quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Lasa e Zabala: 25 anos depois


Na noite de 15 para 16 de Outubro de 1983 desapareceram da localidade onde residiam os jovens tolosarras Joxean Lasa e Joxi Zabala. Começava assim a funcionar a trama orquestrada a partir do Governo do PSOE, com a implicação do aparelho de Estado e o consentimento do Governo francês, para combater o independentismo basco, por mais que a justificassem no contexto da “luta contra o terrorismo”. Sequestros e atentados indiscriminados suceder-se-iam durante vários anos, com um saldo de 27 mortos e inúmeros feridos. Era a defesa do Estado “desde as cloacas”, como a denominou o primeiro-ministro espanhol naqueles anos.

Os GAL foram o paradigma do terrorismo de estado, e o desaparecimento de Lasa e Zabala foi-o na sua forma de actuação, uma vez que implicou o sequestro, o tormento da tortura e a morte. Tudo isso, sob a protecção da impunidade. 25 anos depois, o conflito que opõe Euskal Herria aos dois estados que a administram prossegue nos mesmos moldes de confrontação. A chamada luta contra o terrorismo continua a sê-lo contra o independentismo basco, com o mesmo propósito de anular esse sector com decisões impróprias de um Estado de Direito, mas justificadas pelo selo judicial; com o mesmo partido que, governando em Madrid, organizou os GAL; e com o mesmo partido, à frente do Governo de Lakua, cuja polícia sequestrou os féretros dos dois jovens no seu enterro e agrediu os familiares e demais assistentes ao acto de homenagem.

Passam 25 anos sobe o desaparecimento de dois jovens bascos que, como se haveria de saber doze anos depois, foram torturados de um modo indescritível e mortos por quem tinha encomendada a missão de respeitar e fazer respeitar os direitos dos cidadãos – e se é verdade que alguns deles foram julgados 17 anos depois, num dos raríssimos casos de terrorismo de estado que chegaram aos tribunais, hoje encontram-se em liberdade. Dois desaparecidos não no seio de uma “ditadura sul-americana”, mas num estado europeu que se reivindica democrático. O mesmo que continua a oferecer impunidade e a evitar o apuramento de responsabilidades.

Fonte: Gara

Ver também, em castelhano: «A cal viva não enterrou a guerra suja», de Ramón Sola