sexta-feira, 3 de outubro de 2008

O futuro está na independência

Se não perdoam aos reformados que reclamam a independência entre achaques da próstata, como vão conceder margem de manobra ao sector mais pujante do nosso povo? São a expressão mais eloquente de que o sistema fracassou.

Na altura em que as fogueiras de São João anunciavam o começo do Verão, os jovens independentistas bascos apresentaram a campanha de sensibilização a que se iam dedicar durante os meses seguintes: «Herri bat piztera goaz. Etorkizuna independentzia» (Vamos dinamizar o nosso povo. O futuro está na independência).

Termina o Verão e a sua crónica confirma que a juventude independentista cumpriu a sua parte. Foram numerosas as iniciativas sociais e políticas em que participaram como agentes insubstituíveis. Verificamos diariamente a sua capacidade criativa, a sua abnegação, a sua força incentivadora, a sua disciplina – por vezes, um tanto espartana (como esquecer o Gazte Topagune de Lezo, realizado no meio de vento e granizo?). Em relação à campanha estival a que faço referência, «piztera goaz...», a sua presença foi variada em diversos cenários. Há alguns meses, Moira Millan, uma dirigente mapuche, visitou Euskal Herria e ficou impressionada com o dinamismo da nossa juventude mesmo em tempos de severa repressão. “Os jovens são fortes e não se deixam silenciar, fazem ouvir palavras de ordem em euskara, denunciam a repressão na sua música, tomam as ruas exigindo a libertação, marcham, criam, amam, interpelam e propõem, os jovens e as jovens euskaldunes são compromisso e paixão”.

Tanta energia não pode deixar de causar algum impacto também nos nossos opressores: se novos contingentes se incorporam no movimento soberanista, não terão outro remédio senão negociar alguma saída para o conflito. Eis a razão por que a juventude organizada está na mira do imperialismo franco-espanhol. Com uma regularidade que se tornou cíclica, desencadeiam razias sucessivas contra a juventude mais comprometida: Nafarroa Beherea, Donostia, Gasteiz, Burlata, Uribe Kosta, Oarsoaldea, Iruñerria... São já tantos os ataques e tão reiterados os seus pretextos!... Não é a kale borroka o que os preocupa mas a herri eraikuntza [construção popular]. Uma juventude que hoje mostra capacidade para se organizar bem amanhã poderia organizar o seu povo; a construção nacional é um facto em cada uma das parcelas ganhas ao centralismo. Na sua lógica dominadora, é lógico que agridam esta rapaziada com fúria. Se não perdoam aos reformados que reclamam a independência entre achaques da próstata, como vão conceder margem de manobra ao sector mais pujante do nosso povo? São a expressão mais eloquente de que o sistema fracassou: nem o ensino domesticador, nem os meios de comunicação manipulados, nem a repressão intimidante conseguiram assimilá-los.

Depois da razia de Oarsoaldea, um jovem declarava: “reiteramos uma vez mais que não conseguiram nem hão-de conseguir dissuadir-nos”. Josu Muguruza, conhecedor próximo da repressão imperialista, já o intuía na prisão, em 1987: “Temos um enorme caudal que não deixa de parir força, resistência e vontade. Se nestas condições de dureza estamos a ser capazes de viver, de procurar alegria, de sentir prazer, de estar seguros de nós mesmos, de não perder o norte, de continuar a amar e ao mesmo tempo lutar, como não vamos ganhar?”.

Jesus VALENCIA
educador social

Fonte: Gara