domingo, 12 de outubro de 2008

Menchú frente a Ibarretxe: «Nenhum povo alcança os seus direitos se não lutar»


Juan José Ibarretxe aproveitou a visita de Rigoberta Menchú a Arantzazu para atacar a ETA. Entretanto, a Prémio Nobel da Paz disse que “nenhum povo pode alcançar os seus direitos se não lutar».

Juan José Ibarretxe proferiu ontem, no santuário de Arantzazu, algumas declarações contra a ETA, durante a cerimónia de entrega a Rigoberta Menchú e ao representante do Alto Comissariado para os Direitos Humanos das Nações Unidas, Elio Tamburi, do texto promovido por Lakua por ocasião do 60.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Homem.
Na sua intervenção, Ibarretxe considerou que “está bem que reclamemos que todas as pessoas, e também as pessoas detidas, inclusive as encarceradas por terem cometido terríveis delitos, têm direitos humanos”, mas matizou que “não podemos olhar para o lado quando nesta sociedade se praticam crimes horrendos como os que continuamos a viver por parte da ETA”.

A Prémio Nobel da Paz, por seu lado, afirmou que “os direitos têm que ser conquistados” e que “nenhum povo pode alcançar os seus direitos se não lutar; não se pode mudar a sociedade se os cidadãos não se sentirem parte da mudança”.

Neste sentido, realçou a importância de “humanizar a humanidade” para poder "dar vida a todos esses instrumentos internacionais que existem para fazer frente à violação dos direitos humanos”.

Elio Tamburi realçou os avanços realizados em matéria de protecção de direitos humanos, mas precisou que “ainda restam muitos desafios” neste campo. Entre eles, citou “a pobreza, o ressurgimento do racismo e a persistência de violações de direitos económicos e sociais em todo o mundo”.

No seu discurso, Ibarretxe também defendeu uma mudança na ordem mundial, por entender que a actual está caracterizada pela “soberba”.
“Que outra coisa foi, senão a soberba, o que nos conduziu à guerra do Iraque e ao confronto de culturas, o que nos leva na Europa a tratar os emigrantes como gado? Que outra coisa foi, senão a soberba, o que possibilitou que o Governo espanhol e vários partidos, como o PP e o PSOE, nos dissessem que não podemos dar a nossa opinião a 25 de Outubro?”, questionou-se.

A tortura, «desprezível»

No documento promovido pelo Governo de Lakua e assinado por personalidades do mundo da cultura e da sociedade basca, diz-se que os direitos humanos são “indivisíveis e universais”, expressa-se a solidariedade com todas as vítimas, proclama-se que “nem uma causa política ou ideológica, nem a razão de Estado legitimam a violação do direito à vida” e qualifica-se como “desprezível” a tortura.
No entanto, Lakua não menciona os corpos policiais que a praticam no Estado espanhol, como o denunciaram organizações internacionais.

Fonte: Gara