facto de "terem muito menos margem para voltar a enganar a sociedade basca”. E defendeu que “existe um espaço soberanista, independentista que tem que assumir o seu protagonismo, dinamismo e capacidade de diálogo para condicionar a mudança política e evitar que alguns voltem a submergir o abertzalismo nos parâmetros constitucionais do unionismo espanhol”.
O PSOE também aproveitará a data simbólica de 25 de Outubro. Patxi López, líder do PSE, anuncia uma declaração para Bilbau, na qual irá reivindicar a vigência do marco actual.

Pichagens da Falange no campus de Gasteiz

Nas noites de quarta e quinta-feira, desconhecidos fizeram pichagens no campus da UPV em Gasteiz, apelando à concentração que a Falange organizou para esta manhã na capital alavesa. Nos arredores do campus universitário, e noutros pontos da cidade, também surgiram autocolantes ligados a este grupo de extrema-direita, cuja concentração está prevista para a Probintzia plaza, com autorização judicial.
A poucos metros dali, na Virgen Blanca, às 12h30, haverá uma outra concentração em sentido oposto, destinada a expressar a repulsa perante a visita deste grupo espanhol de extrema-direita.

Fonte: Gara


Ahaztuak pede aos cidadãos que expressem a sua repulsa perante a mobilização da Falange

A Ahaztuak 1936-1977, organização que reivindica a memória histórica democrática e antifascista de Euskal Herria, lançou um apelo à sociedade basca no sentido de manifestar a sua repulsa face à concentração que a Falange convocou para hoje em Gasteiz. “Este partido, o do sinistro emblema do jugo e das flechas, que foi quiçá o último que viram, bordado nas camisas dos seus assassinos, dezenas de milhares de cidadãos antes de serem assassinados, é o que estará no sábado em Gasteiz, com essa mesma simbologia”, lembra a Ahaztuak em comunicado.

Fonte: Gara

Ver comunicado da Ahaztuak1936-1977

Ver apelos à mobilização e mostras de solidariedade antifascista em SareAntifaxista