quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Sueskun, Araguas e Azkona denunciam maus tratos e declarações forjadas sob tortura

Gorka Sueskun, Iker Araguas e Ibai Azkona, detidos na semana passada em Iruñerria [comarca de Pamplona], revelaram que foram alvo de torturas e maus tratos durante o período em que permaneceram sob incomunicação às mãos da polícia espanhola. Espancamentos por todo o corpo e a aplicação do “saco” são alguns dos tormentos que relataram na presença do juiz. Outros quatro jovens continuam sob incomunicação, e a preocupação perante o seu “estado” aumenta. Está agendada uma manifestação para sábado, entre Iturrama e Donibane.

Para denunciar as detenções, haverá uma manifestação no sábado (eus)

Gorka Sueskun, Iker Araguas e Ibai Azkona foram mandados para a prisão pelo juiz Fernando Grande-Marlaska no sábado passado, mas só ontem lhes foi levantada a incomunicação.

Ao contactarem com os seus advogados e familiares, os jovens puderam relatar os maus tratos e as torturas que sofreram nas mãos da polícia. E agora o Movimento Pró-Amnistia veio comunicar essas denúncias.

De acordo com estes relatos e com as denúncias que efectuaram ao próprio Grande-Marlaska, as primeiras ameaças e espancamentos, no caso de Iker Araguas e Ibai Azkona, começaram logo na esquadra, para onde foram levados depois de serem detidos – às 22h00 e às 22h15, respectivamente.

Durante a transferência para Madrid, obrigaram-nos a fazer toda a viagem numa posição forçada e, no caso de Gorka Sueskun, colocaram-lhe um saco na cabeça e bateram-lhe. A Ibai Azkona, obrigaram-no a manter a cabeça entre as pernas durante todo o trajecto. Houve uma altura em que os seus captores pararam o carro, para lhe esticar e apertar os testículos.

Enquanto estiveram detidos – quatro dias – a luz do calabouço manteve-se acesa, e ouvia-se um ruído perturbador. Também os obrigaram a olhar para o chão, ininterruptamente.

Os interrogatórios, de acordo com as denúncias, foram bastante longos e, no final, obrigaram-nos a fazer declarações policiais. Bateram-lhes com as mãos, sobretudo na cabeça, nos testículos e no estômago. Além disso, obrigaram-nos a fazer flexões e outros exercícios físicos. Puxaram-nos pelo cabelo. E aplicaram o “saco” a todos os três. No caso particular de Azkona, houve uma altura em que, como não aguentasse mais, tentou romper o saco, tendo-lhe então os captores atado as mãos atrás das costas. A Iker Araguas, o saco deu-lhe vontade de vomitar, mas conteve-se, perante a ameaça de engolir o que vomitasse.

A isto, há a juntar as ameaças e as pressões que sofreram, relacionadas com as suas famílias, e também a de que lhes aplicariam eléctrodos.

Sueskun, Azkona e Araguas fizeram a declaração policial como lhes ordenaram os agentes, que depois deixaram de os incomodar tanto. Na presença do juiz, todos revelaram que foram obrigados a subscrever as declarações e que o fizeram sob tortura. Azkona e Araguas também o relataram ao médico forense da Audiência Nacional espanhola. Iker Araguas tinha sido operado a uma hérnia discal há cerca de um ano.

Fonte: Gara e Gara